Apresentação
O uso de antibióticos na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) é uma prática comum devido à alta vulnerabilidade dos recém-nascidos à infecções bacterianas. No entanto, a antibioticoterapia, especialmente quando aplicada de maneira excessiva ou inadequada, pode resultar em sérias consequências tanto para a saúde dos pacientes quanto para o meio ambiente. Este trabalho aborda os desafios e as implicações do uso de antibióticos na UTIN, com foco na resistência microbiana, nos problemas ambientais e nos riscos à saúde associados ao seu uso excessivo. Os recém-nascidos internados em UTIs neonatais frequentemente apresentam risco aumentado de infecções devido ao sistema imunológico subdesenvolvido. Nesse contexto, os antibióticos são essenciais para tratar infecções bacterianas, mas seu uso deve ser balanceado para evitar efeitos adversos. Por essa razão, a terapia empírica, iniciada antes da identificação específica dos patógenos, é uma prática comum. No entanto, deve ser seguida por uma revisão cuidadosa com base em estudos e nos resultados laboratoriais para ajustar ou descontinuar o tratamento. Além disso, o uso excessivo de antibióticos pode levar à contaminação ambiental, pois resíduos são frequentemente excretados no sistema de esgotamento. Como consequência, a presença de antibióticos na água e no solo pode promover o desenvolvimento de bactérias resistentes fora do ambiente hospitalar, afetando ecossistemas naturais e a saúde humana. Além dos riscos ambientais, o uso indiscriminado pode causar disbioses, alergias, toxicidades e outras complicações de saúde. Ademais, o tratamento prolongado pode levar à eliminação da microbiota benéfica, aumentando a vulnerabilidade a infecções fúngicas e bacterianas resistentes. A resistência microbiana é um dos problemas mais críticos associados ao uso excessivo de antibióticos. O desenvolvimento de cepas resistentes torna o tratamento das infecções mais difícil, prolonga o tempo de internação e aumenta a mortalidade neonatal. As bactérias multirresistentes podem se espalhar dentro da UTI neonatal e além, exacerbando a crise global de resistência aos antibióticos. Como objetivo principal foi analisar o quantitativo do uso de antibióticos na UTI/Neonatal, considerando aspectos clínicos, ambientais e de saúde pública.
Desenvolvimento
O desenho do Estudo foi observacional e retrospectivo, com análise de dados clínicos relacionados ao uso de antibióticos na UTI/Neonatal de um hospital no interior da Bahia.
Foi realizada a análise dos prontuários de neonatos para coletar dados sobre prescrição de antibióticos.
Resultados
Foram avaliados 112 prontuários de pacientes internados na UTI Neonatal. Destes, 77 fizeram uso de antibióticos: 4 utilizaram apenas um tipo de antibiótico, 58 utilizaram dois antibióticos e 15 utilizaram três ou mais antibióticos. Além disso, 10 pacientes utilizaram outras medicações e 26 prontuários não continham registro de uso de medicamentos, o que pode ser um erro de preenchimento.
Considerações finais
Foram identificados casos de uso excessivo ou inadequado de antibióticos, com terapias empíricas e nenhuma realização de antibiogramas. Para garantir a segurança do paciente, é essencial desenvolver protocolos institucionais na UTI Neonatal que otimizem a prescrição de antibióticos, incluindo diretrizes clínicas atualizadas, educação continuada para profissionais de saúde e avaliação contínua do CCIH.