Apresentação
No período de maio de 2024, em aulas práticas de Saúde Coletiva, realizou-se uma visita técnica a uma unidade de saúde, especificamente, uma extensão do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), o programa SOS Vida (Serviço de Transporte Sanitário da Prefeitura de Manaus). Esse programa é ofertado ao público de Manaus e disponibiliza transporte a usuários que não possuem condições de custear o deslocamento para a realização dos tratamentos de problemas de saúde.
Tal serviço dispõe de ambulâncias e vans para o transporte de pessoas com dificuldade de locomoção. Nessa perspectiva, as aulas práticas desempenham um papel essencial na estrutura educacional e de aprendizagem dos alunos. Isso ocorre porque é por meio dessa pedagogia que os acadêmicos se envolvem com cenários do mundo real, implementam conhecimentos teóricos e ganham confiança na execução de tarefas em suas futuras carreiras.
Diante disso, este relato tem como objetivo demonstrar à comunidade acadêmica a implementação do gerenciamento de projetos baseado em evidências e seu impacto no paciente-alvo, com um foco particular em detalhar as experiências dos alunos, o significado dessa abordagem, as atribuições envolvidas e as reflexões sobre as soluções propostas para resolver os problemas identificados.
Desenvolvimento
Primeiramente, nos foi direcionado o “SOS Vida”, a partir da divisão dos locais de visitas. No intuito de conhecer o local que nos foi destinado, foram analisados documentos técnicos institucionais de gestão, como: a Programação Anual de Saúde (2024), o Plano Municipal de Saúde de Manaus (2022-2025) e o Relatório Anual de Gestão (2023), os quais foram utilizados para elaboração de questões norteadoras no ato da visita e roda de conversa. Dessa forma, os questionamentos foram estratégicos, pensados para identificar metas e ações relacionadas ao campo de visita técnica. Assim, extraindo ao máximo informações essenciais para compreensão do funcionamento da gestão do SOS Vida. Durante a visita à central administrativa, fomos recepcionados pela gerente do serviço e pela coordenadora da equipe de ambulâncias, as quais participaram da roda de conversa, abordando o fluxo de trabalho, o perfil dos usuários e esclarecendo dúvidas do grupo de estudantes, no que tange a estrutura, logística e rotina.
O SOS VIDA foi criado em 2009 e, atualmente, conta com 16 ambulâncias, 20 vans convencionais e 12 vans adaptadas para o transporte de mais de 15 mil usuários e realização de mais de 20 mil remoções por mês. Sua principal demanda são usuários que realizam hemodiálise e o único critério para atendimento utilizado é a estabilidade do paciente - visto que não são transportados casos de urgência. Após a sessão de perguntas, foi realizada uma apresentação de todos os setores da unidade: salas de gerência, administração, logística e de atendimento ao usuário. Em relação ao agendamento, os usuários poderiam entrar em contato através do telefone, e-mail ou demanda espontânea, indo diretamente ao endereço do SOS Vida. Nesse sentido, o planejamento itinerário dos veículos é realizado em uma sala de logística, na qual recebem as demandas e adicionam no itinerário de acordo com o dia que o usuário solicitava o serviço.
O agendamento é registrado em um sistema próprio do SOS Vida, além do registro manual, realizado em fichas. As fichas são reescritas ao longo do dia, cada vez que recebem uma nova ligação precisam escrever novamente para manter atualizadas. Esse processo é realizado devido à instabilidade do sistema, de forma que as fichas escritas são um "backup" em casos de falha no sistema ou problema de internet. Ao final da visita, tivemos a oportunidade de conhecer o interior de uma ambulância e uma van convencional, utilizadas no transporte do paciente e a enfermeira Yone, por fim, as vans do SOS Vida não tem nenhum método de tratamento temporário, como soro, DEA, sendo apenas um meio de locomoção para o tratamento.
Resultados
Durante a experiência no SOS Vida, ficou evidente aos alunos os inúmeros desafios enfrentados diariamente pela equipe no transporte sanitário, bem como o impacto significativo de suas ações. Nesse sentido, a alta demanda de pacientes, principalmente aqueles em hemodiálise, destacou-se como um dos principais entraves. No entanto, outros problemas se mostraram presentes, como uma frota limitada de veículos, infraestrutura precária e a inexistência de critérios para os atendimentos.
Desse modo, apesar de uma ampla distribuição de frota contendo 16 ambulâncias e 32 vans (20 convencionais e 12 adaptadas), a equipe reduzida em relação à grande demanda – que aumenta a cada dia–, atrelada ao trânsito, dificultam ainda mais as operações diárias. Consequentemente, a parceria com as Unidades Básicas de Saúde e a associação com o SAMU se mostraram de grande importância para otimizar os serviços prestados e, assim, garantir um atendimento integrado e abrangente.
Ademais, como o serviço atua na forma de demanda espontânea, não há critérios de prioridade na triagem dos pacientes, o que ressalta a complexidade de categorizar a urgência dos casos, exigindo uma abordagem equitativa e baseada nas necessidades individuais de cada paciente. Nesse contexto, destaca-se a resiliência e dedicação dos profissionais na coordenação e no planejamento diário para fornecer um serviço de qualidade em um ambiente dinâmico e desafiador.
Em suma, a experiência no SOS Vida proporcionou uma visão abrangente dos desafios e efeitos percebidos no transporte sanitário, destacando a importância do trabalho em equipe, da adaptação às demandas variadas e da busca contínua por melhorias para garantir um atendimento de qualidade, humanizado e digno a todos os pacientes atendidos diariamente pela equipe.
Conclusão
?Portanto, percebe-se que a visita técnica direcionada ao SOS Vida garantiu aos alunos de Medicina a visão real dos desafios enfrentados pela equipe de transporte sanitário em Manaus no serviço em prol da saúde da população. Desse modo, os discentes da medicina puderam perceber como a alta demanda de pacientes e a infraestrutura precária regem a prática do serviço, sendo primordial na formação acadêmica no que tange à percepção da realidade em que os estudantes estão inseridos na prática médica.
?Nesse sentido, com o decorrer da visita, compreendeu-se como é ampla a esfera de atuação dos serviços de garantia à saúde, e como o projeto SOS vida é o retrato social entre a importância vital das ações de saúde e a insuficiência dos devidos investimentos. Além disso, tornou-se evidente aos estudantes a relevância do trabalho em uma equipe multidisciplinar, com adaptação às demandas variadas do mundo real. Isto é, percebe-se a importância do projeto como agente ativo na garantia da saúde, por ser, em muitos cenários, a única ferramenta que possibilita o acesso do paciente ao seu devido tratamento.
?Portanto, mostra-se necessário um direcionamento da atenção pública para, a médio e longo prazo, aprimorar a estrutura do serviço, e garantir seu poder de atuação em toda a esfera municipal, para que as boas ações praticadas por esse setor sejam ofertadas de modo constante e abrangente.
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