Apresentação:
Este estudo investiga a produção de conhecimento e as experiências relacionadas à atenção aos pacientes com câncer no Sistema Único de Saúde (SUS), focando nos desafios enfrentados e nas estratégias adotadas para aprimorar a gestão e o cuidado. O objetivo principal é identificar fragilidades e práticas bem-sucedidas na Atenção Especializada em Saúde (AES).
Desenvolvimento do Trabalho:
Conduzido pelo Observatório de Políticas Públicas do SUS da Unifesp, em parceria com a pesquisa Cartografia da Atenção Especializada no Brasil, este estudo utilizou uma revisão integrativa dos resumos apresentados em dois congressos recentes de Saúde Coletiva: o 13º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (2022) e o 4º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão da Saúde (2021). Foram analisados 5239 trabalhos, dos quais 190 focaram na AES e 44 especificamente no cuidado ao câncer. A pesquisa se orientou pela pergunta: "Quais práticas de gestão, cuidado e experiências inovadoras têm sido adotadas na AES no cuidado ao paciente com câncer no SUS?"
Resultados:
Entre os 190 trabalhos selecionados, 33,1% trataram do cuidado ao paciente com câncer. Desses, 54,5% abordaram câncer de mama, colo de útero ou ovário. A maior parte dos estudos estava concentrada na região sudeste (29,5%). Os resultados revelaram desigualdades no acesso ao diagnóstico e tratamento, influenciadas por fatores raciais, sociais e geográficos.
Discussão:
Os estudos analisados indicam desigualdades significativas no acesso ao diagnóstico e tratamento do câncer, associadas a características raciais, sociais e demográficas. A distância dos centros de referência e as longas filas de espera foram identificadas como barreiras importantes. A concentração de serviços na região sudeste explica a predominância das experiências relatadas nesta área. A descentralização dos serviços e o desenvolvimento de uma rede regionalizada são necessários para superar essas barreiras. A influência do setor privado, com altos ganhos financeiros e baixa regulação, acentua as desigualdades. Experiências exitosas como Unidos Pela Cura (UPC), Projeto Navegadores e o Programa Niterói Mulher demonstram que estratégias como diagnóstico precoce, fluxos ágeis, abordagem multiprofissional, cuidado integral e gestão de casos facilitam o acesso e a continuidade do tratamento.
Considerações Finais:
O acesso ao diagnóstico e tratamento do câncer no SUS continua a ser um desafio significativo. É crucial fortalecer estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento em todos os níveis de atenção e melhorar a regulação governamental para reduzir desigualdades e otimizar a gestão dos prestadores privados no SUS. Iniciativas como Unidos Pela Cura, Projeto Navegadores e Programa Niterói Mulher demonstram sucesso e podem servir como modelos para futuras políticas de saúde.
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