O presente trabalho consiste em um resumo simples proveniente da articulação Ensino-Serviço-Comunidade, a partir da união de docentes e discentes da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) com migrantes e refugiados venezuelanos em Manaus, objetivando contribuir para a facilitação do acesso dessa população a ações específicas de saúde na perspectiva de promoção de saúde e de prevenção de doenças, bem como de conhecimento da organização da rede de atenção socioassistencial do Sistema Único de Saúde (SUS) local, de acordo com os seus níveis de complexidade.
A instabilidade econômica, política e social enfrentada pela Venezuela nos últimos anos gera um fluxo migratório desde 2015. Um dos principais destinos é o Amazonas, que ocupa o segundo lugar no quesito de estado brasileiro com maior população de migrantes venezuelanos. Essa movimentação resulta em demandas para o governo, tendo em vista que os imigrantes vêm com poucos recursos, sozinhos ou acompanhados de amigos e/ou familiares. Além disso, chegando ao seu destino, desconhecem o país, o idioma e os serviços públicos oferecidos. Desse modo, garantir-lhes o acesso à saúde é uma necessidade urgente.
O projeto de extensão “Migrações, Vulnerabilidades e Saúde” contribui para o fortalecimento das ações disponibilizadas pelo Poder Público local e organizações não governamentais. Dessa forma, tem realizado ações de saúde em parceria com diversos profissionais da rede local de saúde, docentes e discentes da UFAM e colaboradores de outras instituições, ofertando alguns procedimentos de saúde, como aferição de pressão arterial, além de rodas de conversa, em relação ao local onde os imigrantes podem encontrar atendimento à saúde, por exemplo.
Desde o segundo semestre de 2023, as atividades de saúde são realizadas na sede da associação Hermanitos, uma organização sem fins lucrativos que promove suporte a migrantes venezuelanos em Manaus. Mensalmente, participam das ações uma média entre 100 e 150 venezuelanos, número determinado pela equipe organizadora de acordo com a capacidade e os recursos disponíveis. Além de desenvolver parcerias locais e articulação institucional, o projeto foi submetido ao Ministério da Justiça e conseguiu financiamento para expandir suas atividades.
As ações realizadas junto aos migrantes e refugiados venezuelanos em Manaus se tratam de esforços para que esses tenham acesso a ações de saúde, podendo, por meio disso, identificar doenças e cuidar do seu bem-estar. Ademais, eles recebem orientações acerca do SUS, conhecendo o seu funcionamento e serviços oferecidos. Assim, os discentes põem em prática aquilo que foi discutido em sala de aula, no formato de atividades que têm como foco ajudar indivíduos que se encontram em vulnerabilidade. Logo, identifica-se a conexão da educação com a saúde, visto que ambas atuam em conjunto no processo de construção de uma sociedade mais equitativa.
Diante do exposto, torna-se explícito que a migração venezuelana para o Brasil origina desafios relacionados a demandas de acessibilidade à saúde. Portanto, iniciativas como a mencionada neste resumo, que valorizam a articulação Ensino-Serviço-Comunidade, são essenciais para o amparo desses indivíduos, que saem do seu país natal em busca de melhores condições de vida e de trabalho.