A leptospirose é uma doença bacteriana causada pela bactéria Leptospira, comumente transmitida pela exposição direta ou indireta à urina de animais infectados, principalmente roedores. A contaminação pode ocorrer através de contato com a pele lesionada, imersão prolongada em água contaminada ou por meio de mucosas. O período de incubação varia de 1 a 30 dias, geralmente manifestando-se entre 7 a 14 dias após a exposição a situações de risco. No contexto das enchentes no Rio Grande do Sul (RS), a leptospirose torna-se uma preocupação significativa devido ao aumento do contato humano com água contaminada durante as inundações. Infelizmente, os números já refletem as consequências desse cenário preocupante. Até o momento, foram registradas 16 mortes relacionadas à leptospirose no Estado, além de 4.238 casos notificados e 242 casos confirmados, de acordo com o boletim publicado no site da Secretaria da Saúde do RS (SES), no dia 11/06/2024. Esses números evidenciam a urgência de medidas eficazes para lidar com a situação e proteger a saúde da população, trabalhadores e voluntários. De acordo com a Nota Técnica no 16/2024 CGZV/DEDT/SVSA/MS, reitera-se que o Ministério da Saúde (MS) não recomenda o uso de quimioprofilaxia como medida de prevenção em situações de exposição em massa de população devido a falta de evidências científicas sobre os benefícios e riscos associados ao uso em larga escala para uma grande parte da população afetada. Em contrapartida, a Nota Técnica conjunta da Sociedade Brasileira de Infectologia, Sociedade Gaúcha de Infectologia e SES, recomendam o uso da quimioprofilaxia em grupos prioritários, como: equipes de socorristas e voluntários envolvidos em operações de resgate, que estejam expostos prolongadamente a água da enchente, especialmente quando os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) não foram capazes de evitar a exposição completa e indivíduos que estiverem em contato prolongado com água de enchente, sujeitos a uma avaliação médica criteriosa do risco associado a essa exposição. Nesse contexto, a notificação compulsória desempenha um papel importantíssimo possibilitando a implementação de medidas de controle e prevenção adequadas. Além disso, a Atenção Primária à Saúde (APS), constituída como coordenadora e ordenadora do cuidado e principal porta de entrada para o Sistema Único de Saúde, desempenha um papel fundamental na prevenção e no controle da doença, tendo a responsabilidade de educar a população sobre os riscos da doença, orientar sobre medidas preventivas, identificar casos e iniciar tratamento adequado, garantindo uma resposta abrangente e coordenada para proteger a saúde de todos.