Apresentação: A proposta deste trabalho consiste em partilhar a experiência de construção do Encontro “Florescer com Mulheres Incríveis” desenvolvido em um Centro de Convivência e Cultura na Zona Oeste do Rio de Janeiro, enquanto uma estratégia de ampliação do cuidado em saúde mental, territorializado e em rede, pelos protagonismos dos saberes e fazeres das mulheres (re)criando outras rotas e redes para um fazer em saúde comunitário. Desenvolvimento: O encontro de mulheres surge do trabalho em rede, compartilhado entre um Centro de Convivência e Cultura, um Centro de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil e um projeto cultural que trabalha com escrita afrocentrada voltado para Mulheres. Ao identificar a demanda de cuidado para mulheres conviventes e familiares atendidas pelos serviços da Rede da Atenção Psicossocial (RAPS), considerando as expressões da questão social na produção de inquidades em saúde no Território, que aponta altos índices de violência contra mulheres, crescente insegurança alimentar, esvaziamento de equipamentos públicos de arte, cultura e lazer e Proteção à Mulheres, assim como as barreiras de acesso pela (i)mobilidade urbana, o Florescer foi pensado como estrategia para criação de uma rede de promoção de saúde, cidadania e espaço de convivência entre mulheres. Resultados: Florescer com Mulheres Incríveis se organiza semanalmente em encontros abertos às mulheres da comunidade junto às mulheres que realizam acompanhamento nos serviços da RAPS. Mediado com café da manhã colaborativo, roda de conversa, oficinas artísticas e compartilhamento de conhecimentos, objetiva fomentar espaços dialógicos na confluência dos saberes, fazeres e protagonismos, desse modo, a mediação dos encontros acontece não somente pela figura do profissional de saúde, mas na participação de mulheres do território que desenvolvem projetos sociais, atividades de geração de renda e economia solidária, artistas, escritoras, artesãs, profissionais da rede intersetorial para orientação sobre direitos sociais, políticas de promoção da Mulheres etc, isto, conforme a construção da Coletiva sobre suas principais demandas de cuidado, e, assim, construindo um diálogo comum entre as histórias de vida e o fazer comunitário, se amplia e reconhece outras redes de cuidado territorial; observa-se também a criação entre as Mulheres de redes de apoio mútuo, afeto, representatividade, proteção, conexões ancestrais e de uma cultura de pertencimento sobre o que significados e sentidos diversos sobre "Mulheridades". Considerações: O Centro de Convivência e Cultura vem se construindo como lugar de produção de encontros e outras rotas do fazer saúde para a atenção psicossocial, fomentando espaços de sociabilidade contra os estigmas associados “a loucura” e aos processos da medicalização da vida, tendo a convivência como tecnologia de cuidado e produção de outras relações sociais entre os sujeitos, para a intervenção na cultura e na cidade. O encontro de Mulheres representa o lugar da convivência na produção do cuidado em saúde mental, estabelecendo relações sociais pautadas o "entre" a valorização da diversidade e dos saberes populares e a coletivização das ações no trabalho em rede, mas, sobretudo, tendo o Território como chão de produção da vida e os saberes de sua gente como guia na invenção das rotas cuidado necessárias para uma Saúde Mental Antimanicomial.