Apresentação: O SAMU 192 desempenha um papel vital dentro da Rede de Atenção às Urgências no contexto das emergências médicas, garantindo assistência e transporte em tempo hábil aos pacientes. No entanto, uma parcela significativa das ocorrências clínicas para as quais se disponibiliza um recurso móvel (ambulância), não resulta no transporte do paciente para um serviço de saúde. Estas ocorrências geram custos ao sistema sem a contrapartida de benefício ao paciente. Este estudo visa analisar as ocorrências clínicas identificando e quantificando os desfechos de atendimento que não culminaram no transporte do paciente. Desenvolvimento do Trabalho: Trata-se de um estudo observacional transversal, através da coleta de dados do Sistema (software) de Regulação Médica das Urgências, utilizado pelo SAMU 192 do Espírito Santo, nos anos de 2020 e 2021, na Central de Regulação Médica das Urgências, localizada no município de Serra - ES. Foram incluídas ocorrências clínicas para as quais houve envio de recurso móvel, porém o paciente não foi transportado para uma unidade de saúde após o atendimento pela equipe do SAMU. Os dados foram categorizados de acordo com o desfecho da ocorrência, incluindo liberação no local, óbito, recusa de atendimento, recusa de transporte, removido por terceiros e não localizados. Resultados: Do total de 32.665 ocorrências clínicas atendidas pelo SAMU com envio de recurso móvel, 10.204 foram elegíveis após aplicação do critério de inclusão, desta forma temos que em 31,2% dos envios de recurso móvel o paciente não foi transportado pelo SAMU para um serviço de saúde. Dos 10.204 envios de recurso móvel sem transporte para serviços de saúde, 16,08% foram liberados no local, não localizado 8,09%, óbito 13,69%, recusa atendimento 12,65%, recusa transporte 28,92%, removido por terceiros 20,57%. Considerações Finais: Nossos resultados trazem luz a um problema premente no SAMU 192. As razões para esse alto número de ocorrência sem transporte podem estar relacionadas a desafios enfrentados pela Central de Regulação de Urgência, como a qualidade das informações recebidas pelo médico regulador e trotes, mas também ao tempo resposta do SAMU e dificuldades de localização. Com os resultados apresentados, espera-se contribuir para melhorias no processo de regulação das urgências, incluindo aqueles que visam identificar trotes. Intervenções que visem garantir a permanência do paciente no local da ocorrência são recomendadas e podem ser implementadas tomando especial atenção a orientação adequada dos usuários que ligam para o SAMU a reportarem qualquer mudança da situação (como a remoção do paciente por terceiros). Em relação aos trotes, a educação em saúde através de projetos de extensão com estudantes do ensino fundamental já foi demonstrada como estratégia efetiva para redução destes incidentes. A adoção dessas medidas pode resultar na otimização dos recursos do SAMU 192, proporcionando um atendimento mais eficiente da população, além de proporcionar redução nos custos operacionais e melhorar a qualidade do serviço prestado.