Introdução: A promoção da saúde no âmbito escolar parte de uma visão integral e multidisciplinar do ser humano, que considera as pessoas em seu contexto familiar, comunitário, social e ambiental. Assim, as ações de promoção de saúde visam desenvolver conhecimentos, habilidades e destrezas para o autocuidado da saúde e a prevenção das condutas de risco em todas as oportunidades educativas; bem como fomentar uma análise sobre os valores, as condutas, condições sociais e os estilos de vida dos próprios sujeitos envolvidos. Objetivo: Relatar a experiência de acadêmicos de medicina de uma instituição privada no desenvolvimento de atividades lúdicas e educativas como estratégia de promoção da saúde em uma escola estadual de uma comunidade na região centro-sul de Belo Horizonte. Método: Inicialmente, a diretora da escola identificou necessidades específicas entre os alunos do 3º e 4º anos, de 8 a 10 anos, como a compreensão do próprio corpo e do corpo do outro, bullying e sexualidade, direcionando, então, o planejamento de três atividades para um total de 42 alunos. Logo, no primeiro encontro, foi realizado um jogo de associação entre órgãos do corpo humano e suas funções, seguido de uma atividade de quebra-cabeça sobre o mesmo tema. Esse enfoque inicial permitiu que as crianças obtivessem uma melhor noção sobre o próprio corpo, preparando-as para discussões posteriores sobre o corpo do outro. Na segunda atividade, foi exibido um vídeo sobre bullying, seguido por um jogo de tabuleiro que abordava o respeito ao próximo. Ao final dessa atividade, as crianças fizeram um pacto de respeito mútuo, marcando suas digitais em uma cartolina como compromisso. Sobre a sexualidade, uma atividade foi desenvolvida para ensinar às crianças onde elas poderiam ou não ser tocadas por outras pessoas, promovendo a compreensão dos limites pessoais e o respeito ao corpo alheio. As atividades foram planejadas para serem passadas de forma lúdica, tornando o aprendizado mais envolvente e acessível. Resultados: Houve grande adesão por parte das crianças, que participaram ativamente e demonstraram interesse nos temas abordados. Observou-se uma carência afetiva significativa entre algumas crianças, que frequentemente buscavam abraços e proximidade física com os acadêmicos. Além disso, foi percebida uma heterogeneidade no nível de aprendizado; algumas crianças não sabiam ler, o que exigiu adaptações nas atividades para garantir a inclusão de todos. As atividades contribuíram para aumentar a conscientização das crianças sobre o respeito ao próprio corpo e ao corpo dos outros, a importância de evitar e denunciar o bullying, e a compreensão dos limites pessoais. Conclusão: A experiência de realizar atividades educativas com crianças em situação de vulnerabilidade mostrou-se extremamente enriquecedora para ambas as partes. As crianças demonstraram um forte interesse e engajamento nas dinâmicas, e os temas abordados atenderam às demandas específicas identificadas pela diretora da escola. Esta iniciativa evidencia o papel crucial da realização de projetos que visem a promoção de um ambiente escolar mais inclusivo e respeitoso, especialmente em comunidades vulneráveis. A continuidade e adaptação dessas atividades são essenciais para atender às necessidades diversificadas das crianças, contribuindo significativamente para seu desenvolvimento pessoal e educacional.