Apresentação: A Reforma Psiquiátrica brasileira, tem como modelo de cuidado a atenção psicossocial, e com ela a família torna-se um ponto de suporte importante na reabilitação psicossocial, torna-se, ainda, foco de cuidado para os serviços substitutivos ao manicômio. Ao mesmo tempo, torna-se imperativo compreender os cuidadores, como também, necessitados de escuta e acolhimento. Assim, este trabalho apresenta uma estratégia de cuidado em saúde mental realizada com cuidadores de usuários de um CAPS II em uma cidade da fronteira oeste do Rio Grande do Sul. Objetivo geral: relatar a experiência de residentes sobre o processo de construção de um espaço/tempo de acolhimento e cuidados mútuos a cuidadores e familiares de usuários do CAPS II. Desenvolvimento do trabalho: Foram elaborados convites para abordagem dos cuidadores, além da orientação e indicação de participantes por parte dos servidores. Realizou-se a confecção de folders e painel, que foram utilizados como apoio informativo durante os encontros. Para a produção destes materiais foram incluídos os usuários, durante oficina pedagógica, com acompanhamento da pedagoga responsável. Os encontros ocorreram quinzenalmente, com duração de uma hora e meia, no auditório da instituição, abordando temas condizentes às demandas trazidas pelos cuidadores, com apoio de colaboradores do serviço. Além disso, foram organizadas palestras temáticas e rodas de conversa a partir de observação das principais demandas dos cuidadores. Foram realizados quatro encontros até o momento, com a participação de dois cuidadores acompanhados de dois usuários. As práticas de grupo foram desenvolvidas coletivamente, como recurso terapêutico, para promoção de socialização, uma vez que consistem em atividades mediadoras de relações. Resultados: Durante os encontros, as temáticas emergentes giraram em torno da sobrecarga dos cuidadores. Avaliamos que a adesão foi insuficiente, tendo em vista as faltas nos encontros subsequentes. Percebeu-se que estar em grupo possibilitou o compartilhamento de experiências, o sentimento de pertencimento, a troca de afetos, a autonomia e, consequentemente, o exercício da cidadania. Mediante esse lugar que a rede afetiva ocupa e as funções que exerce, foi importante pensar em estratégias de cuidado que atentem para a necessidade de inseri-la de maneira contínua nas ações ofertadas. Conclusão: Foi possível perceber com a realização deste grupo que existem desafios para inserção da família no contexto dos serviços, entre eles o horário de oferta da atividade e a fragilidade no acompanhamento longitudinal. Também verificou-se que familiares de usuários com maior necessidade de apoio nas atividades de vida diária se fizeram mais presentes no grupo. Acredita-se que isto seja relacionado a maior sobrecarga e reconhecimento da necessidade de ajuda por parte destes familiares. A família precisa ser foco de intervenções que objetivem, de fato, o cuidado e a acolhida dos cuidadores. Entende-se, nesse contexto, que a atenção psicossocial precisa incluir a rede afetiva, sendo ela potencializadora da reinserção do sujeito na sociedade, fortalecendo as relações da equipe, usuários e famílias.