SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM DE UM PACIENTE COM DIAGNÓSTICO DE ÚLCERA ISQUÊMICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Apresentação: As Úlceras Isquêmicas, também conhecidas como úlceras varicosas, são lesões que comumente surgem nos membros inferiores devido à dificuldade no retorno venoso das pernas ao coração. Estas úlceras representam um problema significativo de saúde pública, principalmente pela sua conicidade. No Brasil, a úlcera venosa é a 14ª causa de afastamento temporário do trabalho e a 32ª de afastamento definitivo e de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Úlcera Venosa é uma doença que gera um grande gasto público, principalmente pelo tratamento contínuo e delongado. Elas são altamente recidivantes e afetam principalmente idosos. Além disso, podem estar associadas a outras condições de saúde, como insuficiência venosa, Diabetes Mellitus (DM), Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Obesidade. O tratamento das úlceras varicosas envolve medidas para melhorar o retorno sanguíneo ao coração e cuidados locais com a ferida. Os principais objetivos do tratamento das úlceras venosas inclui tratar a causa subjacente da ferida, aliviar os sintomas, retardar a progressão da doença, induzir a regressão das alterações vasculares e prevenir complicações cardiovasculares secundárias. A abordagem clínica pode incluir o controle da hipertensão, redução do colesterol, uso de antiagregantes plaquetários, prática de atividades físicas, cessação do tabagismo e manejo adequado de pacientes diabéticos, preferencialmente sob a supervisão de uma equipe multidisciplinar. A compreensão aprofundada da patologia é essencial para a prática da enfermagem, pois fornece a base para todos os aspectos do cuidado ao paciente. Diagnósticos de enfermagem precisos são fundamentais, pois orientam as intervenções e os resultados esperados. Daí a necessidade da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), que é um método que estrutura o processo de cuidado de maneira lógica e científica, permitindo ao enfermeiro não apenas planejar e executar as ações de forma eficaz, mas também avaliar e ajustar o plano conforme necessário. Além disso, a SAE promove a humanização do atendimento, reconhecendo o paciente como um ser integral com necessidades físicas, emocionais e sociais. Assim, o objetivo deste trabalho foi relatar a experiência de acadêmicos do curso de Enfermagem na aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem de um paciente com diagnóstico de Úlcera Isquêmica em um hospital de referência no município de Santarém-PA. Desenvolvimento Do Trabalho: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, realizado por docente e discente do 4° semestre do curso de graduação em Enfermagem da Universidade do Estado do Pará, durante a disciplina de Metodologia da Assistência de Enfermagem Comunitária e Hospitalar. Para o desenvolvimento do estudo utilizou-se da Sistematização de Assistência de Enfermagem - SAE, taxonomias de NANDA - I (North American Nursing Diagnosis Association International) para os diagnósticos de enfermagem, NIC (Nursing Interventions Classification) para classificar as intervenções de enfermagem e NOC (Nursing Outcomes Classification) para classificar os resultados de enfermagem. Resultados: descrição do caso homem de 72 anos admitido no hospital devido a dor no membro inferior esquerdo (MIE), diabético e hipertenso, apresentando necrose isquêmica no pé esquerdo e dificuldade de locomoção. Ao exame físico, apresentou as seguintes condições: o paciente estava orientado, utilizando cadeira de rodas (com auxílio de muletas para deambulação), Eletrocardiograma 15, eupneico, murmúrios vesiculares presentes sem ruídos adventícios, eucárdico, afebril, com pele e mucosas normocoradas, acianótico, anictérico, hidratado, mantendo apetite e padrão de sono. Abdome normotenso, ruídos hidroaéreos presentes, e curativo oclusivo no membro inferior esquerdo, externamente limpo. Após observar-se na superfície da ferida uma secreção amarelada, realizou-se a coleta e cultura