Apresentação: Compreende-se que o racismo é um fenômeno social e estrutural que tem profundos impactos na saúde mental das populações afetadas. Levando-se em consideração que as comunidades quilombolas são a descendência de negros escravizados que resistiram à escravidão, é notório que existem desafios sociais históricos atrelados a esse povo perseguido e marginalizado. E, as mulheres quilombolas, em particular, enfrentam desafios específicos relacionados à interseção de gênero, raça e classe social, o que pode intensificar ainda mais os impactos do racismo em sua saúde mental. Por isso, o objetivo desse trabalho foi identificar e analisar estudos acadêmicos e as literaturas cientificas brasileiras sobre o impacto do racismo na saúde mental das mulheres quilombolas, analisando os principais desafios e lacunas a respeito do tema. Desenvolvimento do trabalho: A elaboração de revisões sistemáticas da literatura é um processo muito importante na área da saúde humana, pois essas revisões têm como objetivo identificar, selecionar, avaliar e sintetizar as evidências relevantes disponíveis sobre um tema específico. Esse método de estudo é considerado um bom critério para tomada de decisões na área da saúde. Nesse trabalho os artigos foram pesquisados em quatro bancos de dados: Pubmed, BVS, SciELO e Google Scolar, utilizando os seguintes descritores: “Saúde Mental” and “Racismo” and “Mulheres Quilombolas”. Foram adotados critérios de inclusão e exclusão para selecionar os estudos relevantes, e os dados foram analisados levando em consideração os indicadores sociais econômicos, históricos e também a intersecção de gênero, raça, experiências, mecanismos de enfrentamento e necessidades específicas dessas mulheres quilombolas. Resultados: A análise das literaturas selecionadas revelou a carência de discussão sobre o tema no espaço acadêmico. Embora tenham sido encontrados estudos sobre racismo e saúde mental em outros contextos e populações, a maioria deles não abordava a especificidade da vivência com mulheres quilombolas. É possível que os motivos dessa lacuna na literatura acadêmica sejam a invisibilidade e a marginalização das mulheres quilombolas na sociedade brasileira que se estende também ao ambiente acadêmico, resultando em uma falta de interesse e investimento em pesquisas específicas voltadas a essa minoria social. É perceptível que a falta de representatividade e inclusão de mulheres quilombolas nas instituições acadêmicas, fruto do racismo estrutural e institucionalizado no Brasil, sentido através das poucas vagas afirmativas para ingresso em programas de graduação e pós graduação, consequentemente, culmina em dificuldades na condução de pesquisas colaborativas e participativas com quilombos. Além disso, a carência de investimentos e financiamentos em pesquisas sobre questões raciais, étnicas e de gênero também acabam limitando a realização de estudos específicos sobre a temática. Considerações finais: A revisão sistemática das literaturas permitiu uma compreensão e análise rigorosa dos estudos disponíveis permitindo a identificação de lacunas, tendências e desafios na literatura científica sobre o impacto do racismo na saúde mental das mulheres quilombolas. Aqui destacamos a necessidade de pesquisas mais aprofundadas e sensíveis, visando compreender melhor o impacto do racismo na saúde mental das mulheres quilombolas para que sejam ampliados o conhecimento científico e a promoção de intervenções mais eficazes.