RESUMO
Introdução: No Brasil, as atividades de prevenção e controle das arboviroses vêm sendo baseadas na estratégia de gestão integrada, nas quais os atores centrais são o agente de combate às endemias (ACE). O presente trabalho retrata a experiência de acadêmicos de medicina no acompanhamento das atividades dos ACE em uma comunidade na região centro-sul de Belo Horizonte. Nesse âmbito, destaca-se a crucial relevância desses profissionais em áreas urbanas vulneráveis, onde a interação entre humanos e animais pode intensificar os riscos de transmissão de doenças. Além de sua atuação direta na contenção dessas enfermidades, os agentes desempenham um papel fundamental na conscientização da população, na promoção de práticas higiênicas e na construção de comunidades mais saudáveis e resilientes diante dos desafios epidemiológicos enfrentados. Objetivo: Relatar a experiência de acadêmicos de medicina de uma instituição privada na realização de visitas domiciliares com os agentes comunitários de endemias. Métodos: Inicialmente, em um encontro, o grupo de acadêmicos foi dividido entre três agentes comunitários de endemias para realizar 10 visitas domiciliares, sendo que cada um deles ficava responsável por uma microárea da comunidade. A movimentação dos profissionais ocorre em conjunto pelo território, seguindo a ordem das casas de uma mesma rua. Durante o trabalho, os principais materiais utilizados foram: pastilhas para combate de larvas em locais de água parada; pequenas tabelas para o controle das moradias visitadas; e cartões fixados nos portões para identificar as datas de averiguação. Assim, o principal objetivo dos agentes é identificar regiões de risco em meio à comunidade para contribuírem com tratamentos biológicos e químicos contra vetores endêmicos, como o mosquito Aedes aegypti, transmissor de arboviroses, e os roedores. Posteriormente, caso os profissionais rastreiem animais infectados, poderão realizar pequenos tratamentos ou, em casos extremos, acionar a Vigilância Sanitária e Ambiental. Resultados: Observou-se uma grande aceitação por parte dos moradores em relação às intervenções dos agentes. O envolvimento dos estudantes na comunidade, através de conversas para conscientização sobre as formas de transmissão das arboviroses, os cuidados com animais de estimação e a importância de buscar atendimento na Unidade Básica de Saúde em caso de sintomas, também foi de extrema relevância. Somado a isto, notou-se uma disparidade na limpeza das residências, com algumas apresentando acúmulo elevado de lixo e entulho, o que causa conflitos entre vizinhos e favorece a propagação de doenças. As visitas contribuíram para disseminar informações sobre medidas básicas de prevenção contra zoonoses e para controlar as áreas já afetadas. Conclusão: A experiência de acompanhar a rotina dos agentes de combate às zoonoses foi fundamental para o reconhecimento, por parte dos acadêmicos, da vulnerabilidade e da desinformação presentes na comunidade. O envolvimento da comunidade com os estudantes foi benéfico para todos os envolvidos. Essa iniciativa destaca a relevância de ações sociais sobre os desafios enfrentados pelas áreas periféricas, visando aprimorar a qualidade de vida em regiões com deficiências em saneamento básico e coleta de lixo. Portanto, a continuidade das atividades educativas promove a conscientização sobre medidas preventivas, ajudando a criar um ambiente menos suscetível ao surgimento de doenças.
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