APRESENTAÇÃO: O principal objetivo da Disciplina da Saúde Coletiva IV é promover a formação e o desenvolvimento do senso crítico dos alunos de Medicina em relação às práticas de planejamento, monitoramento, avaliação, vigilância e saúde do trabalhador, considerando os pressupostos do Campo da Saúde Coletiva, os princípios do Sistema Único de Saúde e a Atenção Primária à Saúde (APS) como coordenadora da Rede de Atenção à Saúde. Nesse sentido, as vivências de teoria e prática são desenvolvidas em diferentes contextos da atenção e especialmente, da gestão da saúde. Uma delas foi uma visita técnica junto a Diretoria de Inteligência de Dados (DID) da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (SEMSA). Durante a visita, os estudantes participaram de uma apresentação sobre o funcionamento do DID, o qual engloba todas as Unidades de Saúde a nível de APS da capital do Amazonas. Assim, o foco principal da conversa com a diretora do DID foi a obtenção do conhecimento prático sobre gestão em saúde com ênfase no planejamento, monitoramento e avaliação das Unidades de Saúde. E também, foi discutido sobre a importância da responsabilidade social, trabalho em equipe e organização do processo do trabalho a partir da abordagem coletiva e do planejamento. Neste relato compartilhamos um pouco dessa experiência. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: A visita à DID da SEMSA Manaus proporcionou aos acadêmicos de medicina uma visão detalhada em relação ao papel crucial da gestão de dados na APS. Durante a atividade, os alunos foram introduzidos ao ambiente de trabalho de tal setor, conhecendo as ferramentas e sistemas utilizados para coletar, analisar e interpretar os dados de saúde, a fim de adquirir conhecimentos acerca dessa organização. A princípio, a diretora da DID apresentou o panorama geral das funções da diretoria, evidenciando a importância da coleta de informações qualificadas e corretas para a avaliação do desempenho das Unidades de Saúde. Sob essa ótica, pode-se observar como os dados são transformados em indicadores e, então, utilizados para planejar e monitorar as políticas públicas. Além disso, houve a demonstração prática de um software utilizado pela DID, que analisa gráficos e porcentagens, a fim de estabelecer estatísticas sobre cada dado coletado, visualizados mediante dashboards interativos e de fácil interpretação. Tal experiência foi essencial para o entendimento da aplicação das informações, podendo observar cada particularidade das zonas, setores e equipes. Alguns dos indicadores foram observados com o intuito de entender como o desempenho de cada um fornece informações sobre identificar as áreas mais precárias de atendimentos ou recursos e, assim, elaborar intervenções eficazes. Houve uma discussão sobre os desafios enfrentados pela DID. Mesmo com os avanços tecnológicos, a qualidade dos produtos enviados pelos profissionais e o retorno da população são ainda desafios. Desse modo, nota-se como a DID relaciona-se com a saúde coletiva, pois procura desenvolver a vigilância epidemiológica, ambiental, sanitária dos indivíduos, para planejar maneiras viáveis e funcionais de distribuição de serviços à toda comunidade. A visita também abordou como os dados coletados pela DID são utilizados para melhorar a qualidade dos serviços de saúde. A diretora explicou que os dados são essenciais para o planejamento de campanhas de saúde pública, a alocação de recursos e a resposta a emergências sanitárias. E um dos pontos altos da visita foi a discussão sobre a interdisciplinaridade no trabalho da DID. A diretora enfatizou que a colaboração entre diferentes áreas do conhecimento, como saúde pública, ciência de dados, estatística e tecnologia da informação é crucial para o sucesso das atividades da DID. Os estudantes observaram como a integração dessas disciplinas permite uma análise mais completa e precisa dos dados de saúde, resultando em decisões mais informadas e eficazes. Portanto, a visita à DID foi uma experiência de suma importância que proporcionou aos estudantes uma visão abrangente sobre a grande responsabilidade da gestão de dados na saúde pública. Eles puderam entender como a coleta, análise e interpretação de dados são fundamentais para o planejamento, monitoramento e avaliação dos serviços de saúde. Além disso, a visita destacou a importância da ética, da privacidade e da colaboração interdisciplinar na gestão de dados de saúde. RESULTADOS: A partir da visita à DID, foi possível obter o conhecimento sobre as formas de atuação da SEMSA Manaus na promoção de políticas públicas para melhoria da qualidade assistencial à saúde para a população. Dessa forma, observou-se que a DID possui funções diversas como: promover a geração, análise e divulgação de informações qualificadas para a avaliação do desempenho dos serviços de saúde, desenvolver ferramentas, qualificar a gestão do cuidado, instrumentalizar visando a qualidade do processo de trabalho. No entanto, a DID tem alguns desafios a serem superados para o aprimoramento desses dados de saúde, como: extrair o melhor dos profissionais, qualificar o produto entregue, aprimorar o desempenho da SEMSA para o melhor atendimento para a população e acompanhar o avanço da tecnologia das ferramentas de trabalho, como o computador, inteligência artificial, entre outros, para que os dados sejam cada vez mais qualificados e disponibilizados de forma acessível e segura tanto para a população quanto para a SEMSA. Além dessas informações, foi possível observar como os dados influenciam decisões sobre distribuição de recursos, planejamento de campanhas de saúde e resposta a emergências sanitárias, além de estudos de casos sobre controle de epidemias, monitoramento de doenças crônicas e avaliações de programas de saúde. A DID conta com uma colaboração interdisciplinar para reunir os dados, incluindo saúde pública, ciência de dados, estatística e tecnologia da informação. Isso demonstra como equipes multidisciplinares trabalham juntas para melhorar os resultados de saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A interação de estudantes de medicina na DID da APS representa uma abordagem inovadora e essencial para a nossa formação dos futuros profissionais, em especial pela apresentação das ferramentas e técnicas de análise de dados, motivando a produção de pensamento baseado em evidências. Esse aprendizado é crucial em um mundo onde a informação e os dados são recursos valiosos para a tomada de decisões em saúde. A experimentação dos estudantes em áreas como coleta e processamento de dados, uso de tecnologias avançadas, análise e padrões, melhoria da qualidade dos serviços e pesquisa inovadora, prepara-nos para enfrentar os desafios do sistema de saúde com planejamento e todas as suas nuances. Além disso, a ênfase na ética e privacidade assegura que os dados dos pacientes sejam tratados com o mais alto grau de respeito e conformidade legal. A experiência educacional não apenas enriquece a nossa trajetória formativa no SUS, mas também contribui para a formação no e para o SUS. Médicos formados que compreendam a potência da inteligência de dados podem ser agentes importantes na efetivação da atenção primária à saúde baseada em seus atributos, como a promoção do cuidado integral nos territórios com foco na realidade de saúde da população adscrita. Assim, a integração entre a educação médica e a inteligência de dados do SUS emerge como um pilar fundamental para o futuro da medicina e da saúde pública.
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