PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA E A ATUAÇÃO MULTIPROFISSIONAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA VIVENCIADO DURANTE O ESTÁGIO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

  • Author
  • Felipe Braga Correa
  • Co-authors
  • Laura Rafaela Ferreira de Abreu , Michelly da Cruz Gonçalves , Keyla Tiago Pereira , Maria Eduarda da Silva Souza , Ana Carolina Cantuária de Assunção , Larissa Silva Araújo , Renê Silva Pimentel , Monica Karla Vojta Miranda
  • Abstract
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    Apresentação: A parada cardiorrespiratória (PCR) está dentre as emergências que ameaçam a vida, e se apresenta como a mais temida devido a sua sobrevida estar relacionada ao atendimento rápido, seguro e eficaz. Sendo assim, PCR é uma condição que é definida como cessação abrupta da função mecânica cardíaca, ocorrendo, consequentemente, a parada dos órgãos vitais devido a falta de oxigenação tecidual. Diante do exposto, durante uma PCR, a abordagem costuma se concentrar em duas principais situações: fibrilação ventricular (FV) e atividade elétrica sem pulso (AESP), também conhecida como dissociação eletromecânica (DEM). Ambas exigem uma resposta rápida e eficaz. Portanto, a abordagem inicial pode ser simplificada em desfibrilação para FV e investigação e tratamento das causas subjacentes para AESP, ou assistolia (que é uma forma extrema de AESP). Essa distinção é fundamental para orientar a equipe médica nas decisões de tratamento durante uma PCR. Neste cenário, o enfermeiro assume uma série de responsabilidades cruciais. Ele é frequentemente o primeiro a identificar uma parada cardiorrespiratória e a iniciar o suporte básico de vida (SBV), coordenando sua equipe até a chegada de outros profissionais. Além disso, é de responsabilidade do enfermeiro organizar o carrinho de parada, garantindo que as medicações necessárias, equipamentos e insumos estejam disponíveis de forma sistemática. Por se tratar de um evento de alta complexidade, a abordagem imediata dos profissionais de saúde é crucial para uma resposta positiva do paciente. Anualmente, em escala global, aproximadamente 8 milhões de pessoas sofrem PCR, com metade desses casos ocorrendo em indivíduos com menos de 65 anos de idade. Nessa circunstância a equipe multiprofissional precisa de eficiência e habilidade técnica, respaldada por conhecimento científico para agir com rapidez e eficiência. É crucial que os profissionais colaborem de maneira coordenada e harmoniosa, pois a colaboração em equipe é indispensável para alcançar o objetivo principal da assistência: a recuperação do paciente. Diante ao exposto, e considerando a importância de estudos voltados a parada cardiorrespiratória e a atuação da equipe multiprofissional em uma Unidade de Urgência e Emergência no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), este trabalho tem como objetivo norteador relatar a experiência de acadêmicos em aulas práticas em campo através de uma análise minuciosa acerca da atuação dos profissionais em casos de parada cardiorrespiratória. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo qualitativo e descritivo, do tipo relato de experiência, sobre a vivência de acadêmicos do 7º semestre do curso de Enfermagem em aulas práticas do componente curricular “Urgência e Emergência” em uma unidade de atendimento no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) no município de Santarém - Pará. A análise ocorreu por meio da observação e atuação diária, no período de 25 a 30 de abril de 2024, no turno noturno, acompanhados de uma preceptora docente da Universidade do Estado do Pará e da equipe do hospital composta pelos enfermeiros, técnicos em enfermagem, médicos e demais equipe multiprofissional. Resultados: Durante o estágio em campo, os acadêmicos puderam observar e presenciar na prática a atuação do profissional da enfermagem dentro da urgência e emergência, assumindo o papel assistencial e gerenciador especialmente em casos de parada cardiorrespiratória. Por conseguinte, os discentes do curso de Enfermagem tiveram a oportunidade de presenciar e explorar a análise de uma paciente idosa com múltiplas condições crônicas, elencando cada etapa de sua trajetória, desde a admissão e o decorrer de seus agravos motivados por um itinerário hospitalar com uma série de eventos médicos e intervenções complexas que ilustram os desafios enfrentados por indivíduos com circunstâncias crônicas severas em situações de emergência até o seu óbito. A vista disso, a paciente em questão, uma idosa diabética e hipertensa com histórico de doença renal crônica, foi admitida para amputação do segundo dedo do pé esquerdo devido a isquemia grave. Porém, a gravidade de sua condição exigia também a necessidade de um tratamento hemodialítico, demonstrando a complexidade de suas necessidades de saúde. De acordo com seus antecedentes, após a amputação, a paciente foi transferida para a UTl para monitoramento intensivo, com foco em estabilizar sua condição e prevenir futuras complicações. Dessa forma, foram implementados cuidados de suporte hemodinâmico e respiratório, além de ajustes nutricionais. Apesar dos esforços, a enferma enfrentou complicações significativas, como a deterioração de sua condição vascular, resultando em uma amputação maior do membro inferior esquerdo. Logo, com a melhora clínica a paciente foi submetida a transferência para a clínica médica e posteriormente teve alta hospitalar. No entanto, o estado da paciente piorou devido às suas condições crônicas e múltiplas complicações, falhas nos acessos venosos e a necessidade de intervenções de emergência impactaram significativamente seu estado geral, dando entrada no setor de Urgência e Emergência da unidade hospitalar. A partir disso, foram constatadas uma sequência de eventos críticos incluindo paradas cardiorrespiratórias e falhas múltiplas de órgãos, necessitando, assim, de intervenções de ressuscitação e esforços contínuos da equipe multiprofissional. Destaca-se ainda que durante todo o episódio a equipe realizou a distribuição dos elementos principais para a manutenção da sobrevida da paciente como a ventilação, compressão torácica, anotador de medicamentos e de tempo, manipulação dos medicamentos. Em suma, a comunicação entre os profissionais presentes foi crucial para a tomada de decisões e alinhamentos de intervenções com o intuito de garantir a estabilidade, todavia, apesar das manobras utilizadas, recursos medicamentosos e intervenção multiprofissional, a paciente em questão não obteve recuperação da oxigenação e perfusão cerebral, que é a viabilidade neurológica para o prognóstico da vítima levando-a ao óbito após quatro paradas. Considerações finais: A atuação da equipe multiprofissional durante episódios de PCR é de suma importância, destacando-se a necessidade de capacitação e atualização constante dos profissionais para possibilitar reanimações rápidas e eficazes. O conhecimento técnico-científico sobre as técnicas corretas e intervenções mencionadas é fundamental para aumentar a expectativa de vida dos pacientes. A organização e a comunicação dentro da equipe são essenciais para garantir a eficácia do cuidado, principalmente em casos de reanimação. Assim, a sistematização do atendimento em pacientes com PCR é essencial para nortear as ações dos profissionais, permitindo uma intervenção adequada e integral, garantindo uma assistência holística e humanizada. Estágios em campo voltados para pacientes críticos são fundamentais no âmbito acadêmico, pois fortalecem a ligação entre a teoria científica e a prática vivenciada, contribuindo significativamente para o desenvolvimento e aprendizado dos futuros profissionais de saúde.

     

  • Keywords
  • Emergências, Serviço Hospitalar de Emergência, Parada Cardíaca.
  • Subject Area
  • EIXO 2 – Trabalho
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