da amostra, e a partir do resultado, foi identificada a presença de Pseudomonas, iniciando-se a antibioticoterapia. Posteriormente, passou por cirurgia de bypass ilíaco-ilíaco esquerdo e, após alta da UTI, foram realizados curativos no fêmur e tornozelo esquerdos, com observação de edema no MIE. Além disso, o paciente foi submetido à amputação do hálux esquerdo e a procedimentos de revascularização infrapatelar do MIE (bypass femoro-poplíteo), bem como amputação dos artelhos do pé esquerdo. Após 8 dias do procedimento cirúrgico foi identificada lesão tissular sacrococcígea sem rompimento, classificada como Grau 2. Depois de 15 dias do procedimento cirúrgico foi observada ferida operatória (F.O) no pé esquerdo com dormência, tecido esfacelado, secreção purulenta de cor marrom, odor fétido e pontos de fibrina. O MIE apresentou exposição do tendão, grandes cavidades, exsudato purulento e tecido granuloso, e o cliente iniciou o tratamento de laserterapia com o profissional capacitado. Após essas complicações, recebeu alta hospitalar e do grupo de Lesões por Pressão (LPP). Com base no histórico construído, os acadêmicos identificaram e elencaram vários diagnósticos: risco de baixa autoestima relacionado à amputação recente do hálux esquerdo, risco de instabilidade nos níveis de glicose no sangue relacionado à Diabetes Mellitus e à internação, risco de trombose relacionado à Diabetes Mellitus e ao procedimento cirúrgico, déficit no autocuidado relacionado ao procedimento cirúrgico evidenciado pela mobilidade física prejudicada, e risco de infecção relacionado à integridade da pele prejudicada. As intervenções de enfermagem concentram-se em discutir a experiência emocional com o paciente, auxiliando o paciente a reconhecer seus sentimentos (ansiedade, raiva ou tristeza), facilitar a identificação padrão habitual de resposta do paciente ao enfrentar o medo, monitorar sinais e sintomas da hiperglicemia (poliúria, polifagia, fraqueza, letargia ou dores de cabeça), incentivar a ingestão oral de líquidos, orientar o paciente no controle de diabetes, avaliar criteriosamente qualquer relato de começo de sibilos, hemoptise, ou dor à inspiração; no peito, ombros, costas ou pleurítica; dispneia, taquipneia, taquicardia, síncope. Ainda como intervenção, elencou-se o desbridamento do leito da ferida, eleição adequadas sas coberturas primária e secundárias, manutenção de curativos asséptico durante a internação, monitoramento dos sinais vitais, administração de analgésicos e/ou medicamentos adjuvantes conforme prescritos, orientação ao paciente sobre o uso correto da postura e mecânica corporal para prevenir lesões durante atividades físicas, e promoção de assistência psicoemocional durante a internação, e durante a internação, observar se o paciente se encontra confortável em sua posição, se não, auxiliá-lo na mudança de decúbito. Após o período de internação, os acadêmicos ressaltaram a necessidade contínua de monitorar de perto o paciente. Isso se deve ao fato de que o processo de adaptação à nova rotina pós-cirúrgica pode influenciar diretamente a consecução do objetivo primordial, que consiste na melhoria da qualidade de vida. Considerações Finais: Infere-se, portanto, que a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) desempenhou um papel fundamental na prestação de cuidados eficazes e compassivos ao paciente com Úlcera Isquêmica. A implementação dessa sistematização permitiu observar melhorias significativas no atendimento, abrangendo tanto o bem-estar físico quanto a saúde psicoemocional do paciente. A SAE, por meio de um planejamento cuidadoso e execução meticulosa, facilitou a avaliação contínua e o monitoramento das condições do paciente. Isso possibilitou a identificação precoce de complicações potenciais, garantindo intervenções rápidas e adequadas. Além disso, a sistematização promoveu a integração de uma abordagem holística, considerando não apenas os aspectos clínicos da úlcera isquêmica, mas também os fatores psicossociais que influenciam a recuperação do paciente, promovendo, assim, uma assistência eficaz e de qualidade.