A promulgação da Constituição Federal de 1988 representou um avanço notável no Brasil ao reconhecer a saúde como um direito universal, isento de discriminação. Essa marco histórico, conhecido como Constituição Cidadã, instituiu o Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo acesso igualitário aos serviços de saúde para todos os cidadãos, independentemente de sua condição social, promovendo equidade e combatendo as desigualdades sociais no país.
O Ministério da Saúde tem implementado políticas voltadas à equidade, visando mitigar as vulnerabilidades enfrentadas por diversos grupos populacionais. Tais vulnerabilidades são influenciadas por determinantes sociais da saúde, como níveis educacionais, renda, condições de moradia, acesso a serviços básicos,preconceitos e discriminações, racismo, homofobia e machismo.
Minorias sociais são definidas como grupos de indivíduos em situação de desvantagem social, cultural, étnica, econômica e política, cujos direitos são comprometidos devido a suas características diferentes do grupo social dominante. Esses grupos são mais suscetíveis à discriminação e à violência, o que afeta diretamente sua saúde e bem-estar.
Sensibilizar e capacitar os profissionais de saúde para atender de forma inclusiva e adequada às necessidades desses grupos é um desafio relevante. Além da organização de ações práticas, é essencial abordar questões teóricas, como a compreensão do multiculturalismo e a distinção entre tolerância à diversidade e respeito à diferença.
O Grupo de Pesquisa em Saúde das Minorias Sociais na AFYA Faculdade de Ciências de Garanhuns desempenha papel crucial na conscientização dos estudantes de medicina sobre a importância das políticas públicas de saúde e das causas das desigualdades sociais no Brasil. Ao analisar relatos de pessoas trans, privadas de liberdade e em situação de rua, os alunos podem compreender melhor as barreiras enfrentadas por esses grupos no acesso aos serviços de saúde, capacitando-os para atuar de maneira consciente e inclusiva na promoção da saúde para todos.
A metodologia do estudo utilizou abordagem qualitativa para explorar as percepções dos estudantes de medicina sobre as iniquidades em saúde no Brasil. Os participantes foram alunos da AFYA Faculdade de Ciências Médicas de Garanhuns, envolvidos no Grupo de Pesquisa em Saúde das Minorias Sociais. A coleta de dados ocorreu por meio de conversas individuais e análise coletiva de relatos de pessoas em situação de vulnerabilidade.
Os resultados revelaram uma diversidade de perspectivas entre os estudantes de medicina, desde análises superficiais até reflexões profundas sobre as raízes históricas das desigualdades em saúde. Durante as atividades, os alunos construíram árvores de problemas, evidenciando como essas disparidades estão interligadas e persistem ao longo do tempo. Essa abordagem proporcionou uma visão holística da saúde, destacando seu reflexo direto no contexto social, e ressaltou a importância da equidade na prestação de serviços de saúde como meio de promover a justiça social.
Em síntese, o SUS no Brasil busca enfrentar as desigualdades sociais, oferecendo assistência equitativa e considerando as necessidades da população. Na formação em saúde, é essencial compreender que a saúde é influenciada por diversos fatores sociais, culturais e econômicos, e que os profissionais de saúde devem abordar esses desafios de forma holística, promovendo a equidade no acesso aos serviços de saúde.