No Brasil, os serviços de saúde mental são dispostos na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), baseados na Política Nacional de Saúde Mental (PNSM) e nas recomendações da Organização Mundial da Saúde descritas no Plano de Ação Global para a Saúde Mental 2013-2030. No intuito de promover a saúde mental, prevenir os riscos e alcançar uma cobertura universal, os serviços especializados chamados de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são como porta de entrada e um ponto estratégico dentro da rede, após a reestruturação do modelo assistencial na Reforma Psiquiátrica. Dentre as diretrizes da PNSM encontra-se a expansão e qualificação do CAPS. Neste cenário, este trabalho teve como objetivo identificar a capacidade de abrangência dos CAPS no Brasil. Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo e análise quantitativa, tendo como recorte o sistema de saúde brasileiro no período de janeiro de 2017 a dezembro de 2023. Na identificação da quantidade de CAPS foram observados os registros no Sistema de Cadastro de Estabelecimentos de Saúde (SCNES). A cobertura dos CAPS por Região foi utilizada nos dados populacionais de 2022 do Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE) e calculado por 100 mil habilitantes. Nos painéis de apoio à gestão na plataforma web do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) foram visualizados os indicadores, a produção de serviços e o provimento profissional relacionados à saúde mental, tendo a última atualização em 16 de abril de 2024. Observou-se um aumento de 82,4% de estabelecimentos CAPS no SCNES e aumento na quantidade de atendimentos de 2,83 mi em 2017 para 4,78 mi em 2023. Destaca-se as regiões Nordeste (2,07) e Sul (1,76), as quais apresentam a cobertura de CAPS/100 mil habitantes maior que a média nacional (1,67). Em relação ao perfil foram 53,38% dos atendimentos do sexo masculino e em 2023 foram 49,77%, com predomínio da faixa etária de 19-59 anos com valores acima de 70% e a maioria de pessoas pardas e brancas. O CID F99 (transtorno mental não especificado em outra parte) e o CID F20 (esquizofrenia) foram predominantes, sendo que anteriormente foram o CID F20 e o CID F200 (esquizofrenia paranóide). Quanto à origem, os atendimentos foram provenientes em sua maioria dos serviços de urgência (>50%), seguidos dos serviços de atenção básica (<50%). Quanto ao destino, observou-se percentuais acima de 90% dos clientes permaneceram em acompanhamento e as altas administrativas foram abaixo de 2%. E por último, quanto ao procedimento, houve predomínio do atendimento individual. O fortalecimento da PNSM brasileira foi identificado pela evolução da quantidade de estabelecimentos de CAPS, facilitando o acesso aos cuidados em saúde mental. Também, denota-se pela quantidade de atendimentos registrados. No entanto, há ainda um desafio em relação à promoção e prevenção, pois a maioria dos atendimentos eram provenientes de urgências e baixíssimas altas.