Simulação do atendimento de PCR em pacientes pediátricos como metodologia ativa de aprendizado: um relato de experiência

  • Author
  • Bruna Bavaresco Kaestner
  • Co-authors
  • Lyvia do Prado Pacheco , Marcelia Andrade Tomaz , Maria Carolina Fitaroni de Moraes , Victória Donatilio Bastos , Julianna Vaillant Louzada Oliveira , Simone Karla Apolonio Duarte , Caio Duarte Neto
  • Abstract
  • Apresentação: Em termos educacionais, as metodologias ativas de ensino engajam o estudante de forma crítica e reflexiva, aprimorando sua autonomia, encorajando sua curiosidade e sua habilidade de tomar decisões. Essa abordagem prepara o estudante para a prática clínica futura, promovendo uma aprendizagem proativa. A disciplina de Medicina de Emergência é um componente curricular obrigatório do 7º período do curso de medicina de uma instituição de ensino (IES) em Vitória-ES e foi ministrada em um centro de simulação. A disciplina lança mão, para abordagem da parada cardiorrespiratória em pediatria (PCR), da metodologia de Prática Deliberada em Ciclo Rápido (PDCR), a qual simula casos clínicos em ciclos progressivamente mais complexos, que são repetidos até que se alcançarem a competência desejada. O plano de ensino traz entre os objetivos da disciplina: realizar atendimento simulado em situações de emergências pediátricas;  desenvolver habilidades para realização dos principais procedimentos na atenção às emergências; valorizar o trabalho em equipe interprofissional; e discutir evidências científicas e práticas relacionadas ao cuidado na atenção às emergências, considerando a Rede de Urgência e Emergência (RUE), seu componente pré-hospitalar móvel (SAMU) e o processo de Regulação Médica das Urgências. Estavam disponíveis, em cada sala, manequins de baixa, média e alta-fidelidade, além de monitores de sinais vitais, estetoscópios, esfigmomanômetros, oximetros, termometros, cardioversores/desfibriladores bifásicos, bombas de infusão, máscaras de oxigênio, seringas identificadas com o nome das medicações  e outros equipamentos hospitalares usualmente utilizados para atendimento médico. A estrutura dos cenários era montada para remeter a sala de emergência ou sala de choque, onde o médico e sua equipe deveriam atuar mediante o acionamento do time de resposta rápida. A grande importância dessa metodologia consiste na crescente necessidade de aprimoramento de habilidades técnicas individuais e do trabalho em equipe, tanto no ambiente pré-hospitalar, quanto hospitalar. O acadêmico de medicina deve ser preparado para a prática médica, principalmente no que tange ao atendimento às emergências, que vão exigir do futuro profissional médico: habilidade de resposta rápida, capacidade de sistematização, facilidade em liderar em grupo e inteligência socioemocional. Esse trabalho tem como objetivo relatar a experiência de acadêmicos de medicina com a simulação do atendimento às PCR em pacientes pediátricos, no processo de formação de um profissional médico. Desenvolvimento: Previamente a aula era disponibilizada por meio do portal acadêmico, o conteúdo teórico necessário para a realização dos cenários. Temas correlatos também foram abordados na disciplina de Saúde da Criança e do Adolescente, que utilizaram metodologia tradicional com abordagem expositiva do conteúdo programático, além da metodologia Problem Based Learning. A turma foi dividida em 2 grupos, os quais se alternavam em 2 horários distintos. Cada grupo era, ainda, subdividido em 3 times que se revezavam em diferentes simulações. Foi realizado um pré briefing onde eventuais dúvidas sobre o material disponibilizado eram abordadas em time. Em seguida, iniciavam-se os cenários, com duração de 30 minutos cada, totalizando 3 cenários distintos. O líder era definido, assim como as demais funções de um time de emergência. Iniciava-se a simulação com temas relacionados à parada cardiorrespiratória (PCR) em pediatria onde os estudantes de medicina realizavam desde a identificação de uma PCR, início da reanimação cardiopulmonar, suporte avançado de vida e retorno à circulação espontânea. À medida em que o atendimento evoluiu e intervenções foram necessárias, os sinais vitais eram reajustados no monitor pelo professor/instrutor. Ao final de cada simulação, o time recebia o feed back sobre o desempenho da equipe, incluindo os pontos positivos e negativos, como falhas na divisão de tarefas, na sistematização do atendimento e na condução do caso proposto. Por fim, o time poderia seguir para o próximo cenário. Resultados: A disciplina permitiu a aplicação da teoria científica na prática médica simulada, consolidando o conhecimento e refinando habilidades técnicas e não técnicas. O espaço de simulação exigiu que os futuros médicos assumissem uma postura profissional proativa e assertiva, essenciais para o mercado de trabalho. Ao longo do semestre, os alunos tiveram múltiplas oportunidades de praticar as competências, permitindo que a repetição automatizasse certas condutas e habilidades. Isso é de suma importância, tendo em vista que, diante de uma situação de emergência, para que haja resposta rápida dos profissionais de saúde, é necessário que certas habilidades e competências já estejam intrinsecamente treinadas nos indivíduos. Além disso, as práticas simuladas admitiram que os alunos pudessem examinar e tratar um suposto paciente sem o ônus de prejudicar um paciente real, dando a eles o direito de errar em um ambiente controlado, proporcionando um ambiente acolhedor e propício para o aprendizado. A figura do líder também teve relevância no que tange ao desenvolvimento de habilidades não técnicas. Ainda que, rotineiramente, alguns acadêmicos demonstram resistência em assumir essa posição, esses eram estimulados pelos professores/instrutores. A divisão de tarefas, feita pelo líder, estimulou o respeito à hierarquia dentro do atendimento às emergências e a prática da comunicação em alça fechada. Os feed backs ao final de cada cenário foram importantes para destacar erros e acertos da equipe, a fim de aprimorar a performance nos cenários seguintes. Foi observado, ainda, ao longo do semestre, a evolução dos acadêmicos no que se refere à desenvoltura para lidar com as emergências, a partir do empilhamento das habilidades e competências desenvolvidas. Considerações finais: A implementação da metodologia ativa de Prática Deliberada em Ciclo Rápido (PDCR) representou uma significativa contribuição para o processo de aprendizado dos estudantes de medicina, possibilitando uma abordagem que transcende os limites impostos pelo ensino puramente teórico ou pela experiência prática limitada ao ambiente hospitalar com pacientes reais. Este método permitiu o aprimoramento de diversas habilidades dos alunos em um ambiente controlado e supervisionado,  o que facilitou a identificação e a correção rápida de lacunas no conhecimento e na execução prática, contribuindo para um aprendizado mais eficaz e profundo. Além disso, promoveu o desenvolvimento da confiança dos estudantes em suas habilidades e competências, preparando-os de forma mais completa para os desafios complexos e variados encontrados na prática médica. Dessa forma, a utilização da metodologia ativa demonstrou ser uma estratégia educacional valiosa e eficaz para enriquecer o processo de aprendizado dos estudantes de medicina, destacando-se como uma abordagem complementar e essencial à formação profissional na área da saúde.

  • Keywords
  • Parada Cardíaca, Pediatria, Aprendizagem Baseada em Problemas
  • Subject Area
  • EIXO 1 – Educação
Back