Introdução: A mortalidade neonatal é compreendida nos primeiros 28 dias de vida, em que dada a vulnerabilidade na vida da criança, concentram-se como fatores de risco aspectos biológicos, ambientais e socioeconômicos, o que exige a implementação cuidados integrais e qualificados. Embora tenha ocorrido um grande avanço em relação aos cuidados neonatais no último século, a mortalidade neonatal ainda permanece elevada e de difícil redução em muitos lugares, a exemplo da América Latina e do Caribe, que em 2020, entre a quantidade de mortes de crianças abaixo de cinco anos, 56% foram óbitos neonatais, seguido da América do Norte com 54%, e 47% em todo o mundo. Com isso, entende-se a importância da assistência pré-natal e das ações de prevenção e promoção da saúde materna e infantil, aliado aos cuidados nas unidades neonatais e na sala de parto, na finalidade de diminuir esses quantitativos. Nesse intuito, vale destacar os avanços na saúde ocorridos no Brasil proporcionados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como a implantação da Rede Cegonha em 2011, na busca de melhorar o acesso, instigando recursos necessários para os serviços ofertados ao público materno-infantil. No entanto, pela recorrência elevada dos casos de morte entre os neonatos, infere-se que falhas ainda persistem, sendo importante identificá-las e trazê-las à discussão a fim de contribuir para sua diminuição. Objetivo: Analisar os determinantes relacionados com a mortalidade neonatal, relacionando com os impactos e a importância da Rede Cegonha nas variáveis do recém-nascido. Metodologia: Trata-se de uma Revisão de Literatura sobre a Mortalidade neonatal e o impacto da Rede Cegonha nas variáveis do Recém-Nascido, com busca de artigos na Plataforma Biblioteca Virtual em Saúde, com os descritores “mortalidade neonatal AND determinantes de saúde”, “sistema único de saúde AND neonato” e “rede cegonha”, nas bases de dados MEDLINE, LILACS e BDENF, nos idiomas Inglês, Português e Espanhol. Os critérios de inclusão referem-se a artigos completos, gratuitos, cujo conteúdo contemplasse o objetivo deste estudo e atuais dentro do prazo dos últimos cinco anos, período de 2019 a 2024. Os critérios de exclusão foram todos aqueles que não se adequaram a todas as demandas anteriormente citadas. Resultados: A partir das buscas foram disponibilizados 978 artigos, dentro dos critérios de inclusão, sendo excluídos 970 materiais. Diante da leitura e análise dos resultados dos 8 artigos selecionados, nota-se que a mortalidade neonatal precoce está intrinsecamente ligada a falhas da assistência durante o pré-natal, ou seja, a falta, a desorganização, inacessibilidade, desigualdade e deficiência nos atendimentos que culminam em complicações para o binômio mãe e filho. As evidências apontadas pelos estudos que compuseram a Revisão de Literatura sinalizam a relação existente entre a assistência e a mortalidade neonatal, a necessidade de avaliar as condições de assistência à saúde e os atendimentos realizados, divulgação de dados relativos à mortalidade neonatal e os impactos da estratégia da Rede Cegonha que auxiliaram a redução da mortalidade evitável entre os recém-nascidos, associadas a melhoria da qualidade do pré-natal. Nesse sentido, um estudo realizado em abril de 2017 a julho de 2018, baseado na coleta de dados por meio de entrevistas com mulheres puérperas internadas em maternidades do Estado do Ceará, objetivou analisar a relação entre os indicativos de uma assistência qualificada no pré-natal com os desfechos na saúde dos recém-nascidos, entre as variáveis analisadas para assistência, destaca-se o início do pré-natal e o profissional que o realizou, imunização no período gravídico, número de consultas, sorologia para sífilis e HIV, estratificação de risco e complicações na gestação, por outro lado, para os desfechos neonatais foram prematuridade espontânea, baixo peso ao nascer, suporte ventilatório, entre outros .Os resultados mostraram notáveis diferenças nas variáveis da assistência e desfechos neonatais entre as maternidades das macrorregiões analisadas, chegando as seguintes informações: relação entre o menor número de consultas com a prematuridade e o baixo peso ao nascer, elevado risco gestacional e a não realização de parto na maternidade de residência da puérpera vinculado ao suporte ventilatório e ao baixo peso ao nascer. Outro estudo, desta vez dirigido no Estado de Goiás, buscou traçar o perfil de óbitos infantis aos menores de cinco anos de idade, no ano de 2015, levando ao conhecimento de que, quanto aos óbitos neonatais precoces, a maioria aconteceu devido a neoplasias, malformações, doenças infecciosas e parasitárias e mais condições que, trazem a reflexão acerca da necessidade de rever as atuais condições dos serviços de saúde e do atendimento profissional. Mais uma pesquisa sobre mortalidade neonatal foi realizada, porém em Pernambuco, investigando o número de mortes nas primeiras 24 horas de vida e os nascidos vivos, no período de 2000 a 2021 no Estado, a partir disso evidencia-se que no primeiro dia de vida cerca de 14.462 crianças vieram a óbito. Em mais um estudo, foi verificado que de 2000 a 2018, em todo o Brasil, a taxa de mortalidade neonatal evitável obteve redução considerável nesse espaço de tempo, mas que ainda sim, são taxas altas se comparados a outros países, vale destacar que, apesar do comparativo, essa mudança no contexto brasileiro se deve aos impactos positivos das transformações nos cenários políticos e socioeconômicos, com a implantação de programas sociais, tal qual a Rede Cegonha, que ao longo do tempo vem se mostrando indispensável, haja vista que essa queda da mortalidade deve-se a atenção dada a mulher na gravidez, o cuidado ao feto e ao neonato e a positiva atenção a mulher no parto . Assim sendo, a enfermagem como profissão participativa de todo o processo que envolve a vida desde a gestação, tendo em mente todo o conhecimento destacado sobre a temática, torna-se capacitada a trazer planos de intervenção mais eficientes, métodos educativos para a informatização, especialmente para as mães, além da tomada de decisões mais coerentes. Considerações finais: Diante disso, entre todas as possíveis causas contribuintes para a mortalidade neonatal, a baixa qualidade da assistência durante o pré-natal, e inclusive, após o nascimento, pode ser considerada um fator de risco a vida do recém-nascido, por isso, é substancial que haja em toda a equipe multiprofissional ,e aqui , inclui-se a enfermagem, o compromisso com os pacientes, seja pela promoção de atividades preventivas, a exemplo de práticas educativas que deem ênfase a importância do pré-natal e aos cuidados obstétricos, acompanhamento efetivo do crescimento e desenvolvimento, especialmente no primeiro ano de vida, imunização, incentivo ao aleitamento materno, orientar a mãe e família, esclarecendo eventuais dúvidas e avaliação da neuropsicomotricidade. Somado a isso, é imprescindível o amparo da Rede Cegonha durante esse processo, cuja complexidade exige atenção humanizada a mulheres e a recém-nascidos, assim como o atendimento especializado, sendo necessário que os desafios e a superação das lacunas existentes dentro das dinâmicas dos serviços e a organização dos acessos sejam bem sucedidos.