Apresentação/Resumo: A presença de migrantes e refugiados venezuelanos na cidade de Manaus, capital do Amazonas, resultante de fluxos migratórios cada vez mais crescentes por conta da crise humanitária que provocou o mais acentuado deslocamento forçado da história recente da América Latina, configura-se como um enorme desafio às políticas públicas, especialmente à saúde. Este é um relato de experiência vivenciado por estudantes, docentes e técnicos de áreas diversas, participantes de um Projeto de Extensão da Universidade Federal do Amazonas que realizam, entre outras atividades, ações de saúde junto à esse público em parceria com a Associação Hermanitos e tendo diversos colaboradores do Sistema Único de Saúde local. Dessa forma, a saúde é um processo resultante de múltiplas determinações, como por exemplo, os fatores econômicos, sociais, culturais, étnicos e psicológicos, logo, a ação realizada com o intuito de promover saúde para migrantes e refugiados venezuelanos fez uso de atividades multidisciplinares focadas na temática do Outubro Rosa e Dias das Crianças, que incluíam a realização de palestras informativas sobre prevenção e saúde da mulher, distribuição de absorventes para as mulheres e promoção de escovação dental e aplicação de flúor para as crianças . Estas e outras ações realizadas junto a migrantes e refugiados assumem uma perspectiva multidisciplinar que contribui para o fortalecimento da resiliência dessas pessoas e constitui-se como um processo de contínua e múltipla aprendizagem. Discussão: As Ações de Saúde junto a migrantes e refugiados venezuelanos atendidos na Associação Hermanitos são realizadas mensalmente na sede dessa Associação e objetivam contribuir com a promoção de saúde e a prevenção de doenças, além de proporcionar espaço para que essas pessoas reúnam-se e criem laços que as levem à Organização e a gostos de solidariedade e apoio. As atividades contam com a participação de alunos dos cursos de Medicina, História, Espanhol e Serviço Social, e busca abranger alunos de diversas áreas de atuação, enriquecendo-os com a prática da solidariedade. Assim, a Ação de Saúde em destaque, realizada em Outubro, teve como foco das atividades o Outubro Rosa, em consonância com o Calendário de Saúde do Ministério da Saúde, bem como o Dia das Crianças, no Brasil, celebrado no mesmo mês. Nesse contexto, além de palestras educativas e rodas de conversa voltadas para esse público alvo (mulheres e crianças), ocorreu a distribuição de kits de higiene e absorventes para as mulheres. Foram realizadas palestras sobre Saúde da Mulher, Câncer de Mama e Colo do Útero, com o auxílio do projeto de extensão MedEnsina, no intuito de promover a prevenção e o conhecimento em saúde. Ocorreram atividades infantis (desenho, pintura no rosto e brincadeiras), Oficina de escovação dental e flúor para crianças, Lanche e “Sopão Hermanitos”. Ao fim da Ação de Saúde foram distribuídos bombons e cartões informativos sobre o Câncer de Mama e Colo do Útero para os presentes no evento, além de doações de brinquedos para as crianças. Resultados: Por meio desta ação realizada durante o Outubro Rosa e o Dia das Crianças, juntamente com outras atividades promovidas por migrantes e refugiados venezuelanos pertencentes à Associação Hermanitos, é notável a gradual aproximação da Faculdade de Medicina com esse segmento populacional. Tal interação aproxima a discussão das migrações, suas demandas e desafios, ao ambiente acadêmico, ampliando os horizontes da reflexão sobre questões sociais e de saúde. Para os profissionais e estudantes envolvidos, essa experiência representou uma oportunidade enriquecedora de aplicar seus conhecimentos em um contexto real, sensibilizando-os para as adversidades enfrentadas pelos migrantes e refugiados, além de proporcionar uma visão mais abrangente das complexidades envolvidas. Este contato direto possibilitou uma compreensão mais profunda das necessidades dessa população e estimulou a busca por soluções criativas e inclusivas. Além disso, contribui para o exercício da articulação entre ensino, serviço e comunidade, sendo extremamente benéfico para a formação acadêmica e para a atuação profissional futura. Apesar de ser um projeto recente, é evidente sua contribuição, mesmo que limitada pela escassez de recursos, para a saúde e o bem-estar dessas pessoas, demonstrando a importância do engajamento social e da solidariedade na área da saúde. Essa integração também fortalece os laços entre a comunidade acadêmica e os migrantes, proporcionando um ambiente inclusivo e colaborativo que valoriza a diversidade e promove a equidade no acesso aos cuidados de saúde, consolidando assim uma cultura de respeito e compreensão mútua. Ao criar espaços de interação e acolhimento, a faculdade e a Associação Hermanitos ajudam a mitigar o isolamento social e a fortalecer a rede de suporte comunitário, essencial para a resiliência dos migrantes. Este modelo de integração e cooperação serve como um exemplo poderoso de como a educação e a saúde podem caminhar juntas para construir sociedades mais justas e inclusivas, onde cada indivíduo tem a oportunidade de prosperar. Considerações finais: Os resultados obtidos evidenciam de maneira clara a importância do trabalho conjunto entre instituições acadêmicas, organizações da sociedade civil e órgãos governamentais para enfrentar os complexos desafios de saúde que acometem as comunidades migrantes. A colaboração entre esses diferentes setores se mostra fundamental para desenvolver estratégias e soluções eficazes, adaptadas às necessidades específicas desses grupos. A replicação dessas práticas em outras comunidades migrantes pode trazer benefícios significativos. Não apenas pode melhorar substancialmente a saúde desses grupos vulneráveis, mas também pode promover a solidariedade entre diferentes segmentos da sociedade, incentivar a compreensão intercultural e fortalecer as redes de apoio comunitárias. Esse fortalecimento é particularmente relevante na promoção da conscientização sobre saúde, com ênfase especial na saúde feminina e infantil, áreas que frequentemente demandam atenção diferenciada e sensível. Além disso, ações focadas em conscientização e educação em saúde, como as implementadas nas iniciativas descritas, têm o potencial de empoderar as comunidades migrantes, fornecendo-lhes as ferramentas e o conhecimento necessários para gerenciar melhor sua saúde e bem-estar. Isso não apenas contribui para a melhora da qualidade de vida desses indivíduos, mas também para a integração mais harmoniosa dessas comunidades na sociedade de acolhimento. Em suma, a sinergia entre instituições acadêmicas, organizações da sociedade civil e órgãos governamentais não só é capaz de enfrentar os desafios imediatos de saúde enfrentados por comunidades migrantes, mas também de construir um ambiente mais inclusivo e solidário, onde a diversidade cultural é valorizada e as redes de apoio são continuamente fortalecidas.