Este trabalho relata a trajetória de uma programa de extensão desenvolvido no Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB e pretende contribuir com o registro e a promoção de conhecimentos e práticas com plantas medicinais no município de Santo Antônio de Jesus - Bahia, bem como de representantes comunitários implicados, como mestras e mestres de saberes tradicionais e populares, agentes comunitários de saúde, membros de comunidades escolares, entre outros. O projeto, iniciado no final de 2019, inclui ações de mapeamento dos atores sociais envolvidos com o tema, formação de redes de compartilhamentos de saberes, realização de oficinas de compartilhamento de saberes, implantação e manutenção de Jardins Medicinais em áreas comunitárias, como estratégias de resgate, multiplicação e valorização de saberes e práticas relacionados a plantas medicinais. A metodologia de trabalho é baseada na educação popular de base freireana, por meio de estratégias como rodas de conversa e oficinas participativas. Em aproximadamente quatro anos de trabalho, calculamos cerca 124 participantes de públicos e atividades diferenciadas, 3 apoios em editais e 3 jardins agroflorestais medicinais plantados no município. Em relação aos objetivos propostos, ocorreu um avanço significativo, contribuindo para a difusão da Agroecologia e da promoção de práticas e saberes sobre plantas medicinais, atestando que a temática, no âmbito da educação, saúde e ambiente, oportuniza a provocação de mudanças necessárias (em direção à equidades e regeneração ambiental), a valorização dos povos e comunidades originárias e dos saberes em pluralidade epistêmica. As atividades são promotoras do cuidado, autocuidado, saúde e qualidade de vida, a partir de encontros geracionais, tendo vivências práticas como disparadoras, o que contribui para o reconhecimento da integralidade dos seres como corpos físicos também dotados de emoções, sensações, beleza e relações éticas. Entre as potencialidades do projeto identificamos o grande interesse público pelo tema, a frequente familiaridade das pessoas (sempre há uma memória a se compartilhar), a riqueza para relações com ciências, a necessidade generalizada de meios acessíveis no cotidiano para o bem estar e qualidade de vida, bem como o potencial integrador do tema e seus desdobramentos em atividades de ensino, pesquisa e extensão. Existem aprimoramentos importantes a se fazer, para a superação de desafios como: da comunicação em tempos virtuais, dos efeitos da pandemia do Covid-19 e do processo político do país nos últimos anos de recrudescimentos anti-democráticos, a necessidade de recursos para manutenção e expansão das ações; maior integração de mestres e mestras com possibilidades de reconhecimento mais efetiva, a construção de uma rede de atores implicados no município e região e o engajamento em médio e longo prazo de participantes.