Oficinas que lançam mão de linguagem lúdica como a “paródia teatral” podem representar uma ferramenta poderosa de sensibilização sócio-educativa, especialmente quando utilizadas nos cenários de integração ensino-serviço-comunidade para tratar, por exemplo, de temas complexos e de difícil enfrentamento como é o caso da prevenção contra a dengue. O presente estudo articula tais premissas à experiência curricular de 12 estudantes de medicina (2ª. fase) durante o 1º semestre de 2024, período em que estiveram imersos na realidade do território de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) na periferia de Blumenau, para conhecer os problemas da comunidade e intervir sobre alguns deles. O trabalho sintetiza parte dessa trajetória, descrevendo e discutindo o planejamento/realização/repercussões de uma oficina que abordou a “prevenção contra a dengue”, dirigida a estudantes do ensino básico (3º e 6º ano) de uma escola ao lado da UBS. Foram incorporadas informações de representantes-chave da comunidade local e da equipe de Saúde da Família da UBS, além de outras questões demandadas pela direção da escola, para planejamento da paródia teatral que vinha sendo previamente pensada desde o início do semestre como elemento atrativo, em função do seu potencial sedutor. A dramaticidade humorística assumida durante a paródia foi o ‘ponto-chave’ para atrair o interesse das crianças e adolescentes, envolvendo-as nas conversas subsequentes acerca do tema. Organizadas em pequenos grupos após a encenação, as crianças debateram aspectos centrais da paródia e as implicações nos seus respectivos cotidianos. A atividade teatralizada, recheada de humor, mobilizou a atenção delas justamente pela dimensão lúdica e valorização de seus conhecimentos prévios embutidos nos diálogos das personagens. Ações sócio-educativas empreendidas através de paródias teatrais são potentes por seu aporte simbólico-cultural, e porque assumem um formato mais convidativo, sedutor, suscitando ‘aberturas’ para dialogar com crianças e adolescentes sobre assuntos tão complexos quanto difíceis de conduzir como é o caso da busca efetiva de ferramentas pedagógicas para operar de modo mais sensibilizador (e consequentemente, mais resolutivos) no enfrentamento da epidemia de dengue que se tornou endêmica em Santa Catarina desde então.