Apresentação: O Sistema Único de Saúde (SUS) é fundamental na democratização do acesso à saúde a todos os cidadãos, proporcionando um atendimento de qualidade com o máximo de resolutividade. Para tanto, o incentivo ao aprimoramento dos profissionais de saúde através da educação em saúde, sobretudo em contexto de SUS e de Atenção Primária à Saúde (APS), é fulcral para fortalecer o sistema, uma vez que servidores atualizados e especializados promovem uma assistência de forma integral. Sob essa ótica, em 2018, foi criada a Escola de Saúde Pública (ESAP) da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (SEMSA), com o objetivo de municiar os profissionais de saúde com aporte teórico e prático, além de propor a promoção de políticas públicas de educação em saúde efetivas e, assim, melhorar os aspectos de gestão da APS em âmbito municipal. Isto posto, a criação ESAP tem um papel transformador para a saúde municipal, uma vez que age como um marco para a educação em saúde, principalmente na APS, possibilitando a garantia dos princípios preconizados pelo SUS. Nesse aspecto de educação em saúde no SUS, ponto importante da saúde coletiva que vem sendo instituído pela Diretrizes Curriculares dos cursos de graduação saúde, é fundamental que futuros profissionais da saúde tenham em sua formação oportunidades em saúde coletiva que lhes permitam prepará-los para a atuação em saúde pública após formados. Desse modo, o vigente relato de experiência tem por objetivo apresentar uma visita técnica realizada por acadêmicos de medicina junto à ESAP, como parte integrante da sua formação em saúde. Descrição da Experiência: Por duas semanas de preparação para a atividade prática, os acadêmicos se dedicaram a estudar a gestão da saúde municipal de Manaus, com ênfase em informações disponibilizadas no site oficial da SEMSA e dos instrumentos de gestão mais recentes (Plano Municipal de Saúde – PMS, Programação Anual de Saúde – PAS e Relatório Anual de Gestão), a partir dos quais obtiveram um entendimento inicial sobre o funcionamento da ESAP e sobre o que estava previsto em termos de objetivos, metas, ações programadas e realizadas, ou seja, uma visão geral no investimento público no tocante à educação em saúde municipal. Após essa preparação, foi realizada uma visita técnica à ESAP, no dia 07 de maio de 2024, contando com uma roda de conversa, com duração de 2 horas, entre sete acadêmicos de medicina da UFAM, acompanhados pelo professor e do monitor da disciplina de Saúde Coletiva IV, e a Diretora Executiva da escola. Na roda de conversa, a diretora apresentou aos alunos o conceito e funcionamento geral da ESAP, mostrando-se cooperativa em responder às dúvidas colocadas e utilizando-se de uma apresentação em PowerPoint. Primeiramente, foi explicado sobre a Rede Brasileira de Escolas de Saúde Pública (RedEscola), que atua na formação e capacitação de profissionais da área da saúde, da qual a ESAP é membro integrante, sendo uma das dez escolas municipais que fazem parte dessa rede. As escolas públicas de saúde realizam encontros virtuais para rápida intercomunicação, a fim de implementar e planejar futuros projetos, contando com auxílio da RedEscola e da Secretaria da Gestão do Trabalho e Educação e Saúde (SGTES). Ademais, elucidando sobre a origem e contexto histórico da ESAP em Manaus, a escola foi criada sob a Lei Nº 2.320, de 6 de junho de 2018, tendo como missão coordenar o processo de integração do ensino e do serviço dentro da SEMSA, fomentando inovação e produção tecnológica, sendo no mesmo período criado um programa de bolsas de formação e extensão para integrantes da instituição, sendo eles residentes, coordenadores e preceptores, garantindo uma fonte de recursos para a execução de suas ações. A missão da escola de saúde tem como objetivo a integração do ensino, pesquisa e extensão em 330 unidades de Saúde na cidade de Manaus, com ênfase na APS, apesar da SEMSA dispor ainda de unidades de atenção secundária e terciária sob sua responsabilidade. Sobre a gestão interna, a ESAP conta com 42 colaboradores, entre servidores, bolsistas e estagiários, responsáveis por diferentes processos de trabalho, como a Residência de Medicina de Família e Comunidade, cursos de especialização em saúde pública, cursos de educação em saúde de iniciativa das diferentes áreas técnicas, estágios e pesquisas com foco nos diferentes cenários de práticas municipais, projetos de extensão, entre outros. A ESAP está incluída com objetivos e metas específicos para a educação dentro dos instrumentos de gestão, como o Plano Municipal de Saúde (PMS), o Plano Plurianual (PPA) e o Programa Anual de Saúde (PAS), estando da mesma forma responsável pelo Relatório Anual de Gestão (RAG), que possibilita o acompanhamento da execução das ações e cumprimento das metas constantes nos instrumentos anteriormente citados. A visita foi encerrada após os acadêmicos realizarem perguntas particularmente voltadas aos instrumentos de gestão. Resultados: A visita técnica realizada pelos acadêmicos, mediante à metodologia descrita, pôde proporcionar uma maior compreensão dos objetivos, desafios e realidades enfrentados pela ESAP, além de uma maior conscientização sobre a responsabilidade dessa instituição para com seus usuários. Ademais, durante a visita, os participantes tiveram a oportunidade de observar e analisar de perto os processos administrativos, operacionais e estratégicos implementados pela ESAP, o que proporcionou uma compreensão mais aprofundada e prática dos conceitos estudados em sala de aula sobre educação e gestão em saúde. A experiência vivida pelos acadêmicos foi essencial para que, ainda no processo de formação, pudessem ter o conhecimento de que é possível ter uma rede pública responsável pela qualificação do profissional da saúde no contexto municipal. Além disso, notou-se que há incentivo de bolsas para pós-graduação, pesquisa, extensão, próprias da SEMSA ou em parcerias com instituições de fomento, o que desperta ainda mais o interesse de acadêmicos e profissionais de se profissionalizarem no contexto do SUS, principalmente na APS. Notou-se, ainda, que a atividade da ESAP é aliada crucial no gerenciamento da APS no território municipal de Manaus, pois acaba provendo pela inserção de residentes, especializandos, preceptores nas unidades de saúde, o que impacta diretamente nos indicadores de saúde, reforçando o fato de que a formação dos profissionais de saúde torna-os aptos a prestar uma assistência integrada e, para além de apenas assistência, garantindo equidade e universalidade. Considerações finais: Conclui-se, portanto, que a visita técnica à ESAP de Manaus elucidou os questionamentos dos alunos acerca do processo de educação em saúde dos médicos e demais profissionais de saúde, garantindo que esses possuam uma formação de qualidade, a fim de que atuem de maneira eficiente na APS, proporcionando uma melhoria no cenário basal de atenção à saúde. Por fim, os acadêmicos também ficaram a par de novas informações acerca do gerenciamento financeiro e organizacional da instituição, além de terem sido orientações sobre os processos ativos de pós-graduação, pesquisa, extensão e estágios disponíveis, abrindo olhares para possibilidades de qualificação além da graduação, durante e, também, após a sua formação em medicina. No mais, com o aprendizado adquirido acerca do funcionamento da residência em Medicina da Família e Comunidade coordenado pela ESAP, os estudantes puderam compreender as diversas estratégias e metas estipuladas para que essa especialização seja mais valorizada e aperfeiçoada. Sendo assim, mostrou-se evidente o esforço da ESAP em garantir o fortalecimento de uma política de educação em saúde efetiva, cujo produto resulta na melhoria da saúde da comunidade local.