PRESENÇA DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS EM PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS

  • Author
  • Sara Alves Monteiro
  • Co-authors
  • Orácio Carvalho Ribeiro Junior
  • Abstract
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    Apresentação: Os transtornos mentais estão entre os principais problemas de saúde que impactam os docentes. Embora não estejam diretamente ligados à mortalidade, podem resultar em incapacidades graves e permanentes, levando a uma redução significativa na qualidade de vida dos indivíduos. Além disso, geram um alto custo social e econômico, sendo a terceira causa mais comum para concessão do benefício de auxílio-doença por incapacidade laborativa no Brasil. Os Transtornos Mentais Comuns (TMC), que englobam sintomas como depressão, ansiedade e transtornos somatoformes, como insônia, nervosismo, dores de cabeça, fadiga, irritabilidade, esquecimento, dificuldade de concentração e queixas somáticas inespecíficas, representam uma parcela significativa desses transtornos. Entre eles, a depressão e a ansiedade são os mais prevalentes e têm grandes impacto na saúde pública, dada a sua frequência na população em geral. Os transtornos mentais têm um impacto negativo na satisfação com a vida e na qualidade de vida, e, devido à incapacidade que podem causar, representam um alto custo social e econômico, resultando em dias perdidos de trabalho e aumento na demanda por serviços de saúde. Profissionais que têm contato direto com o público, como os da educação e da saúde, estão especialmente expostos aos riscos psicossomáticos. Entre os docentes, os transtornos mentais são uma das principais preocupações de saúde. As mudanças na tecnologia, no sistema educacional e nas formas de organização do trabalho, com cargas de trabalho extenuantes, estão alterando a rotina dos professores. Isso os coloca em uma condição de maior vulnerabilidade ao sofrimento e ao adoecimento. Embora a nova configuração do trabalho do professor universitário possa trazer satisfação, também pode ser fonte de estresse adicional. Estresse e insatisfação estão intimamente relacionados, pois os estressores no trabalho contribuem para a insatisfação, aumentando, por sua vez, os níveis de estresse. Além das responsabilidades tradicionais de ensino, avaliação e orientação de alunos, os professores também devem buscar financiamento para projetos, publicar trabalhos acadêmicos, participar de reuniões e comissões, além de cumprir prazos e realizar uma série de outras tarefas. Muitas vezes, falta tempo para que os professores consigam cumprir todas essas demandas. Dois estudos nacionais abordaram a síndrome de burnout em professores universitários, caracterizada como uma resposta ao estresse ocupacional contínuo e acumulado. Em uma universidade privada da região Centro-Oeste, foi observado que a percepção de injustiça na distribuição de recursos pode levar os professores à exaustão emocional, especialmente quando não há comprometimento por parte da instituição. Em outro estudo nacional, os níveis de burnout foram avaliados entre professores de uma universidade particular envolvidos em atividades de ensino, pesquisa e extensão. Neste estudo, os professores localizados nos Centros de Saúde e no Centro de Ciências Humanas apresentaram níveis mais elevados de burnout, especialmente em relação à exaustão emocional, em comparação com colegas dos Centros de Ciências Exatas e do Centro de Ciências Jurídicas. Um estudo realizado no Reino Unido investigou a associação entre estressores no trabalho e transtornos mentais entre os trabalhadores de uma universidade, que apresentaram uma maior incidência de ansiedade e depressão em comparação com a população em geral. Demandas excessivas, esforço e comprometimento no trabalho, juntamente com baixa resiliência, foram associados a níveis elevados de depressão, ansiedade e baixa satisfação no trabalho. Nos últimos anos, houve uma expansão significativa do ensino universitário em instituições privadas no Brasil, acompanhada de uma mudança no papel do professor para atender às expectativas e necessidades da sociedade contemporânea, que exigem uma ampla gama de habilidades além do mero acúmulo de conhecimento. Portanto, é necessário realizar novos estudos em contextos específicos para compreender os efeitos dos estressores no trabalho na saúde dos