Apresentação: A Atenção Primária à Saúde (APS) corresponde ao primeiro nível da rede de saúde, atuando como a porta de entrada da população para os serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), realizando não apenas ações de prevenção, como também o tratamento e acompanhamento dos usuários, visando sanar a maioria das suas necessidades em saúde, sendo o foco principal de atuação dentro da saúde municipal. Na Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (SEMSA), a atividade de gestão da APS é desenvolvida na Diretoria de Atenção Primária (DAP), que é um setor central na administração e no monitoramento dos serviços oferecidos de atenção primária à saúde. Diante deste cenário, considerando as atuais Diretrizes Curriculares do curso de Medicina, é fundamental que os alunos compreendam o gerenciamento e o desenvolvimento de ações dentro da rede assistencial do SUS, estando assim, mais preparados para adentrarem ao mercado de trabalho no serviço público. Nesse sentido, o presente trabalho tem por objetivo relatar a experiência de um grupo de estudantes de medicina em aprofundar os conhecimentos acerca da APS, a partir de uma visita técnica à DAP, buscando compreender os processos de planejamento em saúde implementados, averiguando os processos de organização da gestão atual, suas metas, desafios e resultados alcançados. Descrição da Experiência: Após duas semanas de preparação, buscando na internet informações acerca do funcionamento da SEMSA e dos mais recentes instrumentos de gestão (Plano Municipal de Saúde - PMS, Programação Anual de Saúde – PAS e Relatório Anual de Saúde - RAG), no dia 14/05/2024, foi realizada pelos acadêmicos de medicina da UFAM, pela disciplina de Saúde Coletiva IV, uma visita à DAP, localizada na sede da SEMSA, no intuito de buscar a compreensão detalhada e prática sobre as operações e desafios enfrentados na gestão da saúde pública na cidade de Manaus. Na DAP, houve uma breve apresentação da equipe e, logo em seguida, uma roda de conversa com o gerente de promoção à saúde (setor diretamente subordinado à DAP), que iniciou explicando as responsabilidades da DAP no gerenciamento, administração, monitoramento e supervisionamento dos diversos setores da APS. O gerente destacou, também, a divisão estrutural e organização da DAP, com suas gerências e demais setores, particularmente os que se reportam diretamente à DAP, detalhando a função de cada um, ressaltando a importância dessa estrutura organizacional para um planejamento eficaz. Com foco em enfrentar os desafios específicos da saúde pública, foi explicado que essas gerências procuram atender as necessidades de diferentes grupos populacionais com a realização de programas e implementação de políticas de saúde, visando a integralidade em saúde, com ênfase na promoção e prevenção. Foi exposto também sobre a responsabilidade da diretoria por diversas metas e objetivos elencados na PAS, como é realizado o PMS, o monitoramento das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e a constante busca para fortalecer as equipes de saúde multiprofissionais. Foram sanadas também as dúvidas dos alunos, a respeito à meta que se refere à consolidação da APS como acesso preferencial da população às ações e serviços de saúde em todos os ciclos de vida e que tinha como objetivo a revitalização de algumas UBS, buscando entender como a escolha dessas unidades era realizada. Foram, ainda, respondidas dúvidas a respeito aos planos emergenciais que são organizados em casos de surtos de doenças já erradicadas ou novas epidemias, bem como os planos para o período de cheia e seca dos rios, característica geográfica própria da região amazônica. Por fim, o grupo acompanhou o gerente pela DAP ao logo do ambiente onde se localiza a diretoria, onde foi apresentado às pessoas que trabalham em cada gerência/setor, destacando-se o recurso humano reduzido que trabalha em cada gerência. Resultados: A partir da roda de conversa, foi possível compreender de forma ampla como a DAP garante as implementações das políticas de saúde, monitora e cria estratégias baseadas, principalmente, nos indicadores de saúde. A divisão da estrutura organizacional da DAP assegura que todos os aspectos na APS sejam avaliados, havendo seis gerências e uma divisão, sendo a Gerência de Ciclo da Vida (GCIC) responsável desde o pré-natal até a saúde do idoso; a Gerência de Promoção à Saúde (GPROS), que está associada aos fatores de risco como alimentação, nutrição e tabagismo; a Gerência de Cuidados Crônicos (GCC), atuando em doenças como Diabetes Melitus, Hipertensão Arterial Sistêmica, Câncer, Doenças Renais; Gerência de Saúde Bucal (GSB), que foi apresentada como um dos maiores desafios da APS, mesmo a despeito do aumento considerável de cirurgiões dentistas nas unidades de saúde; Gerência de Gestão da Atenção Primária em Saúde (GAPS), que atua principalmente na implementação das políticas e protocolos de saúde nos pontos assistenciais; e Gerência de Telessaúde, que foi uma consequência da experiência na pandemia da Covid-19, que acabou acelerando a inserção da tecnologia na saúde e a Divisão de Promoção da Equidade às Populações Vulneráveis que é responsável pelas políticas voltadas à população negra, indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Também foi possível compreender como são realizados os planejamentos para periodos de emergência, em que são reunidos diversos setores como a SEMSA, Defesa Civil, dentre outros e criada uma sala de situação. Considerações Finais: A visita à DAP promoveu aos alunos uma compreensão e aprendizado aprofundados sobre como funciona a estrutura organizacional da APS na cidade de Manaus. Desse modo, houve a construção de conhecimento desde as divisões dentro dessa diretoria e suas contribuições nas metas e projetos, até a atuação prática da implementação das políticas de saúde nas UBS. Pode-se reconhecer os desafios, avanços, lacunas e inovações desse sistema e quais são seus próximos objetivos. Entendemos que ser um profissional da saúde que compreende a gestão da saúde na atenção primária, faz com que esteja mais bem equipado para coordenar o cuidado dos pacientes, garantir que eles recebam os serviços necessários e evitar redundâncias e lacunas no tratamento, assim como entender o que a gestão espera do desenvolvimento de seu trabalho no atendimento aos usuários do SUS. Esse conhecimento permite aos médicos atuarem de forma mais eficiente, organizando melhor os recursos disponíveis e otimizando o atendimento. Outra vantagem significativa é a capacidade de identificar e gerenciar os determinantes sociais da saúde, fazendo o uso principalmente dos sistemas de informação em saúde. Os médicos que entendem a gestão na atenção primária podem trabalhar em colaboração com outros profissionais e setores para abordar fatores como condições socioeconômicas, estilo de vida e ambiente, que têm um impacto significativo na saúde dos indivíduos e comunidades. Assim, a compreensão da gestão da saúde na atenção primária é fundamental para a formação dos profissionais de saúde, proporcionando habilidades essenciais para a prática médica eficiente e a promoção da saúde comunitária. Essa competência é vital não apenas para a melhoria dos cuidados individuais, mas também para o fortalecimento do sistema de saúde como um todo. Portanto, investir na formação em gestão da saúde na atenção primária é crucial para desenvolver profissionais capacitados a enfrentar os desafios atuais e futuros da saúde pública.