A Diabetes Mellitus (DM) é considerada um dos maiores problemas de saúde do mundo e o Brasil ocupa um lugar preocupante no ranking dos países com o maior número de casos entre a faixa etária de 20 a 79 anos. Entre as complicações mais graves está a doença do Pé Diabético, definida como infecção, ulceração e/ou destruição dos tecidos profundos, associada a anormalidades neurológicas e vários graus de doença vascular periférica nos membros inferiores, que podem causar diversas consequências, incluindo amputações e óbito, gerando consequências econômicas e sociais. Na Bahia, as amputações relacionadas ao DMaumentaram significativamente no período de 2008 (1,2%) a 2019 (5,8%), com um incremento de 402%. Dentre os fundamentos de prevenção da doença destacam-se as ações de educação dos profissionais de saúde, família e paciente e medidas de identificação precoce do pé de risco. No Brasil, é principalmente na Atenção Primária à Saúde (APS) que medidas de prevenção devem ser implementadas, considerando a integralidade das ações e seu papel ordenador do cuidado. Diante do contexto, uma ação integrada entre Escola de Saúde Pública da Bahia, Diretoria de Atenção Especializada e Diretoria de Atenção Básica, integrantes da estrutura da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, foi planejada, culminando na elaboração do Curso de Prevenção e Tratamento da Doença do Pé da Pessoa com DM, paraprofissionais da APS e Policlínicas Regionais, visando a qualificação destes na atenção à pessoa com DM e implementação da Linha de Cuidado local. O projeto piloto foi desenvolvido no período de novembro de 2023 a maio de 2024 na Região de Saúde (RS) de Irecê. Foram matriculados 117 profissionais de saúde. A metodologia do curso envolveu: carga horária de 40 horas, organização deAmbiente Virtual de Aprendizagem, 05 aulas síncronas, atividades no cotidiano do trabalho, estudo de caso e 01 encontro presencial na RS para prática profissional. Diante da quantidade de discentes, localização geográfica da RS e composição mínima da equipe pedagógica (01 coordenador, 01 apoiador pedagógico e 02 docentes), para operacionalização do curso se adotou a estratégia de organização dos discentes por turma e integração de atores locais ao projeto. Foram convidados para a função de facilitadores, responsáveis pelo acompanhamento pedagógico das turmas, profissionais dos Núcleos Regionais de Saúde, com experiência em educação e proximidade regional com os discentes. Também foramconvidados profissionais da RS com expertise notema, para atuarem como mediadores na prática profissional. Os atores participaram de oficina paraintegração, planejamento e vivência das ações a serem desenvolvidas. O acompanhamento pelo facilitador reduziu as desistências e potencializou os estudos. Os mediadores foram fundamentais para o desenvolvimento das atividades de prática profissional. O resultado da experiência ratificou a potência da gestão colaborativa, solidária e em rede para criar caminhos e conexões que impulsionam o desenvolvimento de ações de Educação na Saúde, fortalecem relações interprofissionais e interinstitucionais e qualificam o cuidado.