professores. O objetivo deste estudo foi descrever a presença transtornos mentais comuns entre os docentes universitários. Método de Estudo: Trata-se de um estudo transversal, com abordagem quantitativa que buscou detectar a presença de Transtorno Mental Comum entre docentes universitários vinculados a uma Instituição de Ensino Superior pública situada em Manaus. A coleta dos dados ocorreu de forma remota, com aplicação de instrumento, que permitiu avaliar as condições sociodemográficas e a presença de TMC. Os dados foram organizados no pacote Excel, e posteriormente a análise foi realizada no Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). As variáveis categóricas foram apresentadas em tabelas contendo frequências absolutas (n) e relativas (%). Assim como a regressão logística foi calculada considerando intervalo de confiança de 95% e P-valor 0,05. O estudo foi precedido de projeto que foi avaliado por um Comitê de Ética e Pesquisa (CEP), tendo parecer aprovado conforme CAAE 54136821.7.0000.5020, e à luz da Resolução 466/2012. Resultados esperados: Dos 94 participantes, a maioria eram mulheres (66%), na faixa etária ?50 anos (63,8%), casadas (64,9%), com filhos (64,9%), sendo 2 (53,2%). A maior parte era docente (55,3%), com baixa percepção da sua condição de saúde (51,1%), apresentando peso aumentado (60,6%) e risco metabólico elevado (55,3%). Na comparação entre os grupos, os participantes com TMC (40,4%), eram os que tinham 3 dependentes de renda [60,5%, (p=0,011)]. A presença de transtornos mentais comuns, como ansiedade, depressão e estresse, é uma preocupação significativa entre os professores universitários. Esses profissionais enfrentam uma série de desafios em seu trabalho que podem contribuir para o desenvolvimento desses transtornos. Algumas razões para a prevalência desses transtornos entre os professores universitários incluem: Os professores universitários frequentemente enfrentam uma carga de trabalho intensa, que inclui preparação de aulas, correção de trabalhos e exames, orientação de estudantes, além de atividades de pesquisa e extensão. Essa sobrecarga pode levar ao estresse crônico e ao esgotamento. A competição por financiamento de pesquisa, publicações em revistas científicas de alto impacto e o alcance de metas institucionais podem criar uma pressão intensa sobre os professores universitários. O medo de não atender às expectativas acadêmicas e profissionais pode contribuir para a ansiedade e a depressão. O ambiente acadêmico muitas vezes é altamente competitivo, com pressão para obtenção de financiamento, publicação de artigos e conquista de reconhecimento acadêmico. Essa competição pode gerar estresse adicional e sentimentos de inadequação. Muitos professores universitários enfrentam a insegurança no emprego devido à natureza temporária ou precária de seus contratos. A incerteza em relação à estabilidade profissional pode contribuir para a ansiedade e a preocupação com o futuro. O desafio de conciliar as demandas do trabalho com as responsabilidades familiares e pessoais pode ser especialmente difícil para os professores universitários. A falta de tempo para cuidar de si mesmo e para atividades de lazer pode aumentar o estresse e a sobrecarga emocional. A falta de apoio institucional para lidar com questões relacionadas à saúde mental, como programas de assistência ao empregado e políticas de bem-estar no local de trabalho, pode deixar os professores universitários sem recursos para lidar com o estresse e os desafios emocionais. Considerações Finais: É importante que as instituições de ensino superior reconheçam esses desafios e implementem medidas para apoiar a saúde mental dos professores universitários. Isso pode incluir o fornecimento de recursos e programas de apoio psicológico, treinamento em habilidades de gestão do estresse, promoção de um ambiente de trabalho saudável e equilibrado, e a implementação de políticas que promovam o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Além disso, é fundamental combater o estigma em torno da saúde mental e promover uma cultura de apoio e compreensão dentro das instituições de ensino superior.

     

  • Keywords
  • Saúde Mental, Saúde do Trabalhador, Transtornos mentais comuns, Docentes Universitários, Qualidade de Vida.
  • Subject Area
  • EIXO 2 – Trabalho
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