O “isolamento absoluto” de mulheres que fazem sexo com mulheres no pensar em saúde sexual: uma revisão integrativa.

  • Author
  • Myrian Giovanna Viana Lourenço
  • Co-authors
  • Cristiane Ribeiro da Silva Castro
  • Abstract
  • O debate sobre os direitos sexuais das mulheres evidenciou a importância de garantir a livre expressão de sexualidades plurais, sem riscos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Mas, no que tange às mulheres que fazem sexo com mulheres, é importante comentar que os dispositivos destinados à prevenção das ISTs são improvisações pouco práticas, o que implica o não uso destes instrumentos de proteção e, consequente, exposição ao risco de infecções. Este cenário reflete os processos históricos de apagamento da sexualidade feminina e suas necessidades, inclusive, no âmbito da saúde, principalmente no que diz respeito às práticas não heteronormativas. Tendo isso em vista, esse trabalho tem objetivo de evidenciar a situação de exposição de mulheres que fazem sexo com mulheres ao risco de infecções sexualmente transmissíveis, devido à ausência de ferramentas de proteção específicas. Para isso, realizou-se uma revisão sistemática de literatura elaborada a partir de estudos publicados nos últimos dez anos nas bases de dados Scielo, Google Acadêmico, LILACS e Medline - Pubmed. Foram utilizados os descritores Mulheres que Fazem Sexo com Mulheres, Infecções Sexualmente Transmissíveis, Prevalência e Incidência. Foram encontrados 2.350 artigos, mas, destes, 31 foram selecionados para esta revisão após a leitura dos títulos e resumos e, por fim, apenas 11 foram incluídos após a leitura integral dos textos, depois da aplicação dos seguintes critérios de inclusão: estudos epidemiológicos - transversais, casos-controle, coortes e ensaios clínicos, que analisaram a vulnerabilização de mulheres que fazem sexo com mulheres às ISTs, completos e com acesso gratuito nos idiomas português, inglês e espanhol, publicados nos últimos dez anos. Revisões de literatura, estudos de caso, relatórios de pesquisa, documentos governamentais e literatura cinzenta foram excluídos. De acordo com as informações obtidas, as mulheres que fazem sexo com mulheres apresentam-se vulnerabilizadas, expostas a infecções sexualmente transmissíveis, principalmente devido ao uso inconsistente de preservativos ou métodos de barreira, pois os supostos métodos de prevenção existentes não seriam próprios ou pensados para relações sexuais entre mulheres. Depois, observou-se que há um consenso nos estudos encontrados sobre o desconhecimento acerca de infecções transmitidas durante o sexo entre mulheres, o que reflete uma falta de percepção de risco de se infectar e uma inoperância no sentido de reverter esse cenário, visto que a desinformação sobre o assunto também alcança os profissionais da saúde e, com isso, se estabelecem dificuldades de pensar formas de prevenção e cuidado em saúde específicos. Além disso, foi identificada alta prevalência de alterações da microbiota vaginal compatíveis com vaginose bacteriana e de infecções pelo HPV, Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoea e HIV. Observou-se que o desconhecimento sobre ISTs, a não realização de testagens regulares e histórico de relação sexual com homens são fatores apontados como associados a maiores chances de ocorrência de ISTs. Então, é evidente a necessidade de repensar as práticas de saúde a fim de contemplar este grupo de pessoas nos processos de cuidado e assegurar a materialização do direito à expressão da sexualidade, sem riscos de ISTs.

  • Keywords
  • Minorias sexuais e de gênero, Mulheres que fazem sexo com mulheres, Infecções sexualmente transmissíveis, Prevalência.
  • Subject Area
  • EIXO 6 – Direito à Saúde e Relações Étnico-Raciais, de Classe, Gênero e Sexualidade
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