“Essa criança não come”: desdobramentos sobre o papel do adulto mediador na oferta das refeições

  • Author
  • Natália Campos Maione
  • Co-authors
  • Bárbara Galvão Knust , Kelly Cristine Oliveira Gonzaga , Cláudia Valéria Cardim da Silva , Amanda da Silva Franco , Juliana de Bem Lignani
  • Abstract
  • INTRODUÇÃO 

    O padrão alimentar de crianças vem sendo marcado pelo aumento no consumo de alimentos ultraprocessados e diminuição do consumo de alimentos in natura, interferindo no interesse da criança por alimentos frescos desde os primeiros anos de vida. O Programa de Saúde na Escola (PSE), ao adotar as orientações propostas pelo Guia Alimentar para a População Brasileira, tem contribuído com práticas promotoras da alimentação saudável nos ambientes educacionais. O Internato de Nutrição em Saúde Coletiva, desenvolvido em parceria entre uma universidade pública do Estado e a rede municipal de saúde do RJ, tem realizado ações de promoção à saúde em creches públicas em territórios de alta vulnerabilidade social.

     

    OBJETIVO

    Relatar a experiência de uma ação do PSE objetivando a melhoria da aceitação  de alimentos e preparações em crianças com dificuldades de aceitação alimentar em uma creche pública localizada em um território de saúde no município do Rio de Janeiro.

     

    MÉTODO

    A partir da demanda da creche, a equipe fez a primeira visita para observar o local, conversar com a gestão e profissionais, além de observar o momento da refeição das crianças para um melhor entendimento do contexto. Intervenção: A) Profissionais e responsáveis: foi desenvolvida uma prática que visava a sensibilização quanto a forma com que as refeições eram oferecidas a partir da degustação de uma preparação em dois momentos. B) Crianças com dificuldades na alimentação: foi realizada uma “Oficina de Sabores”, onde puderam ter contato com frutas e legumes variados.

     

    RESULTADOS

    Nas atividades realizadas com os educadores (n=21) e responsáveis (n=5) foi oferecido, num primeiro momento, canapés com uma pasta de abacate. Em seguida, cada um tinha 3 segundos para comer e, posteriormente, relatar o que achou da experiência. Logo depois, o processo foi repetido sem cronômetro, dando tempo para as pessoas comerem, observarem e cheirarem o alimento antes de consumirem. A abordagem teve como finalidade trazer a experiência de provar algo com sabor pouco usual de duas maneiras - de forma rápida, com pressão para comer e de forma mais atenta, responsiva, buscando assim uma reflexão sobre os sentimentos das crianças no momento das refeições. Tanto entre os profissionais quanto responsáveis, foi relatado maior prazer e conforto quando não tiveram restrição de tempo para comer. A “Oficina de Sabores” contou com 16 crianças. Na prática, as crianças foram expostas a 12 tipos de alimentos in natura, oportunizando o conhecimento de suas características como cheiro, textura e sabor. Das participantes, 10 crianças colocaram o alimento na boca, 5 experimentaram pelo menos três alimentos diferentes e 1 não experimentou nenhum.

     

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Embora a demanda da creche tenha sido em relação à seletividade alimentar relatada pelos mediadores, o diagnóstico necessita efetivamente de maiores critérios.  Foi observado que existe uma influência na forma com que o adulto oferta a refeição com a aceitação da criança. Entretanto, a experiência vivenciada reforçou que a regularidade e atenção no alimento, alinhados a um ambiente apropriado, contribuem para uma boa relação com a comida e propicia ampliar o repertório de alimentos saudáveis.

     

     
  • Keywords
  • pré-escolares, educação alimentar e nutricional, atenção primária à saúde
  • Subject Area
  • EIXO 2 – Trabalho
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