Apresentação: A tragédia climática que ocorreu em setembro de 2023 no Rio Grande do Sul, especificamente no Vale do Taquari, refletiu uma série de desafios enfrentados pelo estado, que vão desde desastres naturais até episódios de violência e calamidades sociais. Esses eventos, marcados por perdas humanas e danos materiais significativos, deixaram cicatrizes profundas na história e na memória do povo gaúcho. Apesar da solidariedade e do trabalho incansável das equipes de Apoio Psicossocial na fase de resposta, percebeu-se o quanto é importante a contribuição desses profissionais no auxílio da gestão e dos projetos habitacionais, que também pressupõem novos territórios de saúde, para além do atendimento direto às vítimas das enchentes. Assim, desenvolveu-se um trabalho compartilhado entre equipe técnica e gestão municipal para a (re)construção de um dos municípios do Vale do Taquari. Desenvolvimento do trabalho: Visto a complexidade da Política Nacional de Habitação (PNH) e do impacto na vida das pessoas atingidas pela inundação, o Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo (EMAU), da Universidade do Vale do Taquari - Univates/Lajeado/RS, juntamente com o curso de Psicologia, propôs um projeto de capacitação e acompanhamento da equipe técnica deste município para o atendimento psicossocial às famílias atingidas pelo processo de realocação em relação à habitação. Além disso, a equipe tem realizado uma aproximação com a gestão, mapeando as necessidades socioassistenciais - incluindo a rede de saúde - das famílias atingidas para melhorar a execução do trabalho da equipe de referência no município. Resultados: O trabalho teve início após as inundações de setembro de 2023, no entanto, devido às novas cheias em maio de 2024, que colocou o Rio Grande do Sul em estado de calamidade, o projeto teve que ser intensificado e ampliado junto ao município. Com isso, percebeu-se, ainda mais, a importância da assessoria/matriciamento e do apoio técnico à gestão do município para tratar do desenvolvimento das políticas públicas de habitação e socioassistenciais. Através do contato com os gestores e equipe técnica, foi possível identificar as dificuldades e impasses que impossibilitavam a execução dessas políticas, que refletem diretamente nas famílias desalojadas e desabrigadas. Considerações finais: O projeto do EMAU reflete a resiliência e a determinação em face às adversidades. Além do compromisso contínuo com a comunidade, envolvendo a colaboração e o apoio mútuo entre gestão e universidade é essencial garantir que as comunidades afetadas sejam reconstruídas com dignidade e respeito, e que estejam preparadas para enfrentar desafios futuros.