? Apresentação:
Reconhecer e abordar as especificidades culturais e históricas das comunidades quilombolas e indígenas que enfrentam situações variadas como o risco de extinção física e cultural, expropriação de seu território e ameaça a seus saberes, sistemas econômicos e organização social se faz urgentemente necessário na promoção da equidade na saúde Brasileira.
Nesse sentido, o Projeto Multidisciplinar de Atenção à Saúde de Quilombolas e Indígenas (PASQUIN) baseia-se em uma abordagem participativa e colaborativa, envolvendo membros das próprias comunidades quilombolas e indígenas, alunos do curso de medicina e fisioterapia, docentes e Técnicos Administrativos (TAE´s) da UFSC do Campus Araranguá. Este projeto é desenvolvido na UFSC Araranguá desde 2022. Foram realizadas parcerias com as Secretarias Municipais dos municípios de Araranguá/SC e Torres/RS e com as lideranças das Comunidades Indígenas e Quilombolas. Estas colaborações possibilitaram conhecer o contexto de vida das pessoas indígenas e quilombolas da cidade e região.
? Desenvolvimento do trabalho:
As atividades são desenvolvidas na Aldeia Nhu-Porã, povo guarani, em Torres/RS, e na Comunidade Remanescente de Quilombola Maria Rosalina, Araranguá/SC. Dentro do projeto temos: encontros semanais entre alunos, docentes e Técnicos Administrativos (TAE´s) da UFSC para estruturar o projeto, discutir e planejar as atividades; oficinas de capacitação antirracista, ações para arrecadação de recurso para o projeto e para comunidade e culturalmente sensíveis; visitas/ encontros com as comunidades indígena Nhu-Porã e a comunidade quilombola Maria Rosalina para atividades de promoção e educação em saúde, prevenção de doenças e agravos, capacitações antirracistas e adaptações dos serviços de saúde às necessidades locais considerando sua cultura, valores e saberes e não intervenções propostas por agentes externos e assim promover a autonomia das comunidades.
? Resultados:
As ações desenvolvidas pelo Projeto Multidisciplinar de Atenção à Saúde de Quilombolas e Indígenas (PASQUIN) permite a troca de saberes; respeito ao ser humano e à vida; interculturalidade; pluralidade, e sustentabilidade. As ações fortalecem o compromisso social, político e ético das universidades púbicas junto à comunidade indígena e quilombola local.
Este projeto também um grande impacto na formação do estudante, pois permite a qualificação do estudante por meio de seu envolvimento em atividades extensionistas, tornando-o protagonista de sua formação técnica para obtenção de competências necessárias à sua atuação profissional e formação cidadã com conscientização sobre questões raciais. A riqueza de informações que o aluno adquire durante a vivências é uma importante referência para a prática do cuidado da saúde quando estiver formado, visto que o conhecimento produzido nas aldeias e comunidades quilombolas é rico, singular, precioso e inestimável.
? Considerações finais:
Assim, o projeto representa um passo necessário na promoção da equidade na saúde Brasileira, reconhecendo e abordando as especificidades culturais e históricas destas populações. No entanto, ainda há desafios a serem enfrentados, incluindo a necessidade de ampliação das iniciativas implementadas para que o PASQUIN contribua ainda mais para a redução das disparidades em saúde e para a formação de profissionais da saúde capacitados para trabalharem com pacientes índigenas e quilombolas.