Apresentação: No Brasil, a interiorização dos cursos de Medicina apresenta-se como oportunidade de conectar o (a) discente às diferentes realidades sociais do país e como meio de ampliar o acesso à saúde. Aqui, temos por objetivo descrever a experiência de implementação de um curso de Medicina do interior do Ceará, que possui como diretriz fundamental a promoção de uma formação interdisciplinar e interprofissional. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um relato de experiência desenvolvido a partir das vivências docentes de diferentes categorias profissionais da área da saúde, no processo de implementação do curso de Medicina da Universidade Estadual do Ceará, mais especificamente da Faculdade de Educação e Ciências integradas de Crateús (FAEC), no interior do Ceará, no período de agosto de 2023 a maio de 2024. Resultados: Atualmente, o curso conta com 13 docentes efetivos, das seguintes categorias profissionais: Biomedicina, Ciências Biológicas, Enfermagem, Fisioterapia, Medicina e Psicologia; e com 76 estudantes matriculados regularmente. No campus, os estudantes da Medicina participam de atividades conjuntas com estudantes dos cursos de Biologia, História, Pedagogia e Química. No curso de Medicina, são realizadas ações interdisciplinares, tais como: eventos científicos, vivências extensionistas em movimentos sociais, projetos de extensão, de iniciação artística, de iniciação científica, dentre outras atividades extracurriculares. Além do próprio colegiado de docentes ser interprofissional, o curso ainda conta com componentes curriculares que incentivam a educação interprofissional, tais como: “Se liga na extensão” e “Introdução à Formação Interprofissional para o Sistema Único de Saúde”. Ressalta-se que as estratégias pedagógicas realizadas pelo corpo docente junto aos (as) discentes apresentam uma diversidade de métodos e ações de pesquisa, ensino e extensão de forma integrada, interdisciplinar e interprofissional na formação, norteadas de acordo com as necessidades do cenário acadêmico no processo de ensino-aprendizagem e realidade local. É visto também que as estratégias de ensino utilizadas pelos (as) docentes buscam despertar a autonomia dos (as) discentes de Medicina nas ações de forma ativa, interativa e colaborativa, capacitando os discentes para a resolução de situações-problema. E dessa forma, conhecimento, atitudes e habilidades são fortalecidos com intuito de construir relações afetivas e efetivas de ensino e aprendizagem.. Embora haja um esforço contínuo para promover o trabalho colaborativo interprofissional e interdisciplinar, ainda é evidente uma resistência arraigada ao modelo biomédico e à abordagem tradicional (modelo Flexner) de ensino entre os estudantes de Medicina. Isso muitas vezes se manifesta como um desconforto diante de certas experiências, evidenciando a necessidade de uma mudança de paradigma na formação médica. Considerações finais: A experiência de educadores coparticipantes e implicados na proposta de formação em saúde proporciona uma rica troca de saberes e de práticas , construída de maneira singular por meio da interdisciplinaridade e interprofissionalidade na formação dos estudantes de Medicina. Esse processo resulta de práticas coletivas e compartilhadas de diferentes saberes científicos da Universidade junto à comunidade de Crateús. Portanto, educadores envolvidos e implicados na expansão e interiorização colaboram para uma educação emancipatória e para a defesa de um ensino público de qualidade.