O presente trabalho, faz parte de um projeto de pesquisa de Mestrado ainda em andamento, do Programa de Pós-graduação de Psicologia da Universidade Federal do Pará, PPGP-UFPA, com o título: OS VÍNCULOS AFETIVOS NO PROCESSO DE SUBJETIVAÇÃO DE PACIENTES ONCOLÓGICOS DE LONGA PERMANÊNCIA. Buscando compreender a importância do vínculo afetivo para as pessoas em processo de internação longa, entende-se que a pessoa em situação de internação de longa permanência, fica afastada da família e amigos, resultando em perdas sociais. São essas complexas perdas que acabam por provocar quebra de vínculos, gerando a necessidade de acolhimento, criação e fortalecimento de vínculos afetivos e sociais. Nesse contexto, para a manutenção do vínculo afetivo e social da pessoa em condição de internação longa, com diversas práticas que diferem do seu ambiente domiciliar, é necessário acompanhamento para potencializar o cuidado. Essa temática ainda necessita de muita discussão e apontamentos, acerca dos aspectos legais e sociais, para que tenha mais atenção da equipe hospitalar, envolvendo a pessoa que acompanha como parte do processo de cura do paciente. Os Hospitais utilizam o acompanhamento como uma concessão, acordos mediante as condições estruturais do hospital, e por um quadro de enfermagem menor que a demanda de pacientes, o acompanhante tem o papel de cobrir os profissionais de enfermagem, porém não são avaliadas as demandas pessoais do sujeito internado. A internação hospitalar é um recurso necessário para a restauração da saúde dos usuários, mas devem ser considerados também os aspectos afetivos e humanísticos, respeitando a singularidade de cada paciente. Este trabalho tem como objetivo a investigação do vínculo afetivo nas internações longas, para compreender as diversas relações que envolvem a temática. Como objetivos específicos têm-se: 1-Traçar o perfil sócio-emocional dos pacientes em questão; 2-Analisar a relação do processos de adoecimento-sofrimento-subjetivação nesse contexto; e 3-Refletir como a rede de suporte pode contribuir para amenizar o sofrimento e estabelecer os vínculos afetivos. Objetivando a compreensão do fenômeno para ajudar esses sujeitos sociais a elaborarem seus conflitos internos de uma maneira que não cause danos físicos e riscos à vida. O interesse por tal temática também surge, pela necessidade de respostas a inquietações geradas por uma experiência como acompanhante no Hospital Ophir Loyola em Belém-Pará, na qual foi perceptível a importância do vínculo afetivo na melhora dos sofrimentos psíquicos e na evolução positiva do quadro clínico, porém a falta de estrutura para receber o acompanhante era notória. Mesmo com algumas literaturas que discutem essa temática, ainda há necessidade de ações que envolvam a equipe, a pessoa internada e os acompanhantes, compreendendo-os como em um campo de mudanças que podem culminar em diversos benefícios à saúde de ordem física e psicológica. O método escolhido para realizar essa pesquisa foi a revisão de literatura, realizada nas bases de dados Scielo e Pepsic, usando os descritores: vínculo afetivo e pacientes oncológicos, vínculo afetivo e oncologia e vínculo afetivo e longa permanência. O estudo aborda o vínculo afetivo em pacientes, e trabalhos de outros pesquisadores que estudam essa temática, além de outras áreas que abordam o estudo. O critério de inclusão na pesquisa são trabalhos que abordem os seguintes temas: pacientes em processo de internação longa em instituições oncológicas, trabalhos que discutam as práticas da equipe multidisciplinar nas instituições e os vínculos afetivos com os pacientes e obras que abordam o papel de ser acompanhante da pessoa internada. Sendo critérios de exclusão os trabalhos que não tratam as seguintes temáticas: paciente oncológico e vínculo afetivo com a pessoa internada. Diante de todo o estudo teórico, percebe-se a importância do apoio familiar aos indivíduos internados, pois a pessoa em processo de internação longa convive com a solidão por não ter a presença da família e amigos, e quando ela é amparada e acompanhada pelos mesmos, se sente mais confiante e segura, suas relações sociais ficam mais sólidas e a vontade de viver e vencer a doença, a qual está acometida, é mais forte. Prevalece entre os pacientes oncológicos o sentimento de abandono, alguns pacientes esperam por visitas, principalmente quando há promessas, as visitas são muito importantes para os pacientes, a presença dos amigos e familiares no hospital, faz com que a pessoa internada se sinta reconhecida e estimada. A família tem um papel importante, para que a pessoa idosa não se sinta excluída, mas amparada, pois este contato faz com que o idoso se sinta amado e útil. Infelizmente a maioria dos idosos institucionalizados não mantêm vínculo com a família, na maioria das vezes nem mesmo um laço afetivo e os poucos que mantém são fracos, resultando em aumento da solidão e surgimento de patologias como depressão, por exemplo. O acompanhante além de proporcionar suporte emocional à pessoa internada, contribui para a evolução positiva nos quadros clínicos. É necessário potencializar o acompanhante como facilitador na evolução do quadro e na reintegração social. Contudo, a participação do acompanhante deve ser reconhecida, incentivada e discutida, durante o processo de internação. Uma vez inserido na prática da afetividade, é possível que o trabalho seja direcionado para o sujeito, abandonando apenas a visão da patologia, de doente que necessita de cuidados, as complexas interações entre os indivíduos têm um valor significativo nas construções enquanto sujeitos e suas relações sociais, nesse sentido a ação técnica é acompanhada de acolhimento. A pessoa internada é complexa e atravessada por diversas questões, as inter-relações presentes na vida desses sujeitos, que ajudam na sua construção psicossocial, também se revelam como um importante local onde expressam suas frustrações, seus medos, incertezas para com a vida, afirmações de identidade e etc. Sem esquecer ainda que trazem consigo toda a bagagem de vivências externas, de histórias e de convivência com a família, que vão moldar seu comportamento e sua forma de lidar com a doença. Portanto, atualmente com o avanço do conhecimento científico, a internação hospitalar é necessária para o tratamento e cura dos indivíduos acometidos de doenças, porém esse serviço deve ser planejado para ser mais humanitário, o acompanhamento ao paciente deve acontecer desde a primeira vez que a pessoa der entrada ao hospital, a estrutura física e a equipe técnica devem ser estruturadas e planejadas para receber essa demanda, o cuidado deve ser pensado de acordo com a subjetividade de cada usuário, focando na individualidade de cada sujeito, para amenizar os impactos causados pela mudança na sua rotina.