A pandemia de COVID-19, causada pelo SARS-CoV-2, teve um impacto global sem precedentes globalmente. Além da crise emergencial de saúde pública, surgiram preocupações significativas a respeito das sequelas de longo prazo em indivíduos que apresentaram a doença, atualmente referidas como "COVID-19 longa". Tais sequelas prejudicam a saúde e qualidade de vida dos sujeitos e coletividade, bem como a saúde ocupacional. Dentre os trabalhadores, os profissionais do serviço de higienização hospitalar desempenharam um papel crucial na mitigação da disseminação do vírus dentro das instalações de saúde. Contudo, esses trabalhadores, considerados linha de frente, também enfrentaram um risco elevado de exposição devido à natureza de suas atribuições laborais. Ainda que incipiente, os estudos ratificam a vulnerabilidade desses profissionais ao SARS-CoV-2, e mais atualmente das sequelas pós-COVID-19. Todavia, ainda há escassez de estudos com esse segmento de trabalhadores. Este estudo tem como objetivo estimar a prevalência das sequelas pós-COVID-19 entre trabalhadores do serviço de higienização hospitalar de Goiânia, Goiás. Trata-se de um estudo transversal, realizado com trabalhadores do serviço de higiene e limpeza hospitalar de um hospital escola de um município do Brasil Central. Os dados foram coletados entre maio de 2023 e abril de 2024, utilizando um instrumento, aplicado por meio de questionário eletrônico Google Forms, contendo dados sociodemográficos, laborais, sequelas COVID-19 e histórico de saúde. Ainda, todos foram submetidos à coleta de swab nasofaríngeo para diagnóstico de COVID-19 por Rt-PCR. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa e Seres Humanos da Universidade Federal de Goiás sob o número: CEP: 4.180.881. Participaram do estudo 102 profissionais do serviço de higiene e limpeza do referido hospital. A maioria dos trabalhadores era mulheres (80,2%), autodeclaradas pardas (61,3%) e solteiras (49,1%). Um total de 50 pessoas tiveram COVID-19. Estimou-se uma prevalência de 60% para sequelas pós infecção aguda. Dentre os sintomas mais frequentes, verificou-se perda/falta de memória/esquecimento, cansaço/fadiga, alopecia, problemas com audição, dor nas pernas, asnomia, acuidade visual diminuída. Os resultados revelaram uma prevalência significativa de sintomas de COVID longa, destacando a vulnerabilidade desses profissionais. As sequelas identificadas, variando de sintomas respiratórios persistentes a fadiga crônica e problemas neurológicos, indicam a necessidade de políticas de saúde ocupacional mais robustas e de suporte contínuo para esses trabalhadores, tanto na prevenção de doenças quanto cuidados especializados para minimizar o impacto das sequelas pós-COVID-19. Ademais, é premente o investimentos em políticas de saúde do trabalhador de forma que os gestores considerem a saúde como um dispositivo e resultado da democracia.