A profissão de psicólogo foi instituída em 27 de agosto de 1962, através da Lei 4.119, a qual dispõe sobre os cursos de formação em Psicologia e regulamenta a profissão, muito embora, no Brasil, o primeiro curso de graduação em Psicologia foi oferecido quatro anos antes, em 1958, pela Universidade de São Paulo, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Em decorrência da força normativa, assim como da necessidade de atividade de prática na formação profissional, surgiram os serviços-escola, instalados com o objetivo principal de atender à necessidade de formação nos cursos de Psicologia, como o de aplicar, na prática, as técnicas psicológicas aprendidas em sala de aula, baseada em teorias estudadas de acordo com correntes e abordagens. (SILVA; COELHO; PONTES, 2019). Diante desse contexto, o presente trabalho assume o objetivo de promover reflexão sobre o papel do campo no estágio para a formação clínica em Psicologia de orientação psicanalítica. Salienta-se que o estágio de clínica visa preparar o aluno aspirante a psicólogo a desenvolver as competências e habilidades necessárias ao exercício da profissão. Cabe destacar no que tange as abordagens que há diferenças entre a prática da psicologia clínica com essa orientação na universidade e a práxis realizada por psicanalistas que fizeram sua formação nas instituições psicanalíticas. No entanto, no contexto da universidade, a prática da psicanálise é, muitas vezes, incluída como disciplina do curso de Psicologia ou como estágio em atenção à saúde, sem que os alunos tenham passado pela experiência de análise pessoal. O presente trabalho se justifica pela relevância do plano de estágio prático, haja vista seus reflexos como marco na formação profissional do aluno (CURY, 2013; SANTOS; LIMA, 2021), sendo uma de suas primeiras experiências no sentido de trabalho multiprofissional em saúde, com possibilidade de intervenção, extrapolando e não se limitando ao plano de observação e análise, porém procurando propor novas ações, opinar, mas configurando um espaço onde o aprendizado seja prática diária. Quanto a metodologia do trabalho, trata-se de estudo cuja abordagem é qualitativa, tipo de pesquisa descritiva, através do relato de experiência. Por este tipo de método se caracteriza pelo registro de experiências vivenciadas que neste caso foram oriundas de pesquisas e execução de projeto de estágio universitário de clínica de orientação analítica, o qual ocorreu no Serviço Escola de Psicologia da Universidade Federal de Pelotas – UFPel, durante os meses de fevereiro a novembro de 2023. Como resultado da experiência foi possível constatar e reconhecer a riqueza que as supervisões conferiram aos futuros psicólogos, enquanto estudantes e estagiários da clínica. Trouxe contornos imensuráveis, produzindo sentidos e possibilidades de explorar os casos, acessando a materiais localizados em área profunda por parte dos pacientes. As explicações, assim como explanações das experiências trazidas pela docente supervisora, tornaram o desafio da clínica mais palatável e apesar da amplitude e complexidade, conferiram robustez, mesmo a experiência inicial, enquanto jovens estudantes da clínica, conferindo um olhar dinâmico, amplo e permitindo o exercício e desenvolvimento de habilidade de ter uma escuta terapêutica atenta e ativa.