Apresentação: Os acidentes com instrumentos perfurocortantes são classificados como um dos acidentes ocupacionais mais comuns entre profissionais da saúde. O risco de desenvolvimento de infecções após tais acidentes é influenciado por diversos fatores, incluindo o estado de vacinação, a imunização prévia ao exercício profissional, as medidas tomadas após a exposição e a gravidade da lesão. Entre as categorias profissionais da saúde, os cirurgiões-dentistas estão entre os mais afetados por acidentes ocupacionais, predominantemente de natureza biológica, devido à sua intensa exposição a fatores de risco. Na prática odontológica, o contato frequente com saliva e sangue, associado à produção de aerossóis por instrumentos rotatórios e ultrassônicos e ao manuseio de instrumentos pontiagudos, aumenta significativamente o risco de acidentes perfurocortantes e de contaminação cruzada entre paciente e dentista. Além disso, fatores como o relacionamento direto com o paciente, o campo restrito de visualização durante os procedimentos e o posicionamento do dentista em relação ao paciente contribuem para a ocorrência de acidentes ocupacionais, potencializando o risco de infecção cruzada. Sendo assim, o objetivo desta pesquisa foi analisar a situação vacinal e a necessidade de imunização entre os Cirurgiões-Dentistas que estavam realizando especialização ou atualização na Associação Brasileira de Odontologia (ABO). Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo transversal de natureza descritiva com 137 Cirurgiões-Dentistas matriculados nos cursos de atualização ou especialização da ABO-ES, selecionados aleatoriamente. Os dados foram coletados por meio de um questionário validado e autoadministrado, constituído de 27 questões que analisaram variáveis sociodemográficas e o esquema vacinal dos Cirurgiões-Dentistas, após aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa. Resultados: Dos 137 participantes, 94 (68,7%) alegaram não ter conhecimento algum sobre o calendário de vacinação. 55 (40,1%) relataram já ter sofrido acidente perfurocortante. Em relação à hepatite B, 134 (97,8%) afirmaram estar vacinados, mas apenas 61 (45,5%) completaram as 3 doses. Considerações finais: Com base nos dados, é necessária a adoção de medidas estratégicas para aumentar o índice de vacinação dos Cirurgiões-Dentistas. O número significativo de acidentes, assim como o desconhecimento do calendário de vacinação reforça essa necessidade. Adotar estratégias para melhorar a cobertura vacinal e garantir a verificação da imunização pode reduzir significativamente a vulnerabilidade desses profissionais a infecções ocupacionais. CAAE: 98554918.7.0000.5060.