Psicologia dos grupos: experiência em grupo terapêutico em saúde mental segundo análise institucional de Cueto & Fernández (1985)

  • Author
  • Gleberson de Santana dos Santos
  • Co-authors
  • Márcia Leão de Lima
  • Abstract
  • Entende-se por grupo o conjunto de pessoas reunidas com um objetivo comum, que opera e se estrutura à medida que se relaciona. No campo da saúde, têm-se associado o trabalho em grupo como modalidade de cuidado coletivo à população, reflexo da interlocução enquanto prática de educação em saúde. É importante reforçar que o cuidado em grupo envolve, a partir de relações interpessoais, a constituição de subjetividade e do psiquismo, a elaboração do conhecimento e a aprendizagem em saúde. Diante disso, o presente trabalho assumiu o objetivo de reunir as impressões geradas através da observação da realização de grupo terapêutico, de acordo com a contextualização da visão de Cueto & Fernández (1985), por meio da reflexão da dinâmica das Formações Imaginárias Grupos. Segundo as autoras um grupo se distingue de outro e é influenciada por um tempo, um espaço, um número de pessoas e um objetivo comum, criam-se as condições de possibilidade para que um grupo se torne um grupo. Tempo, espaço, quantidade de pessoas e objetivo compõem um dispositivo. Este é um traço de existência, mas específica e típica daquele grupo e não de outro. Outrossim, todo grupo abriga em seu interior aspectos repetitivos e aspectos transformadores, numa dialética permanente. A vida dos grupos é constituída por uma tensão permanente entre dois pólos externos, e essa tensão será o que constitui a força motriz de uma dialética dos grupos. Neste ínterim, o grupo será uma totalização contínua que nunca é uma totalidade atualizada. A dialética será simplesmente o movimento sempre inacabado dos grupos.

    Quanto a pesquisa, ocorreu durante o mês de novembro de 2022, através da observação  de um grupo de auto e mútua ajuda, cujo objetivo é a promoção de encontro de pessoas que tem ou não na sua história a experiência da audição de vozes, sob a perspectiva do Movimento Internacional de Ouvidores de Vozes (MIOV).

    Um dos pontos que demarcou disparador da ilusão grupal, foi através da manifestação de membro que informou que não estava tão bem, porém lançou questionamento para o grupo: “ – (...) será que a saúde mental está melhorando no Brasil todo”?. Acessando a sessão do grupo sobre o mito grupal é por vezes invocado por membros, sobretudo, quando manifestam a ilusão grupal, os desejos, objetivos pelos quais estão firmados o grupo: melhoria das perspectivas da área de saúde mental.

    Sobre o sistema institucional, se caracteriza como espaço aberto, democrático, que, apesar de mediado por coordenador, este não é o “centro” do grupo, tanto é que os membros se sentem achegados uns aos outros, que elaboram demandas, incitam falas, introduzem temas e convocam alguns outros membros a se posicionarem a determinado assunto.

    Conclui-se, então que o objetivo proposto para este trabalho foi alcançado à medida que foram identificados os elementos discutidos por Cueto & Fernández (1985). Tal exercício de observação grupal estimulou o ato de pensar, analisar, exercer a criticidade à pesquisa, e, principalmente uma escuta qualificada, tão essencial para formação de equipe multidisciplinar na área de saúde mental aos seus usuários.

  • Keywords
  • Psicologia dos Grupos, Promoção da Saúde Mental, Processos Grupais, Fase Institucional
  • Subject Area
  • EIXO 1 – Educação
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