Apresentação:
O diagnóstico situacional e a Territorialização da Atenção Primária em Saúde (APS), associado ao Método de Estimativa Rápida em Saúde (MERS), podem ser instrumentais de compreensão das comunidades inseridas nos territórios para a criação de estratégias dos serviços de saúde. Este relato tem como objetivo apresentar a percepção da experiência de aprendizagem ativa de uma estudante de medicina do Espírito Santo, durante uma atividade prática em uma comunidade local, através de ação para cadastramento, vinculação e facilitação de acesso dos moradores aos serviços da Unidade de Saúde da família (USF).
Desenvolvimento:
A experiência da estudante ocorreu durante uma atividade extramuros em uma comunidade, junto à equipe da USF de abrangência. A estudante de medicina e um grupo de estudantes percorreram as residências do bairro, em duplas, orientadas pelo enfermeiro e acompanhadas pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), aplicando o MERS e realizando o cadastramento no Sistema Único de Saúde (SUS).
As instruções para as ações de intervenção das duplas advinham do preceptor extramuros e, para o cadastramento das famílias nos domicílios, foram utilizados questionário e fichas específicas, que envolveram situação da moradia, organização socioeconômica individual e familiar, condições de saúde e fatores de risco. Nas tentativas frustradas de contato, foram deixados avisos referentes à visita.
Assim, foram realizadas testagens de glicemia capilar e aferição de pressão arterial e informação aos moradores sobre os resultados obtidos, orientando sobre as condições de saúde e encaminhamentos para a USF para acompanhamento e consultas. Os Cartões Nacionais de Saúde (CNS) dos moradores receberam adesivos de identificação da área de saúde de pertencimento, para facilitar o acolhimento dos cadastrados na USF.
Resultados:
A experiência dos cadastramentos domiciliares pode contribuir para o incremento da cobertura populacional, dos atendimentos e serviços para a população e vinculação das famílias à USF do território.
A intervenção colaborativa e multidisciplinar dos estudantes na territorialização foi importante para melhor identificação do tecido comunitário ao espectro da realidade, ampliado aos problemas existentes, estratégias e possibilidades de solução pelas equipes de saúde.
A diversificação do modelo de ensino trouxe aprendizagem ativa e insumos para a prática de saúde da estudante de medicina, pela oportunidade de observação e ampliação do olhar durante as vivências realísticas das famílias e percepção das dinâmicas estruturais das comunidades.
O exercício do diagnóstico situacional pode resultar em ferramenta metodológica importante de produção de indicadores, reconhecimento das condições de vida e saúde das famílias e conteúdos dialógicos reflexivos para as temáticas das aulas, contribuindo para aprimoramento dos estudantes e de produção de conteúdos didáticos para o curso de medicina.
A estudante de medicina, através da atividade externa, cumpriu a finalidade pedagógica de aproveitamento das oportunidades de desenvolvimento ativo de conhecimentos, aprendizagens, habilidades, competências estruturadas pela atuação nas realidades sociais, valoradas por princípios éticos coletivos e trabalho multidisciplinar.
Considerações finais:
Considera-se que, a aproximação do estudante de medicina com a comunidade, utilizando os métodos da Territorialização na APS e Estimativa Rápida em Saúde, pode agregar valores significativos e qualidade à sua aprendizagem ativa, devido às situações realísticas e vivências experimentadas.