Apresentação - É comum as práticas religiosas serem acessadas pelos familiares de pacientes durante o processo de adoecimento, sobretudo em internações atípicas em unidades de terapia intensiva (UTI) como as que aconteceram no período pandêmico recente - da COVID-19-. Porém, diferente do que se acredita, após a morte do internado, os familiares não desacreditam de suas religiões ou credos, logo, mantêm suas práticas religiosas. Objetivo - Compreender as práticas religiosas utilizadas pelos familiares no processo de luto. Método - Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de natureza descritiva-exploratória, realizada com familiares de paciente internados na UTI COVID do Hospital Universitário de Santa Maria. A coleta de dados ocorreu de junho de 2022 a fevereiro de 2023, por meio de entrevista semiestruturada aplicada a 12 famílias que atenderam aos critérios de inclusão e exclusão, totalizando 15 participantes. A análise de dados pautou-se no referencial teórico-metodológico preconizado pela Teoria Fundamentada nos Dados. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa ante Parecer CEP nº 5.346.454. Resultados: A categoria “Mantendo práticas religiosas no luto”, concerne às estratégias de cunho religioso que foram adotadas e/ou preservadas após a morte da pessoa adoecida por COVID, demonstrando que os familiares buscaram manter suas práticas religiosas, seja frequentando o centro religioso, seguindo com o hábito de fazer orações, seja indo à igreja ou ao túmulo onde a pessoa foi sepultada, assim como realizando lives de louvor a Deus via facebook. Manter tais práticas serviu de estratégia para assegurar o equilíbrio e deixar o cotidiano mais confortável, fortalecer e unir os membros da família e, também, como uma forma de obter informações espirituais do familiar falecido. Assim sendo, preservar as práticas religiosas colaborou para lidar com o difícil contexto da perda e para o fortalecimento da religiosidade e espiritualidade, o que fez diferença para melhorar o enfrentamento do luto. Considerações finais: Compreender as estratégias religiosas utilizadas para enfrentar o pós-morte de familiares que faleceram em UTI COVID possibilita que os profissionais da saúde reconheçam, desde a internação, aspectos relacionados à religiosidade como importante para os familiares, bem como se sensibilizem para respeitar cerimônias e rituais durante a preparação do corpo. Assim, garantir que a religiosidade das pessoas seja preservada é uma forma de ajudá-los a suportar a dor do luto e prosseguir com suas vidas e preservar a saúde física, mental e espiritual.
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