Apresentação: Os desafios da consolidação da Reforma Psiquiátrica Brasileira tem deixado evidente a necessidade de por um lado, a formação crítica de profissionais, que conheçam as políticas públicas e consigam formular uma práxis coerente com os desafios do Sistema Único de Saúde (SUS), por outro, a necessidade de que profissionais atuantes na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) possam se envolver em processos de educação permanente e continuada. Objetivo: Nesse sentido, o Curso de Terapia Ocupacional (TO) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tem procurado desenvolver ações com o intuito de produzir comum entre os trabalhadores da RAPS e os diferentes atores da universidade, tendo a formação como eixo transversal de tais ações. Nesta comunicação apresentaremos estratégias que têm sido executadas: encontros, reuniões e um curso de extensão, entre os anos de 2022 e 2024, considerando suas potências e desafios. Desenvolvimento: No ano de 2022 foram realizados quatro encontros abertos com os profissionais na RAPS, procurando identificar os principais desafios e potenciais da atuação dos profissionais terapeutas ocupacionais na RAPS do Rio de Janeiro (RJ). O ponto de partida para esta organização foi a articulação com o trabalho de preceptoria de estágio. Nestes encontros compreendemos a precarização da rede no RJ, e também os impactos da demora da criação do curso de TO. Além disso, conhecemos estratégias utilizadas pelos profissionais para afirmarem seus espaços nas equipes e suas propostas de cuidado. A partir da indicação dos encontros, efetuamos em 2023 um curso de extensão. Ele organizou-se em duas frentes formativas: 1)Aulas virtuais; 2) Encontros de Comunidades de Práticas. Realizamos também um encontro para discutir as infâncias e questões psicossociais em parceria com professoras do Curso de TO da Universidade de São Carlos (UFSCar). Em 2024 realizamos o Encontro em celebração da Luta Antimanicomial, congregando TOs da RAPS e residentes multiprofissionais do Instituto de Psiquiatria da UFRJ e estudantes da UFRJ. Resultados: Nossas ações têm sido investimentos duros e insistentes na crença de que é fundamental que possamos ser um ponto de apoio aos profissionais, e que eles possam contribuir com a formação em seus campos de práticas. Afirmamos que nossa formação é no SUS, mesmo com o assédio feito pelo setor privado aos estudantes. Os desafios são imensos, destaca-se a precarização da RAPS: muitos profissionais não puderam acompanhar as propostas por conta de fragilidades nas relações de trabalho, cotidianos de trabalho em diferentes locais e a constante movimentação por conta da quebra de vínculos empregatícios com as OSSs. Dos estudantes, no entanto, há o relato da importância de estar perto das narrativas dos serviços e a melhor compreensão sobre o real funcionamento da rede. Apesar de enfrentarem dificuldades de participação, por conta da grade horária e do difícil deslocamento na cidade, devido ao custo do transporte. Considerações finais: Produzir comum é algo que envolve tempo e diferentes ações. O cenário apresentado nos mostra que, colaborar com a educação permanente e com as práticas assistenciais passam pelos entraves do campo, exigindo flexibilidade, inventividade e persistência.