Apresentação
O padrão alimentar de crianças escolares vem sendo marcado por um aumento no consumo de alimentos ultraprocessados e diminuição do consumo de alimentos in natura, constituindo um importante fator que interfere no atendimento às demandas nutricionais e no interesse da criança por alimentos frescos. Nesse contexto, no primeiro semestre de 2024, o Internato de Nutrição em Saúde Coletiva, desenvolvido em parceria entre uma universidade pública do estado e a rede municipal de saúde do Rio de Janeiro, tem realizado junto à equipe e-multi ações de promoção à saúde em um grupo de alimentação e nutrição para as crianças dentro de uma Clínica da Família (CF), tendo como norteador o Guia Alimentar para a População Brasileira. Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência das atividades desenvolvidas em um grupo de educação em saúde para crianças e a sua contribuição na formação das discentes.
Método
Os encontros do grupo ocorrem na CF, onde as práticas educativas são desenvolvidas com crianças, preferencialmente de 5 a 12 anos, a cada quinze dias. Foram relatadas atividades ocorridas entre março e maio de 2024. As atividades foram lúdicas e abordaram a importância do consumo de alimentos in natura como base da alimentação, um consumo consciente de alimentos processados e os riscos dos ultraprocessados, relacionando possíveis prejuízos que esses podem causar à saúde.
Resultados
No período relatado, foram realizadas 4 práticas educativas com o total de 24 participantes, abordando as seguintes temáticas: consumo de sucos e frutas, quantidade de açúcar em ultraprocessados, aproveitamento integral e nível de processamento dos alimentos. A avaliação das atividades foi realizada a partir da participação e opinião das crianças sobre a atividade desenvolvida. Foi observado que a interação é melhor quando os participantes se envolvem de forma mais ativa, sobretudo com uso de vivências culinárias e jogos. A maioria das crianças apresentaram mais interesse em participar e experimentar os alimentos, quando o comer/ beber fazia parte da atividade. No geral, os participantes relataram comer frutas e demonstraram compreender a importância do consumo dessas, no entanto, frequentemente consumiam alimentos ultraprocessados nos lanches e relataram resistência no consumo de hortaliças.
Considerações finais
As práticas educativas possibilitam que as crianças conheçam novos alimentos e preparações culinárias e reforçam as orientações do Guia Alimentar para a População Brasileira viabilizando a associação entre comer saudável e saúde. Neste sentido, as experiências vividas no grupo podem impactar não apenas a criança, mas toda a família, influenciando positivamente nos hábitos alimentares e promovendo um estilo de vida mais saudável à comunidade. Além disso, a participação no grupo oportunizou às discentes experiências de cuidado e Educação Alimentar e Nutricional com o público infantil possibilitando a compreensão das potencialidades e limitações desse grupo e a importância das equipes e-multi na atenção primária à saúde na promoção da alimentação adequada e saudável.