APRESENTAÇÃO: O presente resumo aborda a prática de integração ensino-pesquisa-extensão em comunidades remanescente quilombolas nas regiões de integração da Amazônia. A atividade foi proposta dentro da disciplina Atividade Integradora (A.I.) em Vigilância Ambiental no Curso de graduação em Saúde Coletiva da Universidade do Estado do Pará, e desenvolvido no quilombo Menino Jesus de Pitimandeua no município de Inhangapi, nordeste Paraense, onde hoje vivem cerca de 230 pessoas distribuídas em aproximadamente 55 famílias residentes na comunidade. A atividade teve duração de 4 meses, sendo realizada e consolidada entre agosto a novembro de 2023. Foi desenvolvida por discentes e docentes da Universidade do Estado do Pará, docentes da Universidade Federal do Pará e por parceria com a Secretaria de Estado de Cultura através do Museu do Histórico do Estado do Pará- MHEP. A atividade intitulada “Atividade Integradora: A Saúde Única no Contexto Amazônico” teve como objetivo desenvolver vivências no contexto da pesquisa científica a partir das necessidades que se apresentam no território paraense, a qual os discentes estão inseridos, destacando os aspectos socioculturais, econômicos e ambientais com ênfase na abordagem da saúde única. Através de iniciativas de Educação Popular em saúde, realizações de ações e serviços de saúde a fim de fomentar a promoção a saúde e a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis e transmissíveis que acometem a comunidade de Pitimandeua. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: O processo de construção da atividade “Atividade Integradora: A Saúde Única no Contexto Amazônico” aconteceu a priori com o contato com o líder da comunidade que informou as carências da população a partir de suas observações, onde ficou perceptível a dificuldade de acesso aos serviços na região e os problemas da comunidade, além disso, mostrou-se satisfeito em receber a ação e viabilizou espaço para que essa ocorresse. Após aceite da comunidade foram definidas as ações que seriam realizadas de acordo com o relato do líder e da proposta central da atividade, somente então, que ocorreram as pactuações entre as instituições para o fornecimento de insumo, EPIs, transporte para a equipe, entre outros materiais. As ações da atividade ocorram no dia 30 de novembro de 2023, das 8 às 14 horas, com aproximadamente 50 pessoas na equipe entre os quais profissionais da saúde, docentes, e discentes dos cursos de saúde coletiva e biomedicina, distribuídos nas diversas ações. A concentração da ação foi no barracão comunitário, ao chegar era realizado o acolhimento do usuário e este convidado a participava de uma roda de conversa sobre o tema Leishmaniose Visceral e Leishmaniose Tegumentar com foco na promoção e prevenção da doença, em seguida foi ofertado uma oficina de preparação de repelentes naturais como recuso de proteção contra a picada do mosquito, essa atividade foi de suma importância visto que a comunidade tem potencial para incidência da doença, nesse mesmo espaço também se realizou um roda de conversa sobre os cuidados quanto o contato com o barbeiro e a higienização adequado do fruto do açaí, que representa a base econômica da comunidade. Após essa atividade, os participantes passavam pela triagem clínica, realizada pelos discentes, onde era verificado para qual serviço seriam encaminhados, entre os serviços havia, aferição de pressão Arterial, glicemia, testagem rápidas, consultas com enfermeiro, médico e psicólogo. Todas as atividades propostas tiveram significativa adesão da comunidade. As ações externas ao centro comunitário, ocorreram na escola de educação infantil, nessa atividade foi oferecida educação popular em saúde com o tema da higiene bucal, a proposta foi uma conversa sobre a importância da escovação adequada e o cuidado alimentar, para isso, foi realizada a prática da escovação, onde as crianças puderam praticar a escovação assistida. Essa atividade se fez necessária devido a comunidade não possui o profissional odontólogo na equipe de saúde. Para encerramento das ações foram realizadas visitas domiciliares, onde a equipe foi coordenada pela assistente social docente da universidade, onde houve trocas de conhecimentos no contexto do manejo ambiental e sua importância para prevenção das leishmanioses e doença de chagas. Esta vivência foi de extrema valia para que os acadêmicos engajassem com a comunidade, a fim de trocar esses conhecimentos como forma de minimizar a vulnerabilidade sofrida por essa população. RESULTADOS: Como resultado das ações de educação popular em saúde tivemos o engajamento da comunidade nas atividades e a satisfação com os temas debatidos e os serviços ofertados. Os relatos informais apontaram para a carência desse tipo de ações no território, as dificuldades no acesso aos atendimentos de saúde ofertados pelo município o que compromete a continuidade do cuidado. Quanto aos serviços médicos e de testagens, um resultado muito pertinente foi o rastreamento realizado com os adultos e idosos, sendo identificados, portanto, casos suspeitos de hipertensão e diabetes, onde houve a solicitação do Monitoramentos Residencial de Pressão Arterial e de exames complementares para posterior encaminhamento a Unidade Saúde da Família de Inhangapi. Além desse, foi identificado casos de hipertensão e diabetes já diagnosticados, mas com o tratamento interrompido por falta de profissional e/ou medicamento no posto da comunidade. Os resultados dos atendimentos médicos alertaram para necessidade da inserção do profissional de saúde mental na estratégia de saúde da família da comunidade, em virtude da grande procura por esse atendimento durante a ação, totalizando 28 atendimentos de demanda espontânea. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Após os fatos mencionados, está evidente o quanto a realidade das comunidades quilombolas se revelou vulnerável em vários aspectos. Dentro desse contexto das necessidades emergentes, surgem a importância do fomento de projetos de extensão que possibilite o acadêmico uma formação para lidar com as condições de saúde para populações historicamente marginalizadas como a população quilombola. Nesse sentido, as Atividades Integradoras (A.I.) quando executadas dentro e fora da universidade, podem oferecer aos acadêmicos a oportunidade de aplicação da teoria e aprimoramento das técnicas práticas, além de possibilitar o reconhecimento do processo saúde-doença como parte indissociável do território. Portanto, foi de extrema importância fomentar ações de educação popular para a emancipação dessa população, uma vez que todas essas ações contribuíram para o fomento da interdisciplinaridade entre os diversos saberes como caminho para tomadas de decisões de problemas desse território. Além disso, quando se refere ao contexto amazônico, é imprescindível que a formação do profissional de saúde tenha essa troca de saberes populares e técnico-científicos, a aproximando da academia com as comunidades que compõem esse território e com suas práticas populares de cuidado.