O papel da dieta cetogênica como terapia complementar no tratamento da esclerose múltipla

  • Author
  • Juliana de Fatima da Conceição Veríssimo Lopes
  • Co-authors
  • Rebecca Nascimento da Silveira Gomes , Julia Magalhães Cabral , Diva Da Silva Gomes , Larissa Teixeira de Oliveira , Eduarda Tinoco Mariano , Andricea de Brito de Sá Oliveira , Ana Clara Rodrigues Alcantara , Iara Barbosa Ramos , Yve Ferreira , Jalmes Silva Pereira dos Anjos
  • Abstract
  • INTRODUÇÃO: A esclerose múltipla (EM) é uma doença crônica autoimune de caráter neurodegenerativo que afeta o sistema nervoso central. A progressão do quadro clínico desta patologia resulta em uma ampla gama de sintomas incapacitantes. Infelizmente, apesar dos avanços no tratamento farmacológico e manejo desta doença, ainda não foi encontrada uma cura definitiva, fazendo com que muitos pacientes com EM busquem abordagens complementares para gerenciar seus sintomas e progressão da doença. Dentre tais abordagens não farmacológicas disponíveis, as intervenções dietoterápicas, como a dieta cetogênica (DC), têm emergido como potenciais estratégias terapêuticas para a melhora na qualidade de vida desses pacientes.  A DC consiste em uma dieta com baixo teor de carboidratos e alto teor de gorduras, capaz de induzir o estado de cetose, no qual o corpo metaboliza gorduras para gerar energia,  produzindo cetonas. Estudos recentes sugerem que esta abordagem terapêutica, ao induzir o estado de cetose, pode ter propriedades anti-inflamatórias e neuroprotetoras, capazes de atenuar a desmielinização e a neurodegeneração associadas à EM. OBJETIVO:  Sintetizar as evidências científicas atuais sobre o uso da dieta cetogênica como uma intervenção terapêutica complementar para pacientes com EM. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura elaborada com 6 artigos. Como estratégia de busca, realizou-se uma pesquisa no banco de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) utilizando os termos “Dieta cetogênica” e “esclerose múltipla”, além do operador booleano “AND”. Foram incluídos apenas estudos  em português ou inglês, realizados em humanos pelo período de 6 meses e publicados entre 2022 e 2024, a fim de reunir os conhecimentos mais recentes a respeito do tema. RESULTADOS: Os resultados mostraram que o uso da DC como terapia complementar por 6 meses, é segura e tolerável em pacientes com EM, sendo capaz de apresentar um impacto positivo no estado psicológico e na qualidade de vida desse indivíduos, através da melhoria do sono. Ademais, tal intervenção proporcionou a redução das medidas antropométricas dos pacientes com EM, contribuindo para a  redução na fadiga, depressão, deficiência neurológica e inflamação relacionada ao tecido adiposo nesses pacientes. Ainda, a aplicação deste protocolo dietoterápico foi capaz de gerar mudanças persistentes nos hábitos alimentares nos meses seguintes à conclusão da pesquisa. Já em relação aos níveis de Neurofilamento de cadeia leve (NfL), importante marcador de danos neuronais e axonais, observou-se níveis relativamente mais baixos no grupo de indivíduos que aderiu a DC em comparação com o grupo de indivíduos com EM não tratados com essa intervenção dietoterápica. Além disso, os indivíduos que alcançaram níveis mais elevados de cetose, isto é, quantidade maiores de cetonas no sangue, apresentaram maiores reduções de NfL. CONCLUSÃO: Deste modo, conclui-se que a adoção da dieta cetogênica como terapia complementar ao tratamento convencional da EM se mostra promissora. Os achados  indicam que essa intervenção dietética é segura, tolerável e capaz de trazer benefícios significativos para os pacientes com EM quanto a melhora da qualidade de vida e de sono,  redução de sintomas como fadiga, depressão e deficiência neurológica e por meio da redução dos níveis plasmáticos do marcador NfL.

  • Keywords
  • Dieta Cetogênica, Esclerose Múltipla, Cetose
  • Subject Area
  • EIXO 2 – Trabalho
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