Apresentação: O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma condição clínica grave que ocorre quando os vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, resultando em danos significativos à área cerebral afetada. Possui como fatores de risco modificáveis a hipertensão sistólica ou diastólica, fibrilação atrial, diabetes, dislipidemia e falta de atividade física. Sendo assim, as pessoas acometidas podem apresentar déficits motores significativos, especialmente no membro superior, gerando fraqueza muscular no lado comprometido, frequentemente com movimentos limitados. Portanto, a reabilitação desses pacientes é crucial para melhorar a qualidade de vida e promover a independência funcional. Uma alternativa na reabilitação dessas pessoas é o uso de exoesqueletos, que auxiliam a terapia convencional ao fornecer vantagens, este dispositivo robótico proporciona um ambiente de treinamento padronizado, com capacidade de ajuste de intensidade e dose do tratamento, com suporte que é adaptável e reduz assim o esforço físico do fisioterapeuta. Ademais, o uso da reabilitação assistida por exoesqueleto tem se tornado cada vez mais comum nos últimos anos e o seu uso no campo da reabilitação está em evidência, com uma abordagem inovadora para a reabilitação, que utiliza a prática intensiva, repetitiva, e individualizada como uma estratégia eficiente para melhorar a aprendizagem motora de forma personalizada. Essa prática intensiva é fundamental, pois se baseia na neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de reorganizar-se, formando novas conexões neurais ao longo da vida. Este estudo investigou o efeito do uso do exoesqueleto de membro superior na melhora da força muscular em pacientes hemiparéticos pós-AVC. Objetivo: Este estudo teve como objetivo descrever o efeito do uso do exoesqueleto de membro superior na melhora da força muscular em pacientes hemiparéticos por AVC de uma clínica escola de fisioterapia de Vitória, ES. Desenvolvimento do Trabalho: Trata-se de um estudo quase experimental, prospectivo, com uma amostra de conveniência de 8 pacientes hemiparéticos pós-AVC que estavam em tratamento fisioterapêutico em uma clínica escola de fisioterapia na Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória, EMESCAM desenvolvida no período de o período de agosto a dezembro de 2023. A pesquisa foi desenvolvida em conformidade com as normas da Resolução 466/12. O projeto foi previamente submetido à aprovação do Comitê de Ética da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) descrito como - Dispositivos Robóticos Inteligentes para Auxílio à Mobilidade, Monitoramento e Reabilitação, número da aprovação: 41368820.3.0000.5542. Foi solicitado a assinatura do termo de anuência à responsável técnica da Clínica Escola de Fisioterapia da EMESCAM, onde foi realizada a pesquisa. Os critérios de inclusão foram participantes com idade igual ou superior a 18 anos, com diagnóstico de AVC, que apresentavam hemiparesia, estavam em tratamento fisioterapêutico no local e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Os critérios de exclusão foram participantes com distúrbios neurodegenerativos, outras doenças neurológicas associadas ao AVC e disfunções ortopédicas no membro superior parético. Foram coletados dados sociodemográficos e clínicos dos participantes inicialmente. Após isso, foram realizadas as avaliações da força muscular antes e após o uso do exoesqueleto dos músculos: bíceps braquial, tríceps braquial, músculos pronadores e supinadores do antebraço antes e após o tratamento através da escala de força muscular Medical Research Council (MRC) que varia de 0 a 5. Nesta escala, 0 indica nenhuma contração muscular visível, 1 representa uma contração muscular visível, mas sem movimento articular, 2 indica movimento com eliminação da gravidade, 3 representa movimento contra a gravidade, 4 indica movimento contra alguma resistência, e 5 representa força muscular normal. Após as coletas de dados e avaliações, os participantes passaram por um protocolo de reabilitação utilizando o exoesqueleto para o membro superior, composto por 10 sessões, realizadas duas vezes por semana, com duração média 45 minutos por sessão. As sessões de reabilitação com o exoesqueleto envolveram exercícios específicos, durante os quais cada participante foi guiado por um pesquisador treinado, que forneceu instruções claras e motivadoras. Os exercícios incluíam atividades funcionais do dia a dia, planejados para promover a reeducação dos padrões de movimento, visando restaurar a funcionalidade e a independência no uso do membro afetado, facilitando a transferência das melhorias obtidas para atividades fora da clínica. Ao realizar os movimentos de flexão e extensão, os participantes foram orientados a transportar um cone posicionado na mesa em direção ao ombro, enfatizando a amplitude de movimento e o controle motor. Nos exercícios de pronação e supinação, a tarefa consistia em girar e elevar um cone estrategicamente colocado sobre a mesa, visando melhorar a mobilidade do antebraço e melhorar a coordenação motora. O exoesqueleto ofereceu assistência adaptativa para participantes que precisavam, fornecendo suporte conforme necessário. Para pacientes incapazes de realizar os movimentos ativamente, o exoesqueleto operou em modo passivo. Os resultados da força muscular antes e após o uso do exoesqueleto foram comparados para determinar o efeito do dispositivo na reabilitação dos músculos afetados pelo AVC. Além disso, foi avaliado o impacto no desempenho das atividades de vida diária (AVDs), utilizando questionários padronizados e entrevistas com os pacientes. Resultados: Foram entrevistados 10 indivíduos que se encaixaram nos critérios de inclusão, destes, 1 desistiu do estudo e 1 foi excluído por não completar as sessões de reabilitação com o dispositivo, totalizando uma amostra final de 8 participantes. Na avaliação da força muscular, que foi mensurada através da escala MRC antes da reabilitação com o uso do exoesqueleto de membro superior, assim, foi identificado que em todos os músculos avaliados e em toda a amostra havia deficiência muscular, sendo estes o músculo tríceps braquial, bíceps braquial, músculos que realizam a pronação do antebraço e músculos supinadores do antebraço. Após o protocolo com o exoesqueleto, um participante obteve alteração de força dos músculos pronadores do antebraço, com força inicial grau 3 passando para grau 4 na reavaliação, não houve diferença na reavaliação de força dos músculos bíceps braquial, tríceps braquial e músculos supinadores nos demais participantes, porém a maioria dos pacientes relatou durante as entrevistas maior facilidade para realização das AVDs, demonstrando uma melhora na funcionalidade. Considerações Finais: Este estudo investigou o efeito do uso de um exoesqueleto de membro superior na melhora da força em pacientes hemiparéticos pós AVC. Os resultados indicaram que, seu efeito na força muscular desses indivíduos não foi significativo, porém o seu uso proporcionou uma melhora na funcionalidade do indivíduo hemiparético. Portanto, se faz necessário a realização de mais estudos com amostras maiores e períodos de acompanhamento mais longos para avaliar plenamente os impactos dessa tecnologia na recuperação de pacientes pós-AVC. Este estudo reforça a importância da continuidade das pesquisas, que podem levar ao desenvolvimento de protocolos de reabilitação mais eficazes e personalizados, aproveitando ao máximo as vantagens oferecidas pelos exoesqueletos e outras tecnologias emergentes na área da fisioterapia. Além disso, a integração dessas ferramentas no tratamento cotidiano otimizando a atuação dos fisioterapeutas, aumentando a eficiência e a acessibilidade dos serviços de reabilitação.