Apresentação: A Aids é uma síndrome infecciosa crônica, causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e se caracteriza pela progressiva destruição do sistema imunológico. Nas últimas décadas, observam-se transformações epidemiológicas quanto a distribuição de casos na população. No Brasil, cerca de 145 mil gestantes viveram com HIV entre 2000 e 2022, com aumento considerável nos últimos 10 anos. Gestar e reconhecer-se com sorologia positiva para o HIV representa mudanças no valor atribuído à própria vida, bem como a do feto que está em seu ventre, com repercussões nas relações interpessoais, tendo em vista os estigmas e estereótipos que o HIV carrega desde o surgimento de sua epidemia. Objetivo: Conhecer as representações sociais de gestantes sobre gestar vivendo com HIV. Desenvolvimento do trabalho: Estudo descritivo, com abordagem qualitativa fundamentado na Teoria das Representações Sociais, em sua abordagem processual. Participaram 40 gestantes vivendo com HIV acompanhadas no pré-natal de alto risco de uma unidade referência materno infantil em Belém do Pará. Os dados foram produzidos de outubro a novembro de 2018 por entrevista em profundidade, individual e semiestruturada. Após a transcrição, o corpus foi submetido ao software ALCESTE. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética de Pesquisa, sob o Parecer nº 2.870.626. Resultados: As mulheres apresentavam idade entre 18 e 33 anos (77,5%); 32 (80%) vivam em união estável; 15 (37,5%) com ensino fundamental incompleto; 33 (82,5%) ganhavam menos que um sálario mínimo e 21 (52,5%) declaravam-se evangélicas. O processamento dos dados pelo programa resultou em 669 seguimentos de textos, com aproveitamento de 77% do material analisado. A classe lexical 5 revela os sentimentos desencadeados pela soropositividade ao HIV, os conhecimentos das gestantes sobre esse fenômeno e as formas como objetivaram e ancoraram o processo de adoecimento que estavam vivendo. As representações sociais do HIV pelas mulheres na gestação foram objetivadas e ancoradas em uma doença incurável na qual a morte era eminente, acompanhada de caquexia, alopécia, multiplas lesões corporais, inutilidade do corpo. A dimensão do afeto é retratada pela angústia, medo, desespero e na revolta manifestada frente a doença, em que a culpa pela possibilidade de transmissão ao filho e o autoisolamento emergem como elementos da atitude dessas mulheres. Considerações Finais: Ainda se concebe o HIV como algo digno de temor, principalmente devido ao receio de transmiti-lo ao feto. Compreender a maneira como as gestantes representam o gestar com HIV e como lidam com esse processo, pode instigar a equipe profissional envolvida no cuidar gestantes, de modo a atender as suas demandas biológicas e subjetivas, contribuindo para o enfrentamento da doença e continuidade do tratamento.