Diante dos impactos negativos do uso intensivo de agrotóxicos relacionados à saúde humana, ambiental, de solo, águas e outros animais tem se tornado cada vez mais urgentes a adoção de práticas para produção de alimentos de forma sustentável, não poluente, agroecológica e acessível para população. A Regional de Saúde de Pernambuco concentra 21 municípios da Mesorregião do Agreste, com predominância de atividades econômicas relacionadas à indústria têxtil e à agricultura, principalmente agricultura familiar na microrregião de Garanhuns. Destes, 7 foram elencados para desenvolvimento de vigilância prioritárias para o monitoramento de riscos e danos à saúde visando planejar e executar ações específicas que dialoguem com a necessidade de cada região a partir do modelo de Vigilância em Saúde e Populações Expostas a Agrotóxicos. À vista disso, em 2024, a residência de Saúde Coletiva com ênfase em Agroecologia se tornou apoiadora das discussões referente a temática junto a Gerência Regional de Saúde. Este resumo tem como objetivo apresentar e contextualizar o relato de experiência sobre a oficina “Cuidados e alternativas ao uso de agrotóxicos” ministrada no 6º Seminário de Sementes Crioulas da Rede Sementes Crioulas do Agreste Meridional de Pernambuco. A SEMEAM trabalha no levantamento de demandas e na construção de ações coletivas para melhoria da agricultura familiar e a salvaguarda das Sementes Crioulas. Inicialmente, a atividade de educação em saúde foi discutida, planejada e organizada em reunião ordinária da Rede SEMEAM, que contempla agricultores, instituições agronômicas e de ensino técnico e superior. Nessa reunião, foi eleita a temática de caldas naturais e agroecologia em formato de oficina a ser vivenciada em parceria na programação do seminário, realizado no dia de 4 de abril de 2024, no município de Caetés/PE, já que seria um evento com maior alcance populacional. A oficina, que teve a participação de 25 pessoas entre agricultores, estudantes e técnicos, propôs apresentar a preparação de caldas naturais e incentivo à agroecologia como possibilidades de redução ao uso intensivo de agrotóxicos nos municípios, como também criar pontes entre as instituições agronômicas, as pessoas de referência em agroecologia dos territórios e os agricultores e agricultoras participantes. No dia, foram ensinados a preparar o controle biológico do mandarová, para lagarta da mandioca e cultivo de fungos para nutrição do solo por meio do arroz. Em seguida foram apresentadas possibilidades de estruturação de sistemas agroflorestais como forma de produção sustentável e adaptável ao tipo de cultivo, sejam tubérculos, hortaliças ou outros mais. Portanto, espera-se que esse primeiro debate seja a semente que fortaleça o diálogo entre saúde e o trabalho no campo, a partir da formação de parcerias em rede, no qual a agroecologia é meio de acesso à informação e capacitação territorializada, ou seja, a partir da realidade. Não obstante, foi importante a estruturação de laços entre pessoas e instituições que discutem a temática enquanto visualização da importância do trabalho intersetorial e ainda a participação popular no protagonismo do levantamento de suas problemáticas e apontamentos de soluções adequadas para suas vivências.