Apresentação: Dentro do curso de medicina, a abordagem sobre a temática HIV/AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) acontece principalmente dentro da disciplina de infectologia, o que comprova que o currículo biomédico ainda prevalece e a necessidade de se ampliar os horizontes do ensino para além do modelo biologicista é uma realidade. Este trabalho tem como objetivo descrever a experiência da participação de uma estudante de medicina em uma roda de conversa de participantes que convivem com HIV/AIDS. Desenvolvimento: A participação dos ligantes dentro da roda de conversa se deu mediante uma associação entre a LiAS+ (Liga Acadêmica de Saúde LGBTQIA+) e o coletivo Viveração (coordenador da Roda de Conversa I=I e podcast), além do apoio da RNP+C (Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS). A liga ofereceu o espaço neutro para a realização da roda e a diretoria do grupo Viveração selecionou 02(dois) ligantes para estarem presentes na Roda de Conversa I=I. O processo de seleção dos ligantes que participaram da roda foi mediante entrevistas com os coordenadores da roda e o psicólogo mediador. A roda acontecia a cada 15 dias, às terças-feiras à noite dentro do Setor de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná (UFPR) por todo o ano de 2023. Resultados: Foram feitas 12 sessões (N=12) que aconteciam presencialmente e os encontros foram iniciados com um grupo em média de 8-10 pessoas, sendo homens cis e gays a maioria dos participantes. Um psicólogo era o mediador da conversa e também um estudante de psicologia. As temáticas trabalhadas nunca priorizavam o HIV/AIDS, sempre o contrário. Assuntos como relacionamentos afetivos e familiares; autoestima etc surgiam por demanda do grupo e eram trabalhados conforme os relatos e experiências dos participantes que, quando se sentiam à vontade, compartilhavam suas experiências relacionadas à temática que poderia ou não ter conteúdo sobre o HIV/AIDS. O vírus nunca foi o ator principal da roda de conversa, os protagonistas sempre foram os participantes. Ficou evidente como o diagnóstico vai muito além daquela conversa após um resultado de exame e o ensino médico atual não esta sendo preparado para sequer ofertar uma escuta durante esse momento. Foi possível perceber também o quão impactante isso é na vida de uma pessoa, pois o diagnóstico é acompanhado de isolamento social, angústia, raiva e medo; foram raras as situações em que profissionais atuaram para minimizar esse sofrimento, conforme o relato dos participantes. Considerações finais: A participação de uma estudante inserida no modelo biomédico em uma roda de conversa que foge de diagnósticos e estigmas foi uma oportunidade indescritível que transforma pessoas e profissionais. A roda, atualmente, está em uma pausa, porém a associação com a Liga continua e espera-se que mais trabalhos possam ser desenvolvidos.