"BALAIO MEU, BALAIO DE OPINIÃO”: Uma vivência para compartilhar múltiplas experiências de vida, sociabilidade e saúde.

  • Author
  • Ticiana Osvald Ramos
  • Co-authors
  • Mary Lúcia Souto Galvão
  • Abstract
  • O “Balaio de memórias” surgiu como estratégia metodológica em atividades extensionistas e de pesquisa com caráter participativo em comunidades populares e tradicionais.  Trata-se de intervenção dinâmica voltada para o despertar do diálogo, a rememoração de trajetórias pessoais, o vislumbre de representações e a produção de sentidos a partir de um elemento bastante comum no universo da cultura popular baiana: o balaio. O balaio pode ser apresentado como um cesto de fibras naturais, mais largo do que alto, utilitário muito presente nas feiras, ruas e manifestações da religiosidade e tradições do Recôncavo, com finalidade de armazenar e transportar, colocar coisas. Assim, é apresentado ao coletivo um balaio cheio de elementos ricos em possibilidades interpretativas e cada pessoa oferta sua contribuição dinamizando o balaio com suas experiências de vida, “enchendo” ou “tirando”. Nesta vivência, a proposta é “tirar” ou “colocar” “coisas” que se desdobram em narrativas, memórias, representações e sentidos: do balaio físico para o balaio simbólico. Assim, desejamos relatar experiências com a vivência, compartilhando o contexto de surgimento, princípios e elementos conceituais e teóricos que a inspiram, bem como oferecer ao público os elementos práticos básicos originários para sua realização. Os princípios norteadores que sustentam a criação e realizações dessa vivência estão alinhados com as perspectivas da: Educação Popular Freiriana, Interdisciplinaridade, Interculturalidade e decolonialidade/contracolonialidade dos saberes, valorizando principalmente as dimensões da criatividade, ludicidade, cultura oral, corporeidade, parte também dos valores civilizatórios afro-brasileiros. As conversas em torno do Balaio adquirem caráter de partilha e evocam para muito além de capacidades cognitivas: envolvem as emoções dos agentes, seus afetos, corpos e posturas éticas diante da diversidade dos posicionamentos, produzindo assim “confluências”, baseadas nas trajetórias individuais e coletivas e na condição de circularidade dos povos e comunidades orgânicas, como aponta Mestre Nego Bispo. O compartilhar dos saberes é parte, o exercício da escuta dos outros e de si é condição necessária.O balaio de memórias se apresenta como ferramenta de altas potencialidades, podendo servir a fins variados: pesquisa-ação, mobilização grupal (pode ser utilizado em  grupos focais ou em etapa exploratória), em atividades comunitárias (para possibilitar a aproximação e estreitamento de vínculos ou mobilizar temáticas). As experiências do balaio de memórias, embora atravessadas pela diversidade, costumam compor um complexo mosaico, um universo circunscrito no tempo e espaço que é vivenciado coletivamente, com uma conformação única, mas que pode apresentar diversas possibilidades de trocas. Tais trocas,  compõem um todo, como na colcha de retalhos ou nas tramas da cestaria.

  • Keywords
  • Extensão, Metodologia participativa, Vivência
  • Subject Area
  • EIXO 4 – Controle Social e Participação Popular
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