Apresentação: Trata-se de relato de experiência formativa realizada na disciplina de Pensamento Social em Saúde com ingressos do curso de Saúde Coletiva (SC) na Universidade de Brasília (UnB). A disciplina é introdutória ao curso e pretende apresentar as principais teorias e paradigmas do campo de saber da Saúde Coletiva. Busca garantir ao estudante o conhecimento das bases epistemológicas do pensamento em saúde no Brasil e desenvolver a capacidade dos discentes em refletir criticamente sobre os desafios contemporâneos colocados pela fragmentação do conhecimento em saúde na modernidade. O campo da Saúde Coletiva é permeado por complexidades e nasceu, no Brasil, em um momento de transformação social, em que se buscava contemplar as demandas da sociedade, criar, ampliar e estender o sistema de saúde e, sobretudo, difundir o instrumental das ciências sociais e humanas no campo da saúde. Pensar este campo a partir da multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade desencadeia questões paradigmáticas, atitude que perpassa o processo formativo da graduação. Nesse contexto, objetivou-se relatar a experiência de prática didática e metodológica no acompanhamento e realização de atividades com os discentes da disciplina.
Desenvolvimento: A experiência ocorreu durante o primeiro semestre letivo do ano de 2023 (27/02/2023 à 25/07/2023) na Universidade de Brasília, câmpus Ceilândia, a partir da realização de estágio em docência. Ao todo, contou-se com a participação de 51 discentes, sendo 15 ingressos/calouros do curso de SC. Os demais discentes pertenciam aos cursos de enfermagem, farmácia, fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia. As atividades foram divididas em: acompanhamento diário na disciplina via redes virtuais; organização de palestras e rodas de conversas com profissionais que já atuam na área da SC com foco em influenciar a dimensão prática do conhecimento científico; e, construção e aplicação de avaliação somativa.
Resultados: As atividades realizadas produziram novas percepções dos discentes frente ao curso. No início do semestre, as falas no sentido de futura mudança de curso, por parte dos calouros de SC, eram frequentes, algo modificado ao término da disciplina. Criou-se uma empolgação e uma nova percepção sobre este campo de saber, suscitada pela experiência de visualização da importância desta profissão, apresentada pelos palestrantes e pelas discussões e debates, levando os discentes a melhor compreender o papel desempenhado no campo da saúde pelo bacharel em SC. Ao mesmo tempo, os demais discentes, pertencentes aos outros cursos, também transformaram suas percepções quanto à SC e compreenderam a significância deste profissional de saúde para o sistema.
Considerações finais: No processo de ensino-aprendizagem-formação para compreender a fertilidade e complexidade do campo da SC, deve-se evitar tanto a simplificação como sua exacerbação, mas sim tornar o campo da saúde coletiva rico e instigante. Percebe-se a importância da construção metodológica conjunta, em que a atuação reflexiva e crítica corroboram para o protagonismo mútuo do processo formativo. Notabiliza-se que ainda restam desafios no processo formativo, por ser um curso com baixa divulgação, portanto com falta de aprofundamento nos campos teórico e profissional.
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