Apresentação:
No Brasil, o câncer de colo de útero é o terceiro tipo mais incidente entre mulheres, com estimativas de 17.010 casos para cada ano do triênio 2023-2025. A Região Norte comporta-se como a segunda mais incidente, com 21 casos para cada 100 mil mulheres, sendo esta a neoplasia mais frequente no estado do Pará, o que espelha as desigualdades regionais, socioeconômicas, demográficas e assistenciais do país. Tais diferenças geram impactos no desenvolvimento do câncer, no diagnóstico precoce, o que acarreta estágios avançados de adoecimento com reduzidas possibilidades de tratamento e reabilitação. O diagnóstico tardio revela, sobretudo, carência na quantidade e qualidade de serviços oncológicos, realidade essa que é atribuída às dificuldades de acesso aos serviços de saúde, bem como a reduzida capacidade do serviço em absorver a demanda existente. Objetivo: Conhecer as barreiras enfrentadas no diagnóstico e tratamento do câncer de colo de útero por mulheres da Amazônia Paranse. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo descritivo, de abordagem qualitativa fundamentado na Teoria das Representações Sociais, em sua abordagem processual. Participaram 30 mulheres em tratamento oncológico matriculadas em um hospital de referência oncológica no Pará. Os dados foram produzidos de novembro a dezembro de 2021 por entrevista em profundidade, individual e semiestruturada. Após a trasncrição, o corpus foi submetido ao software IRAMUTEQ. Para caracterização do perfil sociodemográfico, utilizou-se estatística simples. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob parecer número 5.214.281. Resultados: As mulheres apresentavam idade entre 38 e 57 anos; 15 (50%) eram casadas/união estável; 16 (53,33%) estudaram até o ensino fundamental incompleto e 17(56,67%) eram residentes do interior do estado. O processamento dos dados pelo programa resultou em 674 seguimentos de textos, com aproveitamento de 76% do material analisado. As dificuldades enfrentada no caminho rumo ao diagnóstico bem como os desafios diante do tratamento foram evidenciadas pelas classes lexicais 3 e 5. As bareiras territoriais se destacaram na dificuldade de acesso no início da busca por um diagnóstico, a ineficácia dos fluxos assistenciais das áreas dos interiores, associadas à distancia da capital, atrasavam a busca por respostas mesmo na presença dos sintomas clínicos do câncer de colo de utero. Por tais razões, as mulheres buscavam consultas e exames particulares, para celeridade no acompanhamento oncológico. Destacou-se a demora no tempo decorrido do dignóstico até o início do tratamento, com tempo de espera superior a 90 dias, o que vai de encontro à lei dos 60 dias (12.732/2012). Considerações Finais: As dificuldades enfrentadas na busca de um diagnóstico evidencia a necessidade de investir em uma articulação mais eficiente do sistema de saúde na atenção as mulheres com câncer de colo de útero. Mais recursos tecnológicos e incremento na organização e direcionamento deste público dentro da rede de atenção são necessários, com a garantia do cumprimento da lei que assegura a conclusão diagnóstica e início do tratamento em tempo hábil para assistência efetiva.
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