Apresentação: O processo de crescimento e desenvolvimento na infância é multifatorial e complexo, já que envolve vários aspectos, como crescimento, maturação neuromotora e do sistema respiratório, relacionados à aprendizagem, aquisições motoras, linguagem e os determinantes psicossociais. Para fins de conceituação, o período neonatal de 0 a 28 dias de vida, primeira infância de 29 dias a 2 anos de vida, pré-escolar de 02 a 06 anos, escolar de 07 a 09 anos, e adolescência de 10 aos 19 anos, com pequenas variações, de acordo com a instituição nacional ou internacional que define tais delimitações de idade as faixas etarias ora descritas. Devido às especificidades de cada faixa etária considerada na infância, os pontos de atenção da rede pediátrica e os profissionais envolvidos devem considerar as particularidades anatômicas, fisiológicas e do desenvolvimento infantil, pois nessa fase os indivíduos apresentam condições clínicas e necessidades diferenciadas quando comparados ao adulto. A internação hospitalar é um processo que acarreta diversas implicações e que influencia de maneira integral o paciente resultando em alterações em sua rotina como a necessidade de passar por procedimentos médicos, o distanciamento do seu convívio familiar e de pessoas significativas em sua vida. A hospitalização é uma experiência desafiadora para qualquer pessoa, mas para crianças, pode ser especialmente angustiante, traumática e causar um grande abalo emocional. Dentre as potenciais modificações resultantes da hospitalização, merecem ênfase a modificação do ambiente para aquela criança, ou seja, o próprio espaço da assistência à saúde e os profissionais que cuidarão daquela criança já causam sentimentos de medo e de estranhamento para o paciente hospitalizado. Além disso, outro fator emergente relacionado à internação infantil é a interrupção de atividades recreativas no
setor hospitalar, o que reflete no processo de desenvolvimento desta criança. O brincar desempenha um papel crucial no desenvolvimento infantil, promovendo não apenas diversão, mas também aspectos essenciais de crescimento e aprendizado. Dentro do ambiente hospitalar, o ato de brincar assume uma importância terapêutica significativa, proporcionando às crianças hospitalizadas benefícios emocionais, cognitivos, sociais, competências motoras, relaxamento e compreensão da situação presente. Desta forma, a humanização na ala pediátrica é de suma importância para a promoção de um ambiente mais acolhedor e de maior autonomia aos usuários juntamente com a criação de vínculos entre colaboradores e pacientes, sendo a palhaçoterapia uma abordagem terapêutica para o ambiente hospitalar pediátrico. Assim, este estudo tem por objetivo descrever as experiências de acadêmicos de enfermagem da Universidade do Estado do Pará, campus de Altamira, no desenvolvimento do método lúdico palhaçoterapia para melhorar a ambientação da enfermaria pediátrica do Hospital Geral de Altamira. Descrição da Experiência: A ação foi precedida e balizada por um projeto de intervenção escrito pelos acadêmicos, sob orientação da professora responsável pela disciplina de Psicologia do desenvolvimento e da Saúde. Inicialmente, a ação buscou envolver ativamente as crianças por meio de atividades lúdicas, com os membros organizadores trajados de palhaços. A primeira atividade consistiu na apresentação do teatro de fantoches, intitulado "A Magia da Higiene para a Saúde", que destacou a importância da higiene para o bem-estar e saúde. Após a apresentação, foi conduzida uma dinâmica que incorporou música, dança e brincadeiras, com o propósito de criar um ambiente mais acolhedor. Posteriormente, foram distribuídas ilustrações de desenhos impressos, proporcionando às crianças a oportunidade de colorir, estimulando sua criatividade e oferecendo entretenimento. Efeitos percebidos decorrentes da experiência: Nesta ação foi possível observar a contribuição da palhaçoterapia para a humanização das crianças hospitalizadas, como um suporte emocional, uma vez que houve participação e interação dos pacientes da ala pediátrica em atividades lúdicas como o teatro de fantoches e brincadeiras dançantes, trazendo um acalento em um momento angustiante que é a internação, auxiliando em sentimentos de isolamento e ansiedade, potencializando a imaginação das crianças e auxiliando em seu bem-estar durante o período de internação. Além disso, as atividades desenvolvidas envolveram os pais e ou responsáveis pelas crianças, que puderam ser empoderados com as estratégias de como conduzir a adoção de medidas terapêuticas diante da criança acometida por algum agravo, de modo que possa ocorrer a adesão da criança ao processo de cuidado, uma vez que ela não percebe o medo que acompanha o processo terapêutico. Isto é importante a medida em que não retarda o início do cuidado em pediatria, mitigando ao máximo os traumas inerentes ao processo de cuidado com a criança, tanto no domicílio, como no ambiente hospitalar. Na perspectiva acadêmica, o projeto de intervenção e a ação resultante do mesmo, permitiu aos acadêmicos uma melhorar aquisição dos objetivos de aprendizado propostos na disciplina, uma vez que permitiu o cumprimento do eixo norteador do projeto pedagógico do curso, alicerçado na metodologia da problematização, que por sua vez, propõe caminhos de aprendizagem que partam de uma realidade primária, para esta mesma realidade, numa perspectiva secundária, uma vez que o objetivo e transformar al algum grau os problemas percebidos, tanto nos aspectos estruturais, como funcionais. Esse método parte do pressuposto ação-reflexão-ação, base para o desenvolvimento das competências para a formação de enfermeiros nos Brasil, e em consonância com as diretrizes curriculares nacionais para os cursos de enfermagem propostas pelo Conselho Nacional de Educação que se baseiam na Lei federal sobre as diretrizes e bases para a educação nacional. Todos estes pontos, alinhados com o que se espera de um enfermeiro de acordo com os órgãos de representação da classe, como a Associação Brasileira de Enfermagem e o Conselho Federal de Enfermagem. Considerações finais: A internação é uma experiência traumatizante e angustiante, principalmente para crianças, pois elas sentem mais os seus efeitos devido a mudança de rotina. A palhaçoterapia foi um instrumento de humanização do cuidado com crianças hospitalizadas, que cumpriu seu principal objetivo que é promover, através do lúdico, a amenização das experiências do processo de internação na clínica pediátrica. Por fim, a luz da experiência exitosa ora apresentada, é salutar a reflexão sobre a necessidade de investimentos em brinquedotecas e visitas lúdicas nas unidades de internação pediátrica, pois, a experiencia da internação por si só é estressante e traumatizante, principalmente para o público infantil, portanto, a adequação e humanização desses espaços de atenção à saúde são extremamente necessárias, pois, trazem benefícios para todos os entes envolvidos: para as crianças a mitigação dos traumas relacionados ao processo de internação, para os país, a possibilidade de modificação no modo de agir diante da criança adoecida, para a instituição, a credibilidade enquanto espaço de atenção em pediatria, a diminuição de sobrecarga emocional para os profissionais de atuam nestes espaços, a redução de consumo de materiais, e, a redução da degradação ambiental, em um momento em que o Brasil e vários países do mundo se propõem a modificar para melhor a qualidade de vida e saúde das populações no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que em 2030 serão postos em relatório sobre o alcance das metas pactuadas.