PAPEL DO ENFERMEIRO FRENTE A PACIENTES COM PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA (PCR): RELATO DE EXPERIÊNCIA

  • Author
  • Sara Alves Monteiro
  • Co-authors
  • Orácio Carvalho Ribeiro Junior
  • Abstract
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    Apresentação: A parada cardiorrespiratória (PCR) tem sido um motivo de preocupação para a saúde pública, já que esse evento afeta muitas pessoas, gerando apreensão entre os profissionais de saúde. A maioria dos casos de PCR ocorre por conta de problemas cardíacos e respiratórios. Nesse contexto, um atendimento precoce previne complicações à saúde e reduz as taxas de mortalidade desses pacientes. A parada cardiorrespiratória (PCR) é definida pela perda súbita das funções cardíaca e pulmonar em indivíduos com ou sem doenças cardíacas preexistentes. Esta disfunção é causada por uma arritmia cardíaca que se desenvolve durante a parada. As arritmias estão relacionadas a qualquer alteração na condução dos estímulos elétricos naturais no miocárdio, podendo resultar em taquicardia, bradicardia ou até mesmo a cessação da atividade elétrica, o que compromete a eficácia do bombeamento de sangue para os pulmões, cérebro e outros órgãos. No Brasil, as doenças cardiovasculares são responsáveis por aproximadamente 20% de todas as mortes em indivíduos de 30 anos, com cerca de 820 mortes diárias. Apesar do progresso, a mortalidade por doenças cardiovasculares no Brasil ainda é uma das mais altas do mundo, mesmo quando comparada a países vizinhos na América Latina. As principais causas incluem hipóxia, hipovolemia, acidose metabólica, hipotermia, desequilíbrios de potássio, infarto agudo do miocárdio, abuso de drogas e intoxicação por gases tóxicos, tromboembolismo pulmonar, pneumotórax e tamponamento cardíaco. A PCR pode se manifestar de quatro formas, sendo que na maioria dos estudos ela se apresenta inicialmente nos ritmos de Taquicardia Ventricular sem pulso ou Fibrilação Ventricular. No entanto, dependendo da causa ou do tempo transcorrido desde o início da PCR, pode inicialmente se manifestar ou evoluir para ritmos de Atividade Elétrica sem Pulso ou Assistolia. Independentemente do ritmo apresentado, a PCR é caracterizada pela ausência de pulso (ausência de ejeção ventricular). A American Heart Association (AHA) destaca a importância das atualizações das diretrizes de ressuscitação cardiopulmonar e atendimento cardiovascular de emergência (ACE), que são revisadas com base em evidências a cada cinco anos. A cadeia de sobrevivência recomendada para o atendimento intra-hospitalar inclui o reconhecimento e prevenção precoce, ativação do serviço médico de emergência, RCP de alta qualidade, desfibrilação, cuidados pós-PCR e recuperação. Para o atendimento extra-hospitalar, a cadeia começa com a ativação do serviço médico de emergência, seguida por RCP de alta qualidade, desfibrilação, ressuscitação avançada, cuidados pós-PCR e recuperação. Nesse contexto, a atualização contínua das diretrizes de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) é fundamental para reduzir a morbimortalidade dos pacientes de todas as idades, bem como as consequências neurológicas causadas por atrasos ou ineficiências no atendimento. Portanto, o objetivo desse estudo é descrever as experiências sobre o desempenho das competências fundamentais dos enfermeiros para a atuação frente a uma parada cardiorrespiratória. Descrição de Experiência: Enquanto profissional de saúde atuante na sala de emergência (SE) de um hospital referência desse setor na cidade de Manaus-AM, comumente chegam casos de PCR. Nessas situações, ao identificar que o cliente chegou em parada, o enfermeiro avisa a equipe da PCR, busca o carrinho de emergência e inicia as compressões e o fornecimento de oxigênio, com intervalos de 2 minutos, intercalando com outros profissionais. Durante esse procedimento, o médico responsável verifica o ritmo cardíaco para determinar se é chocável (fibrilação ventricular (FV) ou taquicardia ventricular sem pulso (TVSP)) ou não chocável (assistolia ou atividade elétrica sem pulso (AESP)). Após a identificação do ritmo cardíaco, é iniciado o protocolo conforme a última atualização da AHA 2020: Para ritmos chocáveis, pode ser realizado um dos dois tipos de choque: desfibrilação ou cardioversão sincronizada. A principal diferença entre eles reside na sincronização com o ciclo cardíaco e nas situações clínicas em que cada procedimento é indicado. A desfibrilação é um procedimento de emergência não sincronizado usado em ritmos potencialmente fatais, enquanto a cardioversão sincronizada é usada em ritmos rápidos mas não imediatamente fatais, onde é cuidadosamente sincronizada para evitar complicações. Enquanto houver ritmo chocável, realiza-se novamente choque e inicia-se a medicação intravenosa de 1mg de epinefrina. Em seguida, o médico realiza via aérea avançada. Se continuar chocável, é administrável 300 mg de amiodarona na primeira dose e, se necessário, uma segunda dose de 150mg. Já em caso de ritmos não chocáveis, inicia-se a medicação intravenosa de 1mg de epinefrina concomitantemente ao RCP, além disso, o médico realiza via aérea avançada (intubação orotraqueal). Essas sequencias são repetidas até o paciente apresentar retorno da circulação espontânea (RCE). Em ambos os casos (ritmo chocável e não chocável) são tratadas as causas reversíveis, que podem ser: hipóxia, hipocalemia, hipercalemia, hipotermia, hipoglicemia, H+ (acidose), tromboembolismo pulmonar, tamponamento cardíaco, tóxicas, tensão no tórax (pneumotórax) e trauma. Caso o paciente não apresente RCE, o médico considera se é adequado continuar com a ressuscitação. Efeitos percebidos decorrentes da experiência: Durante uma parada cardiorrespiratória (PCR), o papel do enfermeiro é crucial para aumentar as chances de sobrevivência do paciente. As responsabilidades do enfermeiro incluem reconhecer rapidamente os sinais de PCR, como ausência de pulso e respiração, acionar imediatamente o protocolo de emergência e chamar a equipe de resposta, iniciar compressões torácicas de alta qualidade e ventilações adequadas, utilizar o desfibrilador o mais rápido possível e assegurar a ventilação com bolsa-válvula-máscara até que suporte avançado esteja disponível. Também cabe ao enfermeiro comunicar claramente as necessidades e atualizações ao restante da equipe. Um enfermeiro capacitado tem a habilidade de coordenar as ações da equipe de saúde, garantindo uma reanimação organizada e eficiente. Considerações Finais: Os enfermeiros possuem as competências essenciais para a atuação diante de uma PCR em sala de emergência e isso desvela-se na melhoria dos processos de trabalhos, pois, isto é determinante para o sucesso da assistência e a fundamentação das ações realizadas, contribuindo para a sobrevivência inicial de pacientes em parada cardiorrespiratória súbita. Atuar na sala de emergência de um hospital exige dos profissionais de saúde, especialmente dos enfermeiros, uma preparação constante e habilidades técnicas apuradas para lidar com casos de PCR. Diante de situações de extrema urgência, o enfermeiro desempenha um papel vital, desde o reconhecimento imediato da PCR até a execução de procedimentos essenciais que aumentam as chances de sobrevivência dos pacientes. A implementação de um protocolo baseado nas últimas diretrizes da AHA 2020 é crucial para garantir que cada passo do atendimento seja realizado com a maior eficiência possível. Além da execução técnica, o papel do enfermeiro inclui a comunicação eficaz com a equipe médica e outros profissionais envolvidos, assegurando que todos os passos do protocolo sejam seguidos rigorosamente e que as causas reversíveis da PCR sejam tratadas adequadamente. A capacidade de coordenar as ações da equipe de saúde durante uma reanimação é um fator determinante para o sucesso do atendimento. A rápida identificação da PCR, o início imediato das compressões torácicas e o uso eficaz do desfibrilador são medidas que, quando executadas corretamente, podem resultar em um aumento significativo das taxas de retorno da circulação espontânea (RCE) e, consequentemente, na sobrevivência dos pacientes. Em conclusão, a atuação do enfermeiro na sala de emergência vai além do conhecimento técnico, englobando também habilidades de liderança e comunicação. A atualização contínua das práticas e a aderência estrita aos protocolos estabelecidos são essenciais para a prestação de um atendimento de qualidade, capaz de salvar vidas e minimizar as sequelas neurológicas decorrentes da PCR.

     

  • Keywords
  • Enfermagem, Assistência de enfermagem, Urgência e Emergência, Parada Cardiorrespiratória.
  • Subject Area
  • EIXO 2 – Trabalho